terça-feira, 24 de março de 2020

EUROPA TEM O INVERNO MAIS QUENTE JÁ REGISTRADO.

Europa tem o inverno mais quente já registrado


O inverno passado foi de longe o mais quente já registrado para a Europa, de acordo com o Serviço de Mudança Climática do Copernicus / ECMWF . Foi o segundo fevereiro mais quente do mundo e da Europa.
Anomalia na temperatura do ar da superfície em fevereiro de 2020 em relação à média de fevereiro para o período 1981-2010
Anomalia na temperatura do ar da superfície em fevereiro de 2020 em relação à média de fevereiro para o período 1981-2010. Fonte de dados: ERA5. Crédito: Copernicus Climate Change Service / ECMWF.
De dezembro de 2019 a fevereiro de 2020, houve um clima ameno persistente na Europa, principalmente no norte e leste. A temperatura média foi quase 1,4 ° C mais alta que a do inverno mais quente anterior, 2015/16 (quando houve forte El Niño) e 3,4ºC acima da norma 1981-2010.
As temperaturas de fevereiro estavam mais acima da média em uma grande região que cobre grande parte da Europa, Sibéria e Ásia Central e na Antártida Ocidental, enquanto estavam mais abaixo da média no norte do Alasca. O mês foi 0,8 ° C mais quente que o fevereiro médio de 1981-2010, tornando-se o segundo fevereiro mais quente deste registro de dados, cerca de 0,1 ° C mais frio que fevereiro de 2016 e 0,1 ° C mais quente que fevereiro de 2017.
As anomalias de temperatura na Europa são geralmente maiores e mais variáveis que as anomalias globais, especialmente no inverno, quando podem mudar vários graus de um mês para o outro. A temperatura média europeia em fevereiro de 2020 foi particularmente alta. O mês foi: 3,9 ° C mais quente que o fevereiro médio no período 1981-2010.
Foi o mês de janeiro mais quente já registrado, tanto na Europa quanto no mundo.
Os detalhes estão disponíveis aqui
Informe da World Meteorological Organization (WMO), com edição e tradução de Henrique Cortez, EcoDebate.

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 06/03/2020

"UMA DÉCADA PERDIDA":O TEMPO RESTANTE PARA AÇÃO CLIMÁTICA ENCOLHEU DOIS TERÇOS EM 10 ANOS.

‘Uma década perdida’: o tempo restante para a ação climática encolheu dois terços em 10 anos




Aquecimento global
Imagem: WMO

“Uma década perdida.” É assim que a década passada é chamada por causa da ação política insuficiente sobre as mudanças climáticas.

Isso significa que as nações devem agora fazer quatro vezes o trabalho – ou fazer o mesmo trabalho em um terço do tempo – para cumprir o pacto climático que fizeram em Paris.
Por Wageningen University & Research*
Estas conclusões de Niklas Höhne (NewClimate Institute em Colônia e Wageningen University & Research) e colegas internacionais em um “Comentário” na natureza são baseadas na síntese de todas as dez edições do Emissions Gap Report produzido pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).
A cada ano, nos últimos dez anos, o Relatório de Gaps de Emissões examina a diferença (o “hiato”) entre o que os países se comprometeram a fazer individualmente para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e o que precisam fazer coletivamente para cumprir as metas de temperatura acordadas.

Reduzir para metade as emissões globais em 10 anos para 1,5 ° C

Höhne e co-autores descobrem que os cortes de emissões exigidos de 2020 a 2030 são agora mais de 7% ao ano, em média, para o limite de temperatura de 1,5 ° C estabelecido em Paris e 3% para 2 ° C. Se uma ação climática séria tivesse começado em 2010, os cortes necessários para atingir os níveis de emissão de 2 ° C teriam sido de 2% ao ano, em média. A janela de tempo para reduzir pela metade as emissões globais também diminuiu: hoje são 10 anos para 1,5 ° C e 25 anos para 2 ° C; seriam 30 anos em 2010. “A diferença é tão grande que governos, setor privado e comunidades precisam mudar para o modo de crise, tornar suas promessas climáticas mais ambiciosas e se concentrar em ações agressivas e precoces”, escrevem os autores.

Poucas histórias de sucesso em 76 países ou regiões

Alguns países, regiões, cidades e empresas prometeram ou implementaram ações climáticas urgentemente necessárias. Por exemplo, 76 países ou regiões e 14 regiões ou estados subnacionais estabeleceram ou mesmo implementaram metas de emissões líquidas de zero. Fechar a lacuna exigirá ampliar essas poucas histórias de sucesso e espelhá-las com o progresso em todos os setores, concluem os autores.
Referência:
Emissions: world has four times the work or one-third of the time
New synthesis shows what a wasted decade means for the climate pact made in Paris.
http://dx.doi.org/10.1038/d41586-020-00571-x

* Tradução e edição de Henrique Cortez, EcoDebate.
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 06/03/2020

BRASILEIROS EVITAM TOMAR VACINA...

Brasileiros evitam tomar vacinas, mas imunização é importante para evitar complicações com doenças como a gripe e pneumonia




vacinação
Foto: EBC

De acordo com um levantamento feito pela GlaxoSmithKline (GSK), 64% dos brasileiros adultos não estão com a caderneta de vacinação em dia.

Por Renato Lopes
Porém, 89% da população tem conhecimento da importância da imunização para prevenir doenças, mas um terço (33%), afirma que “não sabe muito bem” quais são as vacinas indicadas para a sua idade.
A facilidade em compartilhar informações de forma rápida hoje em dia fez com que muitas pessoas acreditassem em mensagens falsas divulgadas em aplicativos de celulares, que afirmam que as vacinas podem causar alguns efeitos colaterais ou até mesmo agravar o problema.
Toda vacina passa por diversos testes laboratoriais antes de ser disponibilizada para a população”, explica o Dr. Jairo Cardoso, farmacêutico responsável pelo serviço de vacinação do Laboratório Rocha Lima. Além do receio em ter alguma complicação após a vacinação, outros fatores contribuem para que as pessoas evitem colocar a caderneta de vacinas em dia como a falta de tempo por conta da rotina atarefada do dia a dia.
Muita gente pensa que a imunização é algo importante apenas nos primeiros anos de vida e na infância, então a taxa de adesão na fase adulta é muito baixa, e como atualmente as pessoas estão vivendo cada vez mais, é fundamental se cuidar”, ressalta Cardoso. Outro ponto importante é que quando a pessoa é imunizada, ela acaba protegendo de forma indireta quem não pode tomar vacina, seja por utilizar algum medicamento ou por conta de alguma doença.
Gripe: 796 mortes em 2019
A cada ano as vacinas contra a gripe contém uma composição diferente que varia de acordo com os vírus mais frequentes. Mesmo com o empenho do governo em realizar campanhas de conscientização, em 2019, 796 pessoas morreram e 3.430 foram infectados somente com o H1N1. A campanha de vacinação contra a gripe costuma ser em abril, porém, esse ano, com o objetivo de evitar que os serviços de saúde fiquem sobrecarregados, a campanha será em março com o objetivo de evitar o avanço do coronavírus.
Apesar de parecer simples, a gripe possui diversas variações de vírus, e pode trazer complicações gravíssimas e até levar a óbito”, diz Jairo. A vacina contra a gripe são trivalentes, ou seja, imunizam contra três tipos de vírus. É importante lembrar que é necessário se vacinar todo ano, já que o vírus sofre mutações e os anticorpos para o vírus vão diminuindo.
Pneumonia: Quarta doença que mais mata no Brasil
Outra vacina importante é a contra a pneumonia, conhecida como conanti-pneumocócica. Além de ser a quarta doença que mais mata no Brasil, são registrados 900 mil casos no país por ano, segundo a Organização Mundial da Saúde. Tosse, febre alta, náuseas e vômitos são alguns dos sintomas da doença. Em casos mais leves, a pneumonia pode ser tratada em casa, já em casos mais graves, é necessário que o paciente seja internado.
A vacina é indicada para crianças, jovens com doenças crônicas e principalmente para idosos, portanto, é importante a vacinação para proteger o organismo dessa patologia. “A imunização faz com que o organismo crie anticorpos contra os agentes causadores da pneumonia, então a pessoa que é vacinada fortalece a defesa do próprio corpo e consegue combater os micro-organismos que podem causar uma infecção mais grave”, finaliza o farmacêutico.

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 10/03/2020

CAPACIDADE DAS FLORESTAS TROPICAIS DE REMOVER CARBONO DA ATMOSFERA ESTÁ DIMINUINDO.

Capacidade das florestas tropicais de remover carbono da atmosfera está diminuindo



floresta queimada

O sumidouro de carbono das florestas tropicais já está enfraquecendo rapidamente

A capacidade das florestas tropicais do mundo de remover carbono da atmosfera está diminuindo, de acordo com um estudo que rastreia 300.000 árvores ao longo de 30 anos, publicado na Nature .
Por University of Leeds*
A colaboração científica global, liderada pela Universidade de Leeds, revela que uma mudança temida das florestas tropicais não perturbadas do mundo de um sumidouro de carbono para uma fonte de carbono já começou.
As florestas tropicais intactas são conhecidas como sumidouros de carbono globais cruciais, retardando as mudanças climáticas ao remover o carbono da atmosfera e armazená-lo nas árvores, um processo conhecido como sequestro de carbono . Os modelos climáticos costumam prever que esse sumidouro de carbono da floresta tropical continuará por décadas.
No entanto, a nova análise de três décadas de crescimento e morte de árvores de 565 florestas tropicais imperturbadas em toda a África e a Amazônia descobriu que a absorção geral de carbono nas florestas tropicais intactas da Terra atingiu o pico na década de 1990.
Na década de 2010, em média, a capacidade de uma floresta tropical absorver carbono havia caído em um terço. A mudança é em grande parte causada por perdas de carbono devido à morte de árvores.
O estudo de quase 100 instituições fornece a primeira evidência em larga escala de que a absorção de carbono pelas florestas tropicais do mundo já iniciou uma tendência preocupante de queda.
Nos anos 90, as florestas tropicais intactas removeram aproximadamente 46 bilhões de toneladas de dióxido de carbono da atmosfera, diminuindo para cerca de 25 bilhões de toneladas na década de 2010.
A capacidade de afundamento perdida nos anos 2010 em comparação aos anos 90 é de 21 bilhões de toneladas de dióxido de carbono, equivalente a uma década de emissões de combustíveis fósseis do Reino Unido, Alemanha, França e Canadá juntos.
No geral, as florestas tropicais intactas removeram 17% das emissões de dióxido de carbono produzidas pelo homem nos anos 90, reduzidas para apenas 6% nos anos 2010.
Esse declínio ocorre porque essas florestas foram menos capazes de absorver carbono em 33% e a área de floresta intacta caiu em 19%, enquanto as emissões globais de dióxido de carbono aumentaram em 46%.
Para calcular as mudanças no armazenamento de carbono, os cientistas mediram o diâmetro e estimaram a altura de cada árvore em 565 áreas de floresta, retornando a cada poucos anos para medi-las novamente. Ao calcular o carbono armazenado nas árvores que sobreviveram e nas que morreram, os pesquisadores acompanharam as mudanças no armazenamento de carbono ao longo do tempo.
Após a re-medição final, os autores do estudo usaram um modelo estatístico e tendências nas emissões de dióxido de carbono, temperatura e precipitação para estimar as mudanças no armazenamento de carbono da floresta até 2040.
Combinando dados de duas grandes redes de pesquisa de observações florestais na África (AfriTRON) e Amazônia (RAINFOR), os autores mostram que o sumidouro da Amazônia começou a enfraquecer primeiro, começando em meados da década de 1990, seguido por um declínio do sumidouro africano por cerca de 15 anos mais tarde.
A diferença continental decorre de uma combinação de florestas da Amazônia sendo mais dinâmica do que as da África e florestas da Amazônia enfrentando impactos climáticos mais fortes. As florestas amazônicas típicas são expostas a temperaturas mais altas, aumentos mais rápidos de temperatura e secas mais regulares e severas do que as florestas africanas.
Os autores também destacam que as florestas tropicais ainda são enormes reservatórios de carbono, armazenando 250 bilhões de toneladas de carbono somente em suas árvores. Esse armazenamento é equivalente a 90 anos de emissões globais de combustíveis fósseis no nível atual.
Como é provável que as florestas tropicais sequestrem menos carbono do que o previsto, os orçamentos e metas de emissões de carbono podem precisar ser reavaliados para dar conta disso.
Referência
Hubau, W., Lewis, S.L., Phillips, O.L. et al. Asynchronous carbon sink saturation in African and Amazonian tropical forests. Nature 579, 80–87 (2020). https://doi.org/10.1038/s41586-020-2035-0

* Da University of Leeds, com tradução e edição de Henrique Cortez, EcoDebate.
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 06/03/2020

SEUS HÁBITOS ALIMENTARES PODEM INFLUENCIAR O CLIMA GLOBAL?

Seus hábitos alimentares podem influenciar o clima global?


pecuária na Amazônia
ONU Brasil
Usinas elétricas ou pecuária? Quando se trata de mudanças climáticas, a principal causa do aumento das emissões dos gases de efeito estufa é a criação de animais para alimentação.
Nos Estados Unidos, 80% de toda a área agricultável é reservada ao pasto ou ao cultivo de ração para alimentar os animais que serão abatidos e transformados em carne.
Para atender ao aumento da demanda global por carne, áreas de florestas tropicais são destruídas para o cultivo de espécies como boi, galinha e porco.
Todos podem contribuir em nível individual para o reequilíbrio do clima. Junte-se às Nações Unidas no combate às mudanças climáticas!

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 11/03/2020

DRAWDOWN : PLANO PARA REVERTER A CRISE CLIMÁTICA.

Drawdown: plano para reverter a crise climática, artigo de José Eustáquio Diniz Alves


“O crescimento econômico e populacional está entre os mais importantes fatores do aumento
das emissões de CO2 em decorrência da combustão de combustíveis fósseis”
Alerta dos cientistas mundiais sobre a emergência climática (05/11/2019)

Project Drawdown
Project Drawdown. Foto: New Hampshire Public Radio
[EcoDebate] O aquecimento global já traz muitos danos às pessoas e à economia e é uma ameaça concreta à vida humana e não humana na Terra. As perdas econômicas globais, decorrentes das catástrofes climáticas e ambientais, totalizaram US$ 150 bilhões, em 2019, segundo a seguradora Munich Re. Para as próximas décadas as perdas estimadas ultrapassam a casa dos trilhões de dólares.
O projeto “Drawdown” é uma iniciativa que busca soluções climáticas e ambientais para enfrentar a emergência ecológica atual. Visa atingir o ponto de inflexão, quando os níveis de gases de efeito estufa (GEE) na atmosfera parem de subir e comecem a declinar constantemente – com rapidez, segurança e equidade – interrompendo assim a possibilidade de um colapso ecológico e civilizacional.
Em 2018 foi publicado, em português, o livro “Drawdown – 100 iniciativas poderosas para resolver a crise climática”. Organizado pelo ambientalista e escritor americano Paul Hawken, o nome “Drawdown” refere-se a medida do declínio de uma variável numa determinada série histórica. No contexto ambiental, o termo está sendo usado como meta a ser atingida: o momento em que a concentração de gases de efeito estufa atmosféricos atinge seu zênite e começa a decrescer.
O livro, dividido em oito capítulos (energia, alimentos, mulheres e meninas, edifícios e cidades, uso da terra, transporte, materiais e futuras atrações) cria um ranking com base no potencial de redução atmosférica total de carbono. Para cada solução apresentada, há uma descrição histórica, como funciona o projeto e são apontados o impacto de carbono proporcionado, custo e economia relativos, qual o caminho para a adoção, destacando que as as medidas podem gerar empregos e economia.
As 10 principais iniciativas são: 1) Gerenciamento de agentes de refrigeração; 2) Adoção de turbinas eólicas; 3) Redução de desperdício de alimentos; 4) Opção por alimentação rica em vegetais; 5) Proteção das florestas tropicais; 6) Investimento na educação de meninas; 7) Planejamento familiar; 8) Fazendas solares; 9) Silvopastagem (Combinação de árvores, pastagem e gado numa mesma área e ao mesmo tempo, manejados de forma integrada, para incrementar a produtividade por unidade de área); e 10) Painéis solares de telhados.
Em 2020, o Projeto Drawdown lançou o “The Drawdown Review” que, a partir de um esforço coletivo, apresenta uma visão geral das soluções climáticas na mão para chegar ao Drawdown (rebaixamento) e começar uma trajetória de “decrescimento” até voltar ao equilíbrio entre as atividades antrópicas e os sistemas vivos do planeta, efetivando soluções diante de um desafio aparentemente impossível.
Nesta nova versão da análise, que considera como se mover mais rápido e limitar o aquecimento global a 1,5º Celsius, as soluções foram classificadas em uma ordem um pouco diferente, com turbinas eólicas e energia solar fotovoltaica no topo, seguidas pela redução do desperdício de alimentos e dietas ricas em plantas, saúde e educação, restauração de florestas tropicais e fogões limpos aprimorados que podem substituir os fogos de cozinha que ainda são comuns em muitas partes do mundo em desenvolvimento. Embora a classificação seja interessante, não importa se uma solução em particular é maior que a outra na lista, pois tudo precisa acontecer, mesmo em ritmo diferenciado – incluindo as soluções com classificação mais baixa, de termostatos inteligentes a infraestrutura de bicicletas.
O interessante é constatar que estamos vivendo um tempo de transformação dramática e a sociedade terá que escolher qual solução será colocada em prática. De fato a humanidade já ultrapassou a capacidade de carga do Planeta e precisa reverter sua pegada ecológica. O projeto Drawdown é uma das possibilidades de atuação no amplo leque de opções globais e, sem dúvida, mostra que, pelo menos teoricamente, é possível reverter o rumo insustentável do crescimento demoeconômico que tanto contribui para a degradação ambiental e a emergência climática.
Com diz o documento The Drawdown Review, em sua conclusão final: “Com comprometimento, colaboração e engenhosidade, podemos sair do caminho perigoso em que estamos e voltar ao equilíbrio com os sistemas vivos do planeta. Um caminho melhor é ainda é possível. Que possamos transformar essa possibilidade em realidade”.
José Eustáquio Diniz Alves
Colunista do EcoDebate.
Doutor em demografia, link do CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/2003298427606382

ESPECIALISTA EXPLICA SINTOMAS DA DENGUE, ZIKA E CHIKUNGUNYA

Especialista explica sintomas da dengue, zika e chikungunya


O Brasil está em alerta para as doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti. A dengue, por exemplo, já afeta a vida de milhares de brasileiros. Dados do Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde apontam 94 mil casos prováveis da doença, registrados no período entre 29 de dezembro do ano passado a 1º de fevereiro de 2020.
O Brasil está em alerta para as doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti. A dengue, por exemplo, já afeta a vida de milhares de brasileiros. Dados do Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde apontam 94 mil casos prováveis da doença, registrados no período entre 29 de dezembro do ano passado a 1º de fevereiro de 2020.
Por isso, é preciso que a população adote medidas de prevenção ao mosquito. Além disso, as autoridades de saúde recomendam que, em caso de algum sintoma da dengue, Zika e chikungunya, a pessoa deve procurar imediatamente um serviço de saúde para diagnóstico e tratamento adequados
Segundo o Ministério da Saúde, a dengue causa febre alta súbita, dor de cabeça e dor no corpo e articulações, náuseas e vômitos. Também podem haver manchas vermelhas no corpo e coceira.
Esses sintomas se confundem com os da chikungunya, que tem as dores intensas nas articulações como a característica mais marcante. Quem explica mais é o sanitarista da Fiocruz de Brasília, Cláudio Maierovitch.
“No caso de chikungunya, está mais relacionada às dores nas articulações. A pessoa que tem a doença tem dificuldade de se levantar, de andar. Há uma outra diferença entre dengue e chikungunya: esta pode durar mais tempo que a dengue, durando de um mês até anos.”
Já a Zika, ainda segundo o médico, se manifesta pela febre não muito alta, dor de cabeça, dor nas articulações, manchas vermelhas no corpo com coceira, vermelhidão nos olhos e cansaço.
“A Zika pode durar menos tempo, também podendo ter dores nas articulações do corpo, porém muito menor do que no caso de dengue ou de chikungunya.”
E você? Já combateu o mosquito hoje? A mudança começa dentro de casa. Proteja a sua família.
Arte: Ítalo Novais/Sabrine Cruz
Da Agência do Rádio, in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 12/03/2020

ECONOMIA CIRCULAR É URGENTE.

Economia circular é urgente, artigo de Leo Cesar Melo



Economia Circular
Imagem: Euronews
[EcoDebate] Dados da Organização das Nações Unidas (ONU) apontam que a utilização global de materiais triplicou nos últimos 50 anos. E, se nada for feito, esses números podem dobrar até 2050. Os impactos ambientais são óbvios e amplamente reverberados, mas muitas companhias não parecem se atentar para outra consequência do atual modelo de consumo, que consiste em extrair, produzir e descartar: as perdas financeiras que a economia linear causa diariamente.
De acordo com um estudo recente da Accenture, empresa multinacional de consultoria de gestão, tecnologia da informação e outsourcing, a transição para uma economia circular poderia gerar até 4,5 trilhões de dólares para a economia mundial nos próximos 10 anos. E, além de um alto potencial para gerar novas oportunidades de negócio, as organizações também se reenquadrariam dentro de um novo aspecto de impacto ambiental e social.
Neste novo modelo, o foco está em gerar cada vez menos resíduos, implantando soluções de reaproveitamento do que antes era considerado lixo ou descartável. Ou seja, na economia circular todos os elementos da cadeia produtiva são reutilizados, seja voltando à mesma linha de produção, seja na fabricação de novos produtos, tornando-se nutriente para um novo ciclo. A consequência financeira passa a ser imediata, com menor consumo de matéria-prima, redução nos gastos com descarte de efluentes e resíduos sólidos e até mesmo uma nova fonte de renda a partir da venda desses insumos. Há ainda, dependendo do caso, como adotar soluções de reuso de água e transformação de efluentes tratados em energia elétrica.
Porém, pelo que se vê até o momento, ainda temos uma longa caminhada pela frente. Prova disso são os números que foram apresentados no início de 2019, durante o Fórum Econômico Mundial em Davos, de um relatório sobre economia circular da Circle Economy (grupo apoiado pela ONU). Eles indicavam que apenas 9% da economia global é circular. Ou seja, menos de 10% das 92,8 bilhões de toneladas dos materiais usados em processos produtivos são reutilizadas.
Adotar a economia circular exige das organizações um redesenho no modelo de negócio atual, e é importante que esse processo se inicie o quanto antes. Caso resistam por muito mais tempo pela adoção da economia circular e insistam no modelo linear em vigência atualmente, além de colocarem em risco a própria sobrevivência, as organizações também estarão pondo em risco o futuro das próximas gerações.
* Leo Cesar Melo, CEO da Allonda Ambiental, empresa de engenharia com foco em soluções ambientais sustentáveis

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 12/03/2020

USINA SOLAR EM FORMA DE PIRÂMIDE SERÁ CONSTRUÍDA EM ATERRO SANITÁRIO DE CURITIBA.

Usina Solar em forma de pirâmide será construída em aterro sanitário de Curitiba


Por: Agência #movidos
Usina Solar em forma de pirâmide será construída em aterro sanitário de Curitiba
Imagem: Divulgação
A Prefeitura de Curitiba, em parceria com a Copel (Companhia Paranaense de Energia Elétrica) irá construir uma usina solar no aterro do bairro Caximba, desativado desde 2010.
O projeto faz parte do programa Curitiba Mais Energia, voltado ao uso de fontes renováveis, e terá as placas, as mesmas utilizadas no painel solar residencial, instaladas em formato piramidal.
Com potência total de geração de 5 Megawatts (MW), o projeto poderá atender até 43% do abastecimento energético de prédios municipais da Capital do Paraná.
A pirâmide Solar da Caximba, como foi batizada, será na verdade um projeto misto movido a painéis solares com potência total de 3,5 MW e uma miniusina a biomassa de 1,5 MW, que aproveitará resíduos vegetais das podas de árvores e limpeza de jardins.
O empreendimento será implantado e operado por meio de um Termo de Cooperação Técnica, assinado no último dia 4 de março pela Prefeitura Municipal em parceria com a Copel.
A iniciativa veio da distribuidora, que abriu a Chamada Pública 001/2019 para selecionar oportunidades de negócio em projetos de geração distribuída de energia dentro das regras e modalidades criadas pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).
O projeto também conta com o apoio da C40 (rede de cidades comprometidas com o enfrentamento das mudanças climáticas) e da GIZ (agência de cooperação internacional do governo alemão).
De acordo com informações preliminares, o investimento total no sistema será de aproximadamente R$31,5 milhões, que serão custeados entre a Copel e a Prefeitura da cidade, sendo 49% dos custos vindos da distribuidora e 51% do município.
E não para por ai!
Além da Pirâmide Solar da Caximba, o programa Curitiba Mais Energia ainda visa a instalação de usinas fotovoltaicas na rodoviária da cidade e em três de seus terminais de ônibus: Pinheirinho, Santa Cândida e Boqueirão.
Outro fruto do programa de energia limpa de Curitiba foi a usina solar do Palácio 29 de Março, sede da Prefeitura da cidade, operando desde junho do ano passado com 439 placas solares.

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 13/03/2020

CONSCIENTIZAÇÃO SOBRE AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS E SEUS IMPACTOS NÃO É SUFICIENTE PARA LEVAR AS PESSOAS A AGIR.

Conscientização sobre as mudanças climáticas e seus impactos não é suficiente para levar as pessoas a agir



linha de tempo das anomalias de temperatura
Novas pesquisas sobre como as visões de mundo das pessoas afetam suas percepções e ações podem ajudar os formuladores de políticas e ativistas a reformular a discussão sobre a mitigação das mudanças climáticas.
International Institute for Applied Systems Analysis (IIASA)*
Apesar de um nível muito alto de conscientização sobre as mudanças climáticas e seus impactos, as pessoas geralmente hesitam em tomar medidas para mudar seu comportamento, de acordo com um novo estudo publicado na revista Energy and Environment.
Em 2015, os países concordaram em limitar a mudança climática a “bem abaixo de 2°C” para evitar os piores impactos. No entanto, para atingir esse objetivo de mitigação das mudanças climáticas, as atuais metas nacionais devem ser significativamente fortalecidas. Isso requer apoio do público para mudanças de políticas, que incluem não apenas a aceitação de uma transição energética, mas também a disposição de usar e pagar por fontes de energia renováveis, bem como de participar ativamente de uma transição energética. Também requer mudanças de comportamento individual no consumo pessoal de energia, comida e transporte.
“O principal objetivo deste artigo foi entender como a conscientização sobre a necessidade de mitigação das mudanças climáticas pode ser transformada em ação”, diz Nadejda Komendantova, pesquisadora do IIASA, que liderou o estudo.
Para entender como as visões de mundo das pessoas afetam suas ações, Nadejda Komendantova e Sonata Neumueller usaram a metodologia de ciências sociais, incluindo pesquisas e entrevistas com pessoas em três regiões da Áustria, variando de rural a semi-rural e suburbana.
Como um país com um alto nível de conscientização sobre os impactos das mudanças climáticas, nacional e globalmente, os pesquisadores esperavam encontrar amplo apoio aos esforços de mitigação das mudanças climáticas, e o fizeram. Mas, apesar de um alto, quase universal, nível de conscientização sobre a necessidade de mitigação das mudanças climáticas, houve uma grande heterogeneidade nas opiniões sobre cuja responsabilidade é implementar os esforços de mitigação das mudanças climáticas e como elas devem ser implementadas.
“As pessoas têm maneiras diferentes de ver o mundo, e essas visões influenciam suas percepções de riscos, benefícios e custos de várias intervenções políticas e moldam a maneira como as pessoas agem”, diz Komendantova. Usando uma rubrica de ciências sociais conhecida como teoria cultural, Komendantova e Neumueller traduziram seus dados de entrevistas e pesquisas em quatro visões de mundo diferentes, para categorizar os tipos de opiniões em uma estrutura analisável.
“A teoria cultural diz que existem quatro visões e discursos de mundo principais: hierárquico, igualitário, individualista ou anárquico”, explica Komendantova. “Por exemplo, os representantes das visões hierárquicas preferem que o governo assuma a responsabilidade pela transição energética. O igualitário diria que todos devem ser responsáveis pela transição energética com os principais argumentos de distribuição justa e igual de riscos e responsabilidades. Os representantes do discurso individual diriam que é uma questão de responsabilidade pessoal e que coisas como tecnologia, inovação e remuneração são importantes. ”
Essas diferenças nas visões de mundo significam que, embora as pessoas possam concordar com a verdade fundamental de que a mudança climática é um problema e algo deve ser feito, elas podem diferir em como e quais políticas devem ser implementadas, bem como em sua disposição de mudar seu próprio comportamento.
Esse entendimento pode ajudar os formuladores de políticas a desenvolver soluções de compromisso que refletem essas várias visões de mundo.
Komendantova observa que o estudo foi pequeno e restrito a um país, mas métodos semelhantes podem fornecer informações sobre um cenário europeu ou internacional mais amplo.
“Há uma variedade de pontos de vista sobre política energética, e também existem conflitos entre esses pontos de vista”, diz Komendantova. “Para passar da conscientização sobre a mitigação das mudanças climáticas para a ação, precisamos entender a variedade existente de visões de mundo”.
Referência:
Komentantova N & Neumuller S (2020). Discourses about energy transition in Austrian climate and energy model regions: Turning awareness into action. Energy & Environment DOI: 10.1177/0958305X20907086
http://dx.doi.org/10.1177/0958305X20907086

* Tradução e edição de Henrique Cortez, EcoDebate.
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 13/03/2020

OS 40 PAÍSES COM MAIOR DECRESCIMENTO POPULACIONAL ENTRE 2020 E 2100.

Os 40 países com maior decrescimento populacional entre 2020 e 2100, artigo de José Eustáquio Diniz Alves


“O consumo humano, a população e a tecnologia alcançaram aquele estágio em que
a mãe Terra não aceita mais nossa presença em silêncio”
Dalai Lama

[EcoDebate] A população mundial de 7,8 bilhões de habitantes em 2020 deve passar para 10,9 bilhões em 2100, segundo as projeções demográficas divulgadas pela Divisão de População da ONU (revisão 2019). Mas, a despeito do aumento global, um grande grupo de países vai ter a população reduzida nos próximos 80 anos, conforme mostra a tabela abaixo.
Os 40 países com maior decrescimento populacional entre 2020 e 2100
Os países que terão a maior queda relativa são os de baixo da tabela, com destaque para a Albânia que deve ter a população reduzida em quase dois terços, passando de 2,9 milhões de habitantes em 2020 para 1 milhão em 2100, uma redução de 1,8 milhão. Porto Rico – que é um território não incorporado dos Estados Unidos – tem visto a população declinar velozmente em função de uma grave crise econômica que tem enfraquecido o país nos últimos 15 anos e tem sido vítima de furacões intensos. A população porto-riquenha de 2,9 milhões de habitantes em 2020 deve cair para 1,2 milhão em 2100 (reduzindo o tamanho atual para 43%). A Sérvia com população de 8,7 milhões de habitantes em 2020 deve ter uma diminuição de 4,5 milhões de pessoas, atingindo um montante de 4,3 milhões em 2100 (redução de 52%).
A Bósnia e Herzegovina e a República da Moldova devem apresentar redução de exatos 50% da população nos próximos 80 anos. Croácia e Bulgária devem ficar próximas na redução relativa e ter redução de quase 50% no período. A Ucrânia que tinha uma população de 51,5 milhões de habitantes em 1990 já vai ter uma população de 43,7 milhões em 2020 e uma redução para 24,4 milhões em 2100.
No leste asiático o destaque do decrescimento são duas economias ricas. A Coreia do Sul com população de 51,3 milhões de habitantes em 2020 deve ter uma redução para 29,5 milhões em 2100 (ficando 58% do tamanho de 2020). O Japão com população de 126,5 milhões de habitantes em 2020 terá uma queda para 75 milhões em 2100, perdendo mais de 50 milhões de habitantes (41% do total de 2020).
Na América Latina, além de Porto Rico, outros países que vão ter grande declínio populacional são Cuba, Jamaica, Trinidad e Tobago e El Savador. Entre 2020 e 2100, a população de Cuba deve cair de 11,3 milhões para 6,7 milhões, a da Jamaica de 3 milhões para 1,8 milhão, Trinidad e Tobago de 1,4 milhão para 969 mil habitantes e El Salvador de 6,5 milhões para 4,8 milhões. Mas o país latino-americano que vai apresentar o maior declínio absoluto será o Brasil que passará de 212,6 milhões de habitantes em 2020 para 180,7 milhões em 2100, um decréscimo de 31,9 milhões (queda de 15%). A Colômbia terá queda de 11% da população nos 80 anos.
Contudo, a maior queda absoluta ocorrerá na China, que com população de 1,44 bilhão de habitantes em 2020 passará para 1,06 bilhão em 2100, uma redução de 374 milhões de pessoas (queda de 26%). A China perderá o primeiro lugar para a Índia em 2027 e depois vai ter uma grande redução no volume populacional, porém continuará sendo um país altamente povoado.
No total dos 40 países a redução será de 680 milhões de habitantes nos 80 anos, resultado de uma queda de 2,6 bilhões de habitantes em 2020 para 1,9 bilhão em 2100 (queda de 26%). Evidentemente, esta queda que ocorrerá nestes 40 países será facilmente compensada pelo crescimento que ocorrerá em 35 países de grande crescimento que devem passar de 3,27 bilhões de habitantes em 2020 para 6,43 bilhões em 2100, dobrando de tamanho, com acréscimo de 3,2 bilhões de pessoas.
Ou seja, embora os 40 países listados na tabela acima apresentem uma redução do volume da população de 680 milhões entre 2020 a 2100, apenas 35 países terão um aumento de 3,2 bilhões de habitantes (como mostrado em outro artigo). Desta forma, os desafios de uma população crescente estarão presentes ao longo do século XXI ao mesmo tempo que haverá decrescimento demográfico em alguns lugares.
O mundo está dividido demograficamente, sendo que o crescimento populacional deve agravar os problemas ambientais, ao mesmo tempo que o decrescimento pode dar um certo alívio ecológico em alguns países.
José Eustáquio Diniz Alves
Colunista do EcoDebate.
Doutor em demografia, link do CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/2003298427606382

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 13/03/2020