sexta-feira, 29 de abril de 2022

CINCO RECEITAS PARA EVITAR DESPERDÍCIO DE ALIMENTOS.

Cinco receitas para evitar o desperdício de alimentos

O arroz e o feijão são indispensáveis no prato do brasileiro, mas também são alguns dos alimentos mais desperdiçados no país.

Segundo estudo do Intercâmbio Brasil-União Europeia, 22% do arroz e 16% do feijão consumido no país são descartados, o que faz com que o Brasil esteja entre as dez nações que mais desperdiçam no mundo.

Para conscientizar a população sobre os prejuízos que esta prática pode causar, além de oferecer alternativas de como aproveitar ao máximo os alimentos, a GRSA|Compass realiza no Brasil, pelo quarto ano, o movimento contra o desperdício de alimentos, o Stop Food Waste Day. Durante este mês, está sendo realizada a campanha “Juntos contra o Desperdício”, que contará com uma série de ações para impactar as pessoas sobre a necessidade de reduzir o desperdício de alimentos.

Como parte das iniciativas, a divulgação de receitas que ensinam a aproveitar ao máximo os alimentos, de forma bastante nutritiva e sustentável. Confira cinco delas, disponíveis também no canal do Youtube (confira no link: https://www.youtube.com/playlist?list=PLlJsCQkZssvkKKw-ikf4JEYv0Zr0ZyG9n) e no e-book gratuito, que pode ser baixado no site https://stopfoodwasteday.com.br/.

1. Arroz de couve-flor

Ingredientes

1 unidade grande de couve-flor

1 colher de sopa de azeite de oliva

30 gramas de cebola

20 gramas de salsa

Sal a gosto

Modo de preparo

Cozinhe a couve-flor com o sal e escorra e corte bem miúda. Em uma frigideira, coloque o azeite e a cebola picadinha para dourar. Coloque a couve-flor picada e deixe refogar. Por fim coloque a salsa e sirva.

2. Bolinhos de talos e folhas de couve-flor

Ingredientes

1 xícara (chá) de talos

2 OVOS

3 colheres de sopa de farinha

de trigo

½ xícara (chá) de leite

Sal e pimenta do reino a gosto

1 colher (chá) fermento em pó

Modo de preparo

Lave bem os talos e folhas e corte em cubinhos. Bata os ovos, acrescente o restante dos ingredientes e por último o fermento. Misture bem. Frite os bolinhos a colheradas em óleo quente.

3. Pudim de casca de abacaxi

Ingredientes

Casca de um abacaxi médio

1 litro de água

1 xícara de chá de açúcar

1 canela em pau

100 g de amido de milho

300 ml de leite

Modo de preparo

Descasque o abacaxi, coloque para ferver com 1 litro de água, a canela e o açúcar. Deixe ferver por 20 minutos. Prepare para coar em chinuá, diluir o amido no leite e misturar no caldo de abacaxi, voltando ao fogo por 3 minutos. Coloque em travessinhas.

Calda: pegue 4 colheres de açúcar e coloque em uma panela para derreter. Acrescente o brunoise de talo do abacaxi com o caldo. Derreterá bem e a calda já estará pronta. Assim que esfriar, coloque em cima dos pudins.

Abacaxi: sirva em rodelas como fruta.

4. Doce de abóbora

Ingredientes

1 quilo de abóbora picada com casca

3 xícaras de açúcar (chá)

Canela em pau a gosto

Modo de preparo 1

Limpe a abóbora, reserve a semente, pique com a casca e lave para cozinhar com o açúcar e a canela. Cozinhe bem. Sempre em fogo baixo por mais ou menos uma hora ou até que esteja pronto.

Modo de preparo 2

Limpe a abóbora, reserve a semente, pique com a casca e leve para cozinhar com o açúcar e a canela. Cozinhe bem. Sempre em fogo baixo por mais ou menos uma hora. No final desse processo, bata o doce no liquidificador. Não deixe batendo muito.

5. Arroz de abóbora

Modo de preparo

Pegue a semente de abóbora reservada, lave bem e leve ao forno para assar. Após assada, retire do forno e tire a pele branca. Em uma frigideira, coloque uma colher de azeite de oliva, acrescente as sementes, salsa picada. Adicione ao arroz que será servido.

Dia D

O dia D da campanha Stop Food Waste Day Brasil será em 27 de abril, com uma programação online intensa, composta por debates e reflexões sobre toda a cadeia de alimentos do país com o foco em novas alternativas para redução de perdas e de melhor aproveitamento.

 

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 25/04/2022

CONHEÇA OS SINTOMAS FÍSICOS DA ANSIEDADE.

saúde

Conheça os sintomas físicos da ansiedade

A ansiedade pode se manifestar com sintomas psicológicos, como medo, insônia, dificuldade de concentração, mas também pode apresentar sintomas físicos.

Você já se sentiu mal, foi ao médico, fez um monte de exames, e que não acusaram nenhuma doença? Se a sua resposta for sim, você pode estar com sintomas de ansiedade. Isso mesmo. De acordo com o cardiologista e especialista em marca-passo, Dr. Roberto Yano, a ansiedade pode se manifestar com sintomas psicológicos, como medo, insônia, dificuldade de concentração, mas também pode apresentar sintomas físicos.

Entre esses sintomas, o Dr. Yano destaca:·.

1- Alteração no ritmo cardíaco:
Segundo o especialista, em uma crise de ansiedade o ritmo cardíaco pode acelerar. Normalmente os pacientes usam a frase ‘meu coração parece que vai sair pela boca’, para explicar a sensação que estão sentindo.

“A sensação de estresse e ansiedade faz com que o organismo libere mais adrenalina, um hormônio que aumenta a frequência cardíaca, por isso ocorre alteração e aceleração nos batimentos cardíacos”, explica Dr. Yano, acrescentando que já atendeu vários pacientes relatando estarem com sintomas cardíacos, quando na realidade estavam em crises de ansiedade.

“Por outro lado, o contrário também ocorre de pacientes sentirem alteração no ritmo cardíaco, tratarem como se fosse apenas uma ansiedade, demorarem a me procurar, e quando avalio o paciente, ele realmente está com alguma arritmia cardíaca”, contou.

2- Tontura
Pacientes que sofrem com a ansiedade costumam relatar tontura, principalmente quando estão na crise. Tonturas no ansioso podem ocorrer em situações específicas, como por exemplo: quando se está em ambientes onde há muitas pessoas, ou em ambientes muito fechados.

“Essa vertigem pode levar ao medo de sair de casa, de cair, de chegar a um local cheio e passar mal”, explicou Dr. Roberto.

3- Falta de ar
Falta de ar quando está nervoso, estressado, brigando com alguém? Isso também pode ser um sintoma de ansiedade. Pessoas que sofrem desse mal, podem sentir falta de ar constantemente.

“A falta de ar normalmente vem acompanhada de palpitação. Em situações de estresse é preciso tentar se acalmar, e se a crise de ansiedade não passar, procure orientação médica”, alerta o especialista.

4- Formigamento nos braços e língua
A dormência nos braços, mãos e língua, também podem ser causadas pelo estresse e ansiedade. Em pessoas com síndrome do pânico esses sintomas podem surgir acompanhados de outros sintomas, como suor frio, dor no peito, arritmia e formigamento.

“Esse formigamento pode ocorrer por causa da liberação da adrenalina. O corpo entende que você está se preparando para uma situação de luta, ou fuga. O organismo começa a direcionar o fluxo de sangue para os músculos para que fiquem mais fortes e rígidos”, explicou o médico. ·.

5- Cansaço
Quem nunca acordou com a sensação de que ainda não havia dormido? Totalmente cansado, fraco. Na realidade, a ansiedade não causa fraqueza muscular de fato, mas pode dar a sensação de cansaço, podendo se intensificar quando a pessoa está em crise.

“Existem várias doenças que podem fazer uma pessoa se sentir cansada, como hipotireoidismo, insuficiência cardíaca, anemia e até a própria depressão. A recomendação é clara de não se automedicar, sem saber o diagnóstico”, alertou.

Dr. Yano destaca que a ansiedade é uma doença psiquiátrica. O tratamento pode aliviar a maioria ou todos os sintomas. “A orientação é procurar ajuda de profissionais adequados, como psicólogos, psiquiatras, praticar exercício físico, ter uma boa alimentação, ter um hobby, horas de lazer com a família. Esse conjunto de ações vão te ajudar a viver mais e com melhor qualidade de vida”, garantiu Dr. Roberto.

Caso você apresente alguns dos sintomas citados acima, é importante descartar outras doenças, como problemas no coração, doenças da tireoide, anemia, doenças ginecológicas. O importante é sempre procurar um bom médico, caso esses sintomas físicos ocorram.

“A ansiedade entra sempre como diagnóstico de exclusão. O paciente que chega com sintomas cardíacos, é sempre necessária a investigação minuciosa de todos os seus sintomas”, finalizou Dr. Roberto Yano.

 

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 25/04/2022

POLUIÇÃO DA INDÚSTRIA DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E A GESTÃO DO LIXO ELETRÔNICO.

lixo eletrônico

Poluição da Indústria de Tecnologia da Informação e a Gestão do Lixo Eletrônico, artigo de José Austerliano Rodrigues

A poluição da indústria de tecnologia da informação e a gestão inadequada do lixo eletrônico tem várias implicações nos níveis ambiental, social, econômico, tecnológico e político

Atualmente, o aquecimento global e as mudanças atmosféricas estão reestruturando muitos setores econômicos, especialmente aqueles que impactam significativamente o meio ambiente, como a indústria eletrônica (Di VAIO et al., 2019). Todos os Equipamentos Elétricos e Eletrônicos (EEE) e seus componentes que foram rejeitados ou não estão sendo utilizados são considerados resíduos eletrônicos e elétricos.

A gestão do lixo eletrônico (EWM) é um problema significativo em vários países emergentes, como os dos Emirados Árabes Unidos (EAU), principalmente devido ao aumento da taxa de geração de resíduos eletrônicos. O alto crescimento da taxa de geração de resíduos eletrônicos geralmente ocorreu devido aos rápidos avanços nas indústrias de elétricos e eletrônicos, crescimento populacional, urbanização e padrões de consumo (ABOELMAGED, 2020).

Esse tipo de resíduo vem de diversas fontes, como governo, empresas e domicílios. As indústrias de tecnologia da informação contribuem com a participação mais significativa para o fluxo de lixo eletrônico, e os eletrônicos de consumo também contribuem substancialmente. A maioria das empresas públicas e privados dependem profundamente dos equipamentos elétricos e eletrônicos (ISLAM et al., 2020).

A Organização das Nações Unidas (ONU) informou que a geração de resíduos eletrônicos aumentou para mais de 44 milhões de toneladas métricas (ou toneladas) por ano até o final de 2020. Bocken e Short (2021) e Onac et al. (2020), descobriram que as quantidades de lixo eletrônico estão aumentando rapidamente do que qualquer outra forma de resíduo municipal e aumentarão para 74,7 megatoneladas (Mt) até 2030. O volume global estimado de lixo eletrônico acumulado pode chegar a 78 milhões de Mt até 2050 (ASEFI; SHAHPARVARI; CHHETRI, 2019).

Neste sentido, o tema sobre lixo eletrônico atrai cientistas, formuladores de políticas públicas e profissionais, porque são resíduos perigosos que ameaçam significativamente a saúde humana e o meio ambiente. O e-waste (lixo eletrôncio) contém mais de 1000 substâncias, muitas das quais são tóxicas (DHIR et al., 2021).

As substâncias tóxicas emitidas podem alterar a estrutura e a função microbianas e apresenta alta toxicidade para organismos aquáticos e habitantes do solo (LIU et al., 2019). A produção de equipamentos elétricos e eletrônicos requer muitas matérias-primas, incluindo metais, plásticos, borracha, vidro, semicondutores, óleo, gás e madeira. Muitos materiais podem ser reciclados e reutilizados (MINOJA; ROMANO, 2021).

O aumento da atenção acadêmica ao tema também ilustra sua importância e relevância. Apesar de seus problemas, o crescimento do lixo eletrônico também oferece um valor econômico potencial significativo por causa dos metais valiosos. A existência de metais preciosos como ouro (Au), prata (Ag), paládio (Pd), platina (Pt) e outros Elementos Terras Raras (ETR) torna a reciclagem de lixo eletrônico economicamente atraente (ISLAM et al., 2020). Portanto, a implementação de práticas sustentáveis de EWM nos Emirados Árabes Unidos continua a ser um desafio crítico para a indústria de resíduos eletrônicos. O envolvimento das partes interessadas (stakeholders) é essencial para a aquisição de uma abordagem da EWM ambientalmente sustentável.

No entanto, cada país deve concordar independentemente sobre o nível de sua cooperação, a relutância da população ou das autoridades locais em cooperar apresenta um problema crítico (AHMAD et al., 2019). Esse esforço avaliar e integrar as opiniões e percepções de todos os stakeholders internos, incluindo fabricantes, distribuidores, varejistas, centros de serviços e governo (VERONICA et al., 2020). Wang et al. (2020), identificaram que as partes podem ter pontos de vista conflitantes. Por isso, é necessária uma maior conscientização dos stakeholders sobre as necessidades da gestão do lixo eletrônico .

Existem várias opções para processar e descartar o lixo eletrônico, bem como a EWM (gestão do lixo eletrônico). O processamento de resíduos eletrônicos inclui principalmente exportação, aterro e reciclagem. Enquanto isso, o lixo eletrônico é descartado principalmente via aterro sanitário. Cada uma das opções mencionadas para a EWM tem diferentes aspectos ambientais, econômicos, sociais e técnicos. Para a seleção da alternativa mais adequada para a EWM, devem ser avaliados com diferentes aspectos de cada alternativa e as vantagens associadas em termos de questões sociais, ambientais, econômicas e técnicas.

Deve-se notar que a alternativa mais adequada para a EWM deve ser uma opção economicamente acessível, ambientalmente prática, socialmente aceitável e tecnicamente viável (MALEK; DESAI, 2019). À medida que as opções da EWM crescem em complexidade e número, há a necessidade de uma estratégia eficaz para avaliar essas opções. Os países emergentes têm capacidades limitadas de pesquisa em relação a EWM (ALBLOOSHI et al., 2022).

O debate em torno da sustentabilidade tem uma longa história. Contribuições preliminares nesse campo têm sido fornecidas por estudos interessados nas relações entre o homem e a natureza (CAPUTO et al., 2021).

Desta maneira, a sustentabilidade atende às necessidades atuais e reconhece as necessidades das gerações futuras. Assim sendo, a sustentabilidade é definida como “a adoção de estratégias e atividades de negócios que atendam às necessidades dos empreendimentos e de seus stakeholders, ao mesmo tempo em que protegem, sustentam e potencializando os recursos humanos e naturais necessários no futuro” (ALBLOOSHI et al., 2022). Apesar da gestão do lixo eletrônico seja considerada um desafio para muitos países globalmente.

Deste modo, nos Emirados Árabes Unidos, o volume de resíduos eletrônicos gerados está aumentando devido às práticas de gestão insustentáveis alimentadas pela crescente perplexidade entre os diversos stakeholders (KLEMEŠ et al., 2020). Portanto, a situação do lixo eletrônico está piorando.

A solução mais eficaz para o crescente do problema do lixo eletrônico é reciclar matérias-primas de eletrônicos usados. A reciclagem de lixo eletrônico beneficiará a comunidade e reduzirá o volume de resíduos sólidos colocados em lixões designados. A revenda e reutilização dos computadores continuam altas, dependendo das máquinas. Nenhum número confiável quantifica a geração de lixo eletrônico, enquanto os computadores se tornam mais acessíveis com maior acesso à tecnologia. Além dos consumidores, a extensa indústria de software é uma fonte de computadores obsoletos (PATWA et al., 2021). A tecnologia de ponta aumenta a velocidade da informática, e a eficiência necessariamente aumenta a taxa de obsolescência (OUDA et al., 2021).

Contudo, o e-waste (lixo eletrônico) é um problema, especialmente em países emergentes, onde sistemas de EWM (gestão do lixo eletrônico) eficientes não são totalmente adotados, assim, foi relatado um significativo movimento transfronteiriça de resíduos eletrônicos (EL BILALI; BEN HASSEN, 2020).

O desenvolvimento sustentável passou por inúmeras transformações desde que a ONU adotou os primeiros princípios em uma conferência em Estocolmo no documento intitulado “Transformando Nosso Mundo: A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável” (MAWED, 2020). Os Emirados Árabes Unidos também inauguraram uma iniciativa de desenvolvimento econômico sustentável como prioridade na “Agenda Econômica Verde (2015-2030)” na transição para o desenvolvimento sustentável.

O manuseio de resíduos eletrônicos deve ser realizado de forma sustentável para reduzir a deposição desnecessária de resíduos eletrônicos no aterro sanitário disponível. Por exemplo, uma instalação foi construída para funcionar como o principal centro de gerenciamento de lixo eletrônico da região no Oriente Médio, inicialmente suportaria 39 kt (quilotons) de lixo eletrônico a cada ano.

Enquanto isso, os Emirados Árabes Unidos estão desenvolvendo políticas e regulamentos para o gerenciamento de resíduos eletrônicos. No entanto, são necessários mais esforços para garantir a implementação dessas regulamentações (ZABALA, 2019). A comunidade empresarial e autoridades locais, como Dubai Internet City e Dubai Science Park foram os impulsionadores de outras iniciativas nos Emirados Árabes Unidos, incluindo a campanha de coleta de lixo eletrônico em 2017. A campanha coletou quase duas toneladas de eletrônicos descartados. Por exemplo, laptops, impressoras, câmeras e celulares (ALBLOOSHI et al., 2022).

Portanto, os sistemas de gestão do lixo eletrônico é um problema da sociedade contemporânea que necessita de solução imediata. Assim sendo, os desafios experimentados pelos sistemas de gestão de lixo eletrônico em países emergentes como os Emirados Árabes Unidos são multidimensionais.

Deste modo, a poluição da indústria de tecnologia da informação e a gestão inadequada do lixo eletrônico tem várias implicações nos níveis ambiental, social, econômico, tecnológico e político.

José Austerliano Rodrigues. Especialista e Doutor em Sustentabilidade de Marketing pela UFRJ, com ênfase em Marketing e Sustentabilidade, com interesse em pesquisa em Sustentabilidade Organizacional, Sustentabilidade de Marketing e Comportamento do Consumidor Sustentável.
E-mail: austerlianorodrigues@bol.com.br.

 

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 25/04/2022

FMI REDUZ ESTIMATIVA DE CRESCIMENTO DA ECONOMIA MUNDIAL EM 2022.

FMI reduz estimativa de crescimento da economia mundial em 2022, artigo de José Eustáquio Diniz Alves

O relatório do FMI mostra que as perspectivas econômicas globais pioraram significativamente em 2022

O Produto Interno Bruto (PIB) global retraiu -3,1% em 2020 em função da pandemia da covid-19, mas cresceu 6,1% em 2021. A média do crescimento da economia internacional foi de 1,5% no biênio 2020-21. É um valor bem abaixo da média da década passada. Portanto, esperava-se que houvesse continuidade da recuperação em 2022.

Mas com a invasão da Ucrânia pela Rússia a retomada não ocorreu como esperado gerando constantes revisões para baixo por parte do Fundo Monetário Internacional (FMI). O crescimento do PIB é menor e a inflação é maior.

Segundo as projeções do relatório World Economic Outlook (WEO), do FMI, de outubro de 2021, o crescimento do PIB de 2022 seria de 4,9% no ano. Mas na atualização do WEO em janeiro de 2022 a projeção foi reduzida para 4,4% no ano. As novas projeções do FMI, divulgadas no WEO de abril de 2022, indicam um crescimento de 3,6% em 2022, conforme a tabela abaixo.

O PIB dos EUA para 2022 estava estimado em 5,2% (out/21), caiu para 4% (jan/21) e agora 3,7%. O PIB do Brasil para 2022 estava estimado em 1,5%, caiu para 0,3% e agora em abril subiu para 0,8% em 2022. O PIB da Rússia para 2022 estava estimado com crescimento de 2,9% (em out/21), caiu para 2,8% em janeiro e agora a estimativa caiu para uma recessão de -8,5% em 2022 e uma recessão de -2,3% em 2023. O relatório do FMI não apresenta dados para o desempenho econômico da Ucrânia em 2022 e os anos adiante, mas sabe-se que haverá um colapso muito grande da economia e da qualidade de vida.

projeções do relatório world economic outlook

O grande surto da covid-19 no primeiro trimestre de 2022 contribuiu para a redução do ritmo das atividades econômicas globais. Mas foi a guerra na Ucrânia que desencadeou uma crise humanitária custosa e afetou toda a economia internacional. Assim, os danos econômicos do conflito militar tem contribuído para uma desaceleração significativa do crescimento global em 2022, enquanto aumenta a inflação. Os preços dos combustíveis e dos alimentos aumentaram rapidamente, atingindo com mais força as populações vulneráveis em países de baixa renda.

Haverá redução do ritmo também em 2023, sendo que o crescimento global deverá cair para cerca de 3,3% no médio prazo. Os aumentos nos preços das commodities induzidos pela guerra e as crescentes pressões sobre os preços levaram a projeções de inflação para 2022 de 5,7% nas economias avançadas e 8,7% nos mercados emergentes e economias em desenvolvimento – 1,8 e 2,8 pontos percentuais acima do projetado em janeiro passado. Desta forma, são essenciais os esforços multilaterais para responder à crise humanitária, evitar maior fragmentação econômica, manter a liquidez global, gerenciar o sobre endividamento, combater as mudanças climáticas e acabar com a pandemia, como mostra o atual relatório WEO do FMI.

A tabela abaixo mostra que o crescimento é bem diferenciado entre as economias ricas (avançadas) e as economias de renda média e baixa (emergentes e em desenvolvimento). As economias avançadas devem crescer 3,3% em 2022 e 2,3% em 2023, enquanto as economias em desenvolvimento devem crescer 3,8% e 4,2% nos dois anos. A África Subsaariana também deve crescer mais do que as economias ricas. Porém, a América Latina deve crescer somente a 2,4% em 2022 e 2023 abaixo das demais regiões do mundo e abaixo da média mundial. E o Brasil vai crescer abaixo da média da América Latina.

projeções do fmi

Desta forma, o relatório do FMI mostra que as perspectivas econômicas globais pioraram significativamente em 2022. A deterioração da economia internacional ocorre, em grande parte por conta da invasão da Ucrânia pela Rússia – causando uma trágica crise humanitária na Europa Oriental. Esta crise se desenrola quando a economia global estava avançando, mas ainda não havia se recuperado totalmente da pandemia da Covid-19.

Os efeitos econômicos da guerra estão se espalhando como ondas sísmicas que emanam do epicentro de um terremoto, principalmente através de commodities. A escassez de suprimentos relacionadas à guerra amplificará grandemente as pressões econômicas, nomeadamente através aumentos no preço da energia, metais e alimentos. Embora se espere que os gargalos acabem aliviando já que a produção em outros lugares responde a preços mais altos e nova capacidade torna-se operacional, escassez de oferta em alguns setores devem durar até 2023. Como resultado, a inflação está agora projetada para permanecer elevada por muito mais longo do que na previsão anterior, tanto nas economias emergentes, quanto nas em desenvolvimento.

Esforços multilaterais para responder à crise humanitária, evitar uma maior fragmentação econômica, manter a liquidez global, gerenciar o sobre endividamento, enfrentar a crise climática e controlar e acabar com a pandemia continuam sendo essenciais.

As instituições multilaterais devem oferecer uma rede de segurança crítica, fornecendo liquidez de emergência para evitar que as crises se espalhem e cause danos ainda maiores.

José Eustáquio Diniz Alves
Doutor em demografia, link do CV Lattes:
http://lattes.cnpq.br/2003298427606382

Referência:
FMI. World Economic Outlook (WEO), War Sets Back the Global Recovery. International Monetary Fund, APR 2022
https://www.imf.org/en/Publications/WEO/Issues/2022/04/19/world-economic-outlook-april-2022

 

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 25/04/2022

ESTUDO MOSTRA COMO CÃES USAM DIFERENTES TIPOS DE VOCALIZAÇÕES PARA VARIADAS FINALIDADES.

 cães

Foto: ABr/EBC

Estudo mostra como cães usam diferentes tipos de vocalizações para variadas finalidades

Entendimento na comunicação é a chave de sucesso para o bom relacionamento entre cães e seus tutores

Os cães ocupam um lugar muito especial na vida dos seres humanos, são considerados membros da família, convivendo de forma muito próxima. Para que essa convivência e relação seja com o máximo de harmonia possível, a comunicação é considerada uma das principais chaves do sucesso. Os cães estão sempre atentos aos gestos, movimentos corporais e direção do olhar de seus tutores que, por sua vez, também são capazes de interpretar as expressões corporais e sinais comunicativos dos cães como olhares e vocalizações.

O Laboratório de Etologia Canina da Universidade Federal de São Paulo (LECA/Unifesp) desenvolve vários estudos sobre essa temática e, no mais recente, publicado na revista Applied Animal Behaviour Science e que contou com a parceria de pesquisadores franceses, a equipe identificou diferentes tipos de vocalizações para diferentes finalidades.

“Embora o repertório de vocalizações dos cães seja extenso, com latidos, gemidos, choramingos, ganidos, rosnados, entre outros, diversos estudos já verificaram que os seres humanos são capazes, por exemplo, de classificar latidos de brincadeira, agressividade, medo, somente escutando ‘playbacks’, sem ter a informação prévia sobre qual o contexto em que os latidos aconteceram. Para ter essa habilidade de discriminar tão bem essas vocalizações, os seres humanos usam características acústicas como tonalidade e intensidade do som”, explica Carine Savalli Redigolo da Universidade Federal de São Paulo, professora da Unifesp, coordenadora do LECA.

Como exemplo, latidos graves com intervalos curtos entre eles são usualmente classificados pelas pessoas como agressivos, enquanto latidos agudos com intervalos mais longos são classificados como de brincadeira. Já os choramingos normalmente são reconhecidos em contextos que envolvem saudações, frustração e busca por atenção.

No recente estudo com a coautoria de Carine, 51 cães foram observados e filmados por 30 segundos diante de uma situação em que havia uma comida desejável em cima de uma prateleira, visível, mas fora do alcance. Para ter acesso a essa comida, os cães precisavam da cooperação dos seus tutores, e dessa forma o contexto procurou estimular os cães a usarem sinais comunicativos.

“Diante da cena, os cães se comunicaram principalmente por meio de olhares, alternando olhares entre seus tutores e a comida desejada. Mas, alguns deles também usaram vocalizações associadas a estes olhares e nós pesquisadores buscamos investigar se havia diferença entre as propriedades acústicas das vocalizações direcionadas aos tutores e à comida”, descreve Carine.

Foram identificados dois principais tipos de vocalizações: latidos e choramingos e, de acordo com Carine, “os choramingos aconteciam mais quando os cães estavam olhando para os tutores do que quando estavam olhando para a comida, o que sugere que neste contexto em que os cães precisavam da cooperação de seus tutores, as vocalizações do tipo choramingo foram usadas como uma forma do cão chamar para si a atenção do seu tutor, para então mostrar a comida desejada, numa tentativa de passar de forma mais clara possível a mensagem. Uma grande demonstração de comunicação entre as espécies”.

A coordenadora do LECA/Unifesp destaca: “a comunicação tão complexa e elaborada estabelecida entre cães e seres humanos é um fenômeno único no reino animal. Envolve duas espécies com mecanismos sensoriais diferentes, mas que desenvolveram habilidades para se compreenderem mutualmente. Tais habilidades promovem a aproximação e fazem dessa relação uma das mais importantes tanto para os cães quanto para os seus tutores”.

Referência:

An exploratory study on dogs’ vocalizations towards their owner and food in an unsolvable task
Applied Animal Behaviour Science
Volume 246, January 2022, 105529
https://doi.org/10.1016/j.applanim.2021.105529

 

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 27/04/2022

MODELO DE EXTRAÇÃO GLOBAL DE AREIA É INSUSTENTÁVEL.

Areia e sustentabilidade: 10 recomendações estratégicas para evitar uma crise

Modelo de extração global de areia é insustentável

Areia e Sustentabilidade: 10 recomendações estratégicas para evitar uma crise

  • Novo relatório aponta para a necessidade de reconhecermos estrategicamente a areia e tomarmos medidas em todos os setores pertinentes.
  • A areia é o segundo recurso mais explorado do mundo e deve ser administrada de forma sensata.
  • Entre as soluções estão alterações legais, a reciclagem de materiais de construção e o uso de pedras britadas e “areia de minério” resultante da mineração.

Do PNUMA

50 bilhões de toneladas: o suficiente para construir uma parede de 27 metros de largura e 27 de altura em volta de todo o planeta Terra. Esse é o volume de areia e cascalho usado a cada ano, o que os torna o segundo recurso mais usado no planeta, atrás apenas da água. Considerando nossa dependência, a areia precisa ser reconhecida como um recurso estratégico e sua extração e uso devem ser repensados, de acordo com um novo relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).

O relatório, Sand and Sustainability: 10 strategic recommendations to avert a crisis (Areia e Sustentabilidade: 10 recomendações estratégicas para evitar uma crise, na tradução literal), lançado hoje pela equipe GRID-Genebra do PNUMA, apresenta orientações importantes, reunidas junto a especialistas de todo o mundo, para que sejam adotadas as melhores práticas de extração e gestão do recurso.

A extração de areia de áreas onde desempenha um papel ativo, como em rios e ecossistemas costeiros ou marinhos, pode provocar processos de erosão, salinização de aquíferos, perda da proteção contra marés de tempestade, além de gerar impactos na biodiversidade, o que constitui uma ameaça a diversos serviços essenciais, como ao abastecimento de água, à produção de alimentos, à pesca, à indústria do turismo, entre outros.

De acordo com o relatório, a areia deve ser vista como um recurso estratégico, não somente para o setor da construção, mas também por causa das múltiplas funções que desempenha no meio ambiente. O material destaca que governos, indústrias e consumidores devem precificar a areia de forma que seu verdadeiro valor social e ambiental seja reconhecido. Por exemplo, a conservação da areia nas zonas costeiras pode ser a estratégia mais econômica para a adaptação às mudanças climáticas devido à maneira como ela nos protege das mudanças nas marés provocadas por tempestades e dos impactos da elevação do nível do mar — e tais serviços devem ser considerados no cálculo do valor do recurso.

A publicação ainda propõe a criação de um padrão internacional para a extração da areia do meio ambiente marinho. Isso poderia trazer melhorias significativas, já que a maioria dos procedimentos de dragagem marítima é feita por meio de licitações públicas abertas a empresas internacionais. Além disso, o relatório recomenda que a extração de areia das praias seja proibida devido à importância que o recurso tem para a resiliência costeira, o meio ambiente e a economia.

“Para alcançarmos o desenvolvimento sustentável, precisamos mudar drasticamente a maneira como produzimos, construímos e consumimos produtos, infraestruturas e serviços. Nossos recursos de areia não são infinitos, e precisamos utilizá-los sabiamente. Se conseguirmos entender como administrar o material sólido mais extraído no mundo, poderemos evitar uma crise e avançar rumo a uma economia circular”, disse Pascal Peduzzi, diretor da GRID-Genebra no PNUMA e coordenador de programa geral para esse relatório.

Infraestrutura, moradias, alimentos e natureza em jogo

A areia é fundamental para o desenvolvimento econômico, sendo necessária para produzir concreto e construir infraestruturas vitais que vão desde casas e estradas até hospitais. Ao proporcionar habitats e locais de reprodução para flora e fauna diversas, a areia também desempenha uma função essencial no apoio à biodiversidade, incluindo plantas marinhas que atuam como sumidouros de carbono ou filtrantes da água. O recurso será crucial para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e para enfrentar a tripla crise planetária da mudança climática, poluição e perda da biodiversidade. Entretanto, sua utilização está ocorrendo de forma mais rápida do que a sua capacidade de reposição, por isso sua gestão responsável é crucial.

Uma economia circular ao nosso alcance

Segundo o relatório, existem soluções para se avançar rumo a a uma economia circular da areia. A proibição do aterro de resíduos minerais e o incentivo à reutilização da areia em licitações públicas estão entre as medidas políticas citadas. Pedras britadas ou materiais de construção e demolição reciclado, bem como a “areia de minério” proveniente dos rejeitos da mineração, estão entre as alternativas viáveis que também devem ser incentivadas, detalha o relatório.

Ademais, são necessárias novas estruturas institucionais e legais para que a areia seja gerenciada com mais eficácia e para que as melhores práticas sejam compartilhadas e implementadas. O relatório ainda recomenda que os recursos de areia sejam mapeados, monitorados e informados. Paralelamente, todas as partes interessadas devem estar envolvidas nas decisões relacionadas à gestão da areia para permitir abordagens específicas para cada lugar e evitar soluções generalizadas, salienta o documento.

O relatório surge na sequência de uma resolução sobre a gestão dos recursos minerais adotada na quarta Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEA), que exige ações sobre o manejo sustentável da areia. Essa determinação foi confirmada na quinta UNEA, em 2022, por meio da nova resolução intitulada Aspectos ambientais da gestão de minerais e metais, aprovada por todos os Estados membros.

Leia o relatório completo aqui.

 

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 27/04/2022