sexta-feira, 19 de julho de 2024

Riscos climáticos afetam biomassa de peixes globais .

 Dimensões da vulnerabilidade da agricultura e da pesca marinha às mudanças climáticas

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As projeções globais de biomassa de peixes exploráveis mostram quedas de mais de 10%, particularmente sob um cenário de altas emissões, até meados do século para muitas regiões do mundo

Novas projeções destacam possíveis riscos climáticos para a biomassa de peixes exploráveis para quase todas as regiões do oceano do mundo, incluindo os principais países produtores e aqueles com alta dependência de alimentos aquáticos, de acordo com um relatório divulgado pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).

As projeções globais de biomassa de peixes exploráveis mostram quedas de mais de 10%, particularmente no cenário de altas emissões, até meados do século para muitas regiões do mundo, disse o relatório sobre os riscos de mudança climática para os ecossistemas marinhos e pescas: Climate change risks to marine ecosystems and fisheries: Projections to 2100 from the Fisheries and Marine Ecosystem Model Intercomparison Project.

Até o final do século, sob o cenário de altas emissões, que projeta o aquecimento global de 3-4,0°C, o declínio piora para 30% ou mais em 48 países e territórios.

Em contraste, sob o cenário de baixas emissões, que projeta o aquecimento global de 1,5 a 2°C, as mudanças se estabilizam entre nenhuma mudança e uma diminuição de 10% ou menos em 178 países e territórios até o final do século.

Os declínios notáveis incluem os dos principais países produtores de peixe, que pioram no final do século sob o cenário de altas emissões, por exemplo, 37,3% para o Peru e 30,9% para as Zonas Econômicas Exclusivas da China, mas se estabilizam sob o cenário de baixas emissões.

O relatório foi produzido pelo Projeto de Intercomparação do Modelo Ecossistema (FishMIP), uma rede internacional de pesquisadores que trabalham com a FAO para entender os impactos a longo prazo das mudanças climáticas nos ecossistemas marinhos e na pesca através de um conjunto de modelos numéricos de última geração. Foi lançado durante a Trigésima sexta sessão da Comissão das Pescas (COFI36) realizada entre 8 e 12 de julho de 2024 na sede da FAO em Roma.

O relatório vem na esteira da última edição do Estado da Pesca Mundial e Aquicultura (SOFIA), que mostrou que a produção mundial de pesca e aquicultura atingiu um novo recorde de 223,2 milhões de toneladas em 2022.

Redução de riscos para os ecossistemas marinhos

“Entender os impactos potenciais das mudanças climáticas nos ecossistemas marinhos e suas pescas, e suas incertezas associadas, é crucial para projetar programas de adaptação em escalas apropriadas”, disse Manuel Barange, diretor-geral adjunto da FAO e diretor da Divisão de Pesca e Aquicultura.

“As emissões mais baixas reduzem significativamente as perdas de biomassa no final do século para quase todos os países e territórios em comparação com o cenário de altas emissões. Isso destaca os benefícios das medidas de mitigação das mudanças climáticas para a pesca e os alimentos aquáticos”, acrescentou.

Uma comparação das perdas projetadas em ambos os cenários até o final do século revela que a redução das emissões tem benefícios marcantes para quase todos os países e territórios.

Isso inclui os pequenos Estados insulares em desenvolvimento, onde as pessoas dependem fortemente da pesca de alimentos e renda e onde os riscos ecológicos e socioeconômicos representados pelas mudanças climáticas são mais altos. Por exemplo, entre os Estados das Ilhas do Pacífico, 68-90% das perdas extremas do final do século projetadas sob altas emissões são evitadas pelo cenário de baixas emissões para os Estados Federados da Micronésia, Nauru, Palau, Ilhas Salomão e Tuvalu.

Alcançando a transformação azul

O relatório também apontou que, para ajudar os países a alcançar a visão de transformação azul da FAO de sistemas alimentares aquáticos mais resilientes, equitativos e sustentáveis, a futura pesquisa FishMIP precisará abranger outros usos oceânicos e costeiros, além da pesca.

Isso obteria uma visão mais holística da gestão dos recursos naturais marinhos em face das alterações climáticas e informaria os trade-offs entre os setores, incluindo a gestão adaptativa das pescas e políticas agroalimentares mais amplas, alinhadas com as prioridades da Estratégia da FAO sobre as Alterações Climáticas e o seu Plano de Ação. Abordaria também as ligações com a utilização de água doce e de recursos terrestres, por exemplo, a dependência da aquicultura nos sistemas marinhos e terrestres, para ajudar a apoiar as orientações políticas no nexo entre as alterações climáticas, a biodiversidade, a segurança da água e dos alimentos e a saúde.

Fonte: FAO

 

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in EcoDebate, ISSN 2446-9394

DIA MUNDIAL DE PROTEÇÃO DAS FLORESTAS .

 

Reflorestamento de área degradada na Amazônia
Reflorestamento de área degradada na Amazônia

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Artigo de Juacy da Silva e Aline Monçale

Você já ouviu falar em sequestro de carbono? Crise climática? Calendário ecológico? Preciso conversar com você.

As florestas e os oceanos são os grandes mecanismos para o sequestro de carbono e demais gases de efeito estufa, estes grandes provocadores do aquecimento global e das terríveis mudanças climáticas, mudanças estas que já se configuram como uma grave crise climática.

Todavia, se as florestas são destruídas e queimadas; e os oceanos são degradados e transformados, cada vez mais, em uma grande lixeira planetária, esses mecanismos de sequestro de carbono se extinguem, trazendo ainda mais destruição das florestas e a degradação, poluição e o aquecimento de nossas águas num grande ciclo que aumenta assustadoramente o nível de gases de efeito estufa na atmosfera e se retroalimentam.

As florestas e os oceanos são essenciais para que a temperatura média da terra não exceda de 2º graus centígrados em relação à temperatura média existente no período pré-industrial, marco este que, ocorrendo, coloca exponencialmente em risco todas as formas de vida na terra, principalmente a vida humana e isto não é nenhuma novidade, posto que inúmeros relatórios científicos têm nos alertado nos últimos dez anos.

Anualmente, o Calendário Ecológico inclui alguns dias importantes para podermos refletir sobre aspectos significativos para o “nosso futuro comum”. Entre tais celebrações, está incluído o DIA MUNDIAL DE PROTEÇÃO DAS FLORESTAS, a ser comemorado anualmente em 17 de Julho.

Além deste importante dia, podemos também mencionar outros que estão diretamente relacionados com a importância das florestas, tais como: 21 de Março – Dia Internacional das Florestas; 28 de Abril – Dia da Caatinga; 24 de Junho – Dia da Araucária (praticamente já extinta); 27 de Maio – Dia da Mata Atlântica (já destruída em mais de 90%); 05 de Setembro – Dia da Amazônia (também ainda em processo de intenso desmatamento, queimadas e atividades ilegais de mineração e extrativismo vegeral); 11 de setembro – Dia do Cerrado (outro bioma que vem sendo sistematicamente destruído e degradado por um processo de uso muito intensivo do solo, afetando todos as nascentes e bacias hidrográficas brasileiras); 12 de Setembro – Dia do Pantanal (que ao longo dos últimos 30 anos vem sendo destruído impiedosamente por queimadas, o que decretará a sua morte nas próximas décadas, se medidas eficazes não forem implementadas); 17 de Setembro – Dia dos Pampas (outro bioma bastante degradado) e, 21 de Setembro – Dia da Árvore (marco representativo, quando algumas autoridades, em gestos muitas vezes demagógicos e apenas simbólicos, costumam plantar algumas mudinhas de árvores, enquanto bilhões de árvores são destruídas tanto no Brasil quanto no resto do mundo).

Um dos, talvez (ou com certeza) o maior desafio socioambiental que a humanidade está enfrentando nos dias atuais e que se agrava a cada dia mais, é a CRISE CLIMÁTICA, que reclama uma urgência quanto ao seu enfrentamento.

Esta crise é fruto do aquecimento global que decorre de um processo muito intenso e acelerado de degradação de todos os biomas e ecossistemas, incluindo a destruição da biodiversidade, o desmatamento, as queimadas e o uso muito intensivo de todos os chamados “recursos naturais”, solo, água, minerais e a rica biodiversidade animal e vegetal.

Este processo tem se intensificado desde o início do período industrial, cujos modelos econômicos, políticos, sociais e culturais são movidos pela busca do lucro imediato e a qualquer preço, pela acumulação de riquezas em poucas mãos e grandes grupos econômicos, principalmente de âmbito transnacional, embasados no estímulo ao consumismo, ao desperdício, à obsolescência prematura dos produtos, enfim, uma economia do descarte e da morte.

Tais modelos não respeitam nem os limites da natureza, do planeta Terra, nem os direitos dos trabalhadores e dos consumidores e muito menos os direitos das próximas gerações poderem viver em um mundo sustentável e saudável.

É neste contexto que surge à questão da importância das florestas para, não apenas a mitigação da crise climática, mas também pelo papel que as mesmas, com outros ecossistemas, desempenham no equilíbrio socioambiental, enfim, da ecologia integral, onde, como tanto vem acentuando o Papa Francisco: “(…) tudo está interligado, nesta Casa Comum” e que na origem da destruição, da degradação dos biomas e dos ecossistemas e da crise climática estão as ações pecaminosas, criminosas e egoístas dos seres humanos.

A solução existe e precisa passar pela conversão ecológica, que tenham como horizonte uma cidadania ecológica plena, em que tanto os direitos das atuais gerações quanto e, principalmente, das próximas gerações estejam presentes e concretamente definidas através de políticas públicas tanto locais, quanto regionais, nacionais e internacionais, onde recursos sejam definidos e alocados para tais políticas e não apenas discursos vagos, demagógicos e manipuladores como, as vezes, sabemos que acontece.

Quando iniciou e se intensificou o processo da industrialização, principalmente na Europa, nos EUA e no Japão, em meados do Século XVIII, as florestas temperadas do hemisfério Norte, praticamente já tinham sido extintas.

Para alimentar a industrialização, ocorreu um processo muito intenso de ocupação, colonização e pilhagem por parte das potências colonialistas, principalmente por parte de países europeus tendo a África, a América Latina e partes do continente asiático como territórios a serem “conquistados, dominados e pilhados”, onde a destruição das florestas e outros recursos minerais eram os alvos preferidos dos colonizadores de outrora e parecem continuar sendo os objetivos das potências dominantes e hegemônicas da atualidade.

De acordo com o último relatório (2023) “O Estado das florestas mundiais”, da WWF,  entre 1970 e 2018 a perda da biodiversidade florestal foi de 79% de toda a biodiversidade florestal do mundo.

Conforme relatório da UNEP, agência especializada da ONU para questões de meio ambiente de 2020, sobre a situação das florestas mundiais, entre 1980 e 2020 ocorreram a perda de 178 milhões de ha de florestas seja pelo desmatamento ou por queimadas/incêndios florestais, como vem ocorrendo nos últimos anos no Pantanal, no Cerrado e na Amazônia brasileira e continental.

O Brasil contribui com assustadores 40% dessas perdas. Em 38 anos, entre 1982 e 2020 nosso país “perdeu” 15% da área de florestas, totalizando 87,4 milhões de ha.

Além do desmatamento e das queimadas que destroem as florestas, cabe ressaltar também que existem no mundo atualmente mais de um bilhão de ha de áreas degradadas, sendo a média anual em torno de 100 milhões de ha, o que demonstra a irracionalidade humana ao destruir as florestas.

Diante deste quadro de destruição das florestas e dos impactos que essa destruição representa para a manutenção do equilíbrio ambiental no planeta, é mais do que urgente que, com a máxima urgência, os países cheguem a um acordo internacional para que, realmente, as florestas nativas sejam preservadas de forma planejada e que também as florestas plantadas sejam estimuladas, inclusive as reservas, florestas urbanas e periurbanas.

Só assim, poderemos garantir o futuro da humanidade e mitigar a crise climática que se abate sobre o planeta Terra, a nossa Casa Comum.

Juacy da Silva, professor fundador, titular e aposentado da Universidade Federal de Mato Grosso, sociólogo, mestre em sociologia, ambientalista, articulador da Pastoral da Ecologia Integral. Email: profjuacy@yahoo.com.br Instagram: @profjuacy

Aline Grasielli Monçale, Médica Dermatologista pela Universidade Federal de Roraima e Fundação de Medicina Tropical Dr Heitor Vieira Dourado no Amazonas, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, mestre em Saúde Coletiva pela Universidade Federal de Mato Grosso, fundadora do projeto social Dermatroller e atual Mrs Glam World. Email: alinemoncale@gmail.com Instagram: @alinemoncale_dermato

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in EcoDebate, ISSN 2446-9394