QUAIS SERIAM OS VERDADEIROS MOTIVOS???
Líbia - território e economia. Situada no norte da África, tendo Argélia, Egito e Tunísia como vizinhos, a Líbia possui hoje cerca de 6,5 milhões de pessoas. A grande maioria vive na faixa costeira, banhada pelo mar Mediterrâneo, onde há ocorrência de chuvas e possibilidade de desenvolver a agricultura. Ali estão também as grandes cidades, como a capital Trípoli e Benghazi. O petróleo, descoberto em 1959, responde por mais de 90% das exportações. Desde 1969, com o golpe de Estado liderado pelo então jovem coronel do exército, Muamar Kadafi, constituiu-se no país, uma república de partido único, comandada com mão de ferro pelo governante.
O PIB per capita é elevado (13,8 mil dólares), mas a distribuição dos petrodólares pela população é desigual. Há pobreza e precariedade nas cidades e o desemprego está na casa dos 30%. Assim como no caso do ditador Hosni Mubarak, derrubado do poder no Egito, a família de Kadafi possui recursos e investimentos em diferentes setores dentro e fora do país e teria fortuna acumulada em torno de 70 bilhões de dólares.
A Líbia é composta por três antigas províncias do Império Otomano: Cirenaica, a leste, primeiro espaço dos conflitos atuais, dotado de grandes reservas de petróleo; Tripolitânia, onde está a capital Trípoli, trincheira final de Kadafi, e Fezzan, área desértica de baixa densidade demográfica no sul-sudoeste e reduto de povos tuaregues. De maioria sunita, emerge no país a questão tribal. São centenas de grupos: árabes, berberes arabizados, toubous, tuaregues nômades e semi-nômades, além de comunidades estrangeiras como as de turcos e egípcios, criando fidelidades ou rivalidades em função das origens tribais, e não propriamente por nuances políticas ou religiosas.
Para se perpetuar no poder, Kadafi sempre manteve as Forças Armadas fracas e desunidas. Muitos dos batalhões são formados por linhagens tribais. É em função de aspectos como esse que se assistiu nos últimos dias inúmeras deserções de militares, sendo que muitos passaram a cerrar fileiras ao lado dos revoltosos e ajudaram a tomar cidades do leste, como Benghazi. No século XVI, o território passou para as mãos do Império turco otomano, situação que perdurou até 1911. A região foi invadida pela Itália, no contexto do neocolonialismo, cuja ocupação se efetivou após 1934. A independência do país ocorreu em 1951, mudando sua face e seu destino em 1959, com a descoberta de jazidas de petróleo. Em 1969, Kadafi chegou ao poder, na esteira do Pan-arabismo lançado por Gamal Abdel Nasser, líder egípcio. Além de governar o país com mão de ferro ao longo de décadas, sufocando e reprimindo qualquer tentativa de oposição, Kadafi levou a Líbia a um tortuoso percurso no cenário internacional. Além do apoio - incluindo fornecimento de armas - a grupos como o Exército Republicano Irlandês (IRA) e o grupo separatista ETA (Espanha), o governo líbio teve envolvimento direto em atos terroristas no Oriente Médio e na explosão de um jato da Pan Am, em 1988, em Lockerby, na Escócia, matando os 270 passageiros. Esse quadro levou ao aumento da tensão, em especial com os Estados Unidos, que lideraram sanções econômicas contra a Líbia na década de 1980 e o bombardeio de Trípoli e Benghazi, sob o argumento de que era preciso destruir campos de treinamento de terroristas. A ONU impôs amplo embargo ao país em 1992, envolvendo restrições ao tráfego aéreo, ao comércio de armas e às relações diplomáticas. A partir de 2003, mediante multa em dinheiro e reconhecimento da autoria do atentado em Lockerby, propugnados pelo Conselho de Segurança da ONU, passou a haver distensão nas relações do Ocidente com os líbios, em especial em função do interesse no petróleo. Na pauta, esteve também o compromisso de Kadafi de combater o fundamentalismo islâmico. Portanto, em função desses interesses, o déspota seguiu governando com a anuência do Ocidente, num regime desprovido dos elementos mais básicos de cidadania e liberdades democráticas. As implicações geopolíticas e econômicas de uma intervenção militar EUA-OTAN contra a Líbia são de grande alcance. A Líbia está entre as maiores economia petrolíferas do mundo, com aproximadamente 3,5% das reservas globais de petróleo, mais do dobro daquelas dos EUA.
A "Operação Líbia" faz parte de uma agenda militar mais vasta no Médio Oriente e na Ásia Central, a qual consiste ganhar controle e propriedade corporativa sobre mais de 60 por cento da reservas mundiais de petróleo e gás natural, incluindo as rotas de oleodutos e gasodutos. "Países muçulmanos incluindo a Arábia Saudita, Iraque, Irão, Kuwait, Emirados Árabes Unidos, Qatar, Iémen, Líbia, Egito, Nigéria, Argélia, Cazaquistão, Azerbaijão, Malásia, Indonésia, Brunei possuem de 66,2 a 75,9 por cento do total das reservas de petróleo, conforme a fonte a metodologia da estimativa".
O petróleo é o "troféu" das guerras conduzidas pelos EUA-OTAN. Uma invasão da Líbia sob um pretexto humanitário serviria os mesmos interesses corporativos da invasão de 2003 e subsequente ocupação do Iraque. O objetivo subjacente é tomar posse das reservas de petróleo da Líbia, desestabilizar a National Oil Corporation (NOC) e finalmente privatizar a indústria petrolífera do país, nomeadamente transferir o controle e propriedade da riqueza petrolífera Líbia para mãos estrangeiras. A National Oil Corporation (NOC) está classificada entre as 25 maiores 100 companhias de petróleo do mundo. A planejada invasão da Líbia, a qual já está em curso, é parte da "Batalha pelo petróleo" mais vasta.
Aproximadamente 80 por cento das reservas de petróleo da Líbia estão localizadas na bacia do Golfo de Sirte da Líbia Oriental. (Ver mapa abaixo) A Líbia é uma economia valiosa. "A guerra é bom para os negócios". O petróleo é o troféu das guerras efetuadas pelos EUA-OTAN.
Confira a lista das nove primeiras, conforme o valor de mercado:
1 – Exxon Mobil (EUA) – 512*
2 – Shell (Holanda) – 264
3 – Petrobras (Brasil) – 235
4 – BP (Reino Unido) – 231
5 – Total (França) – 198
6 – Chevron (EUA) – 197
7 – Eni (Itália) – 145
8 – Conoco Philiphs (EUA) – 141
9 – Repsol (Espanha) – 44
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