Solo: Noções
Uma rocha submetida à ação da água, às oscilações de temperatura e à atuação de seres vivos (animais e vegetais) irá, com o tempo, desintegrar-se e decompor-se. Os minerais que a compõe irão se fragmentar e se separar em pedaços cada vez menores, até dar origem ao solo.
O solo é, então, formado pelas partículas dos minerais que compõem uma rocha.
Para a geologia: O solo é uma rocha suficientemente decomposta.
Entretanto, para a agronomia, esse conceito não é suficiente. Ela se preocupa, entre outras coisas, com a produção agrícola, com a produtividade, com o desenvolvimento dos vegetais plantados, para assegurar boas colheitas. Assim, para a agronomia, o solo precisa, entre muitos outros fatores que veremos possuir vida, isto é, vida microbiana ou microrganismos.
As plantas precisam de matéria orgânica – o húmus. É quem produz a matéria orgânica nos solos são os microrganismos que aí existem. Eles atuam sobre as folhas, galhos, gravetos, flores e troncos caídos no chão e ainda sobre animais, insetos, aves, etc. mortos, transformando-os em matéria orgânica. O húmus ou matéria orgânica é rica em sais minerais importantes para o desenvolvimento das plantas.
Com essas explicações, compreende-se por que para a agronomia: Solo é a camada superficial da crosta terrestre resultante da desagregação e decomposição das rochas e que possui vida macrobiótica.
Procurando compreender melhor o solo, devemos considerar que ele é um corpo tridimensional, ou seja, possui comprimento, largura e espessura. Cada uma dessas dimensões exerce influência na escolha e no manejo de uma lavoura ou cultura.
Seu limite superior é a superfície terrestre e seu limite inferior é dado pelo limite de atuação dos agentes biológicos e climáticos, ou seja, é definido pelos processos pedogênicos ou pelo lugar onde estes cessam.
Os extremos do solo não se dão em um curto espaço de tempo. Pode exigir de 100 até 2.500 anos e depende de vários fatores: umidade, oscilações de temperatura, ação biológica (animais e vegetais) e da própria resistência da rocha ao desgaste ou à meteorização.
O tempo de formação do solo é determinado pela rapidez com a rocha-mãe ou matriz, isto é, aquela que dá origem, é meteorizada. De início ela é desgastada, formando o regolito, ou seja, material decomposto que repousa diretamente sobre a rocha matriz sem ter sofrido transporte ou ter sido removido pela água da chuva, pelo vento, pelas geleiras em seus deslocamentos e por outros agentes.
O regolito é um material que, segundo a edafologia, ainda não sofreu o processo de edafização, ou seja, não se transformou em solo agrícola. Constitui a primeira fase da formação do solo.
Se por um lado o solo precisa de centenas ou milhares de anos para se formar, por outro lado ele pode ser destruído ou prejudicado rapidamente. Em apenas dez anos de intervenção inadequada, despreocupada ou irresponsável, em relação a esse valioso recurso natural, podemos aniquilar vários centímetros de solo.
A formação do solo: o intemperismo físico, químico e biológico.
Intemperismo é o conjunto de ações físicas (ou mecânicas), químicas e biológicas que causam a desagregação e a decomposição das rochas. Seu resultado final é a formação do solo. No intemperismo físico, o agente causador é a temperatura, no químico é a água e, no biológico, os seres vivos. Mas é importante observar que eles agem conjuntamente e, dependendo do clima, predomina um ou outro.
O intemperismo físico
No decorrer do dia, o aquecimento da Terra, ou seja, do solo, das águas, da vegetação e das rochas pelos raios solares provoca, nestas últimas, a dilatação dos minerais que as compõem. Durante a noite e a madrugada, com a diminuição da temperatura do ar atmosférico, em vista do processo de irradiação do calor solar na Terra, os minerais das rochas de contraem. A dilatação e a contração desses minerais, durante muito tempo, causam o ponto de fadiga dos minerais e sua desagregação, da mesma forma que um arame se rompe quando submetido a movimentos contínuos de dobra e desdobra.
Assim, no decorrer do tempo, a rocha vai se quebrando, partindo-se em pedaços cada vez menores, transformando-se em materiais soltos. Esse processo recebe o nome de intemperismo físico ou mecânico. Quando ele ocorre devido às mudanças de temperatura, fala-se em desagregação por termoclastia (do grego klástós, ou seja “que quebra”, portanto, que quebra por ação da temperatura).
Quando ele ocorre devido a pressão do congelamento ou degelo da água nas fendas ou diáclases das rochas (a água, ao se congelar, aumenta de volume em cerca de 9%) fala-se em desagregação por crioclastia (do grego Kyros, isto é, “gelo”; assim se fala em quebra ou desagregação por ação do gelo).
Existe ainda uma terceira forma de desagregação dos minerais das rochas. Ela é causada pelo trabalho destruidor do encontro de partículas ou materiais transportados pelos ventos, pelas geleiras, pelo mar e pelos rios com a rocha. Esse processo é conhecido pelo nome de abrasão.
A desagregação dos minerais das rochas pode ainda ocorrer sob a forma de esfoliação esferoidal, ou seja, em forma de casca de cebola. Isso ocorre seguindo as isotermas da rocha, isto é, as linhas de igual temperatura. Para que a esfoliação ocorra, a rocha precisa possuir três direções de planos formando um vértice. O maior aquecimento se dá justamente no vértice, pois ele oferece três faces de exposição; em seguida, nas arestas, que possuem duas faces, e, finalmente, no meio da face. O maior desgaste ocorre nos vértices e nas arestas, resultando daí a esfoliação esferoidal, ou seja, a formação de rochas esféricas, denominadas matacões.
O intemperismo químico.
Quando chove ou existe elevada umidade no ar atmosférico, a água e o vapor de água entram em contato com os minerais das rochas.
A água da chuva, apesar de naturalmente destilada, não é pura. Possui gases, principalmente o gás carbônico, que tem um poder corrosivo sobre os minerais e, juntamente com a água, participa no processo de decomposição da rocha. Além do gás carbônico, outros ácidos exercem ação no intemperismo químico: os ácidos orgânicos, originários do metabolismo de microrganismos; os ácidos, sulfúricos, resultantes da decomposição da pirita, e outros.
A decomposição química dos minerais das rochas provocada pela água e pelos gases e ácidos vai, por conseguinte, ao longo do tempo, transformando a rocha – decompondo-a , dando origem ao solo.
O intemperismo químico ocorre principalmente nas regiões de clima úmido, como, por exemplo, no Brasil, onde predomina o clima quente e úmido, controlado por massas de ar equatoriais e tropicais. As temperaturas quentes criam condições satisfatórias para o desenvolvimento da vegetação e favoráveis para o aumento da quantidade de gás carbônico e ácidos orgânicos, substâncias de grande ação no processo de decomposição química das rochas, conforme já vimos.
A esfoliação esferoidal ocorre também no intemperismo químico. Aliás, e nesse tipo de intemperismo que ela ocorre mais comumente e obedecendo ao mesmo processo descrito no intemperismo físico: primeiro nos vértices da rocha; em seguida, nas arestas; por último, no meio da face.
O intemperismo químico não é somente o agente de formação de matacões, mas também do relevo arredondado, das “meias- laranja” ou dos “mares de morro” das regiões tropicais úmidas, como ocorre em parcelas do território brasileiro.
O Pão de Açúcar é uma grande elevação constituída por rochas gnáissica (rocha metamórfica). Possui 300 metros de altitude e se localiza na entrada da Baia de Guanabara, na cidade do Rio de Janeiro. É uma denominação brasileira para designar os cumes arredondados e abruptos do relevo. Daí falar-se também, em relevo em “pães de açúcar”. O agente de formação desse tipo de relevo é principalmente o intemperismo químico, que atua de forma considerável em regiões onde predomina o clima quente e úmido.
O Intemperismo Biológico
Os animais e vegetais também participam do processo de formação do solo.
As bactérias, os fungos, as algas, os líquens e os musgos exercem seu papel produzindo nitratos, ácidos orgânicos, gás carbônico e outras substâncias, que , uma vez incorporados à água, agem sobre os minerais das rochas, auxiliando em sua decomposição.
O tatu, por exemplo, ao fazer o buraco no solo facilita a penetração da água e de substâncias químicas nela existentes.
Encontrando condições favoráveis, certas plantas podem se desenvolver nas fendas das rochas. O crescimento de suas raízes, ao exercer uma força ou pressão nas paredes das fendas, contribuem para processo de desagregação mecânica das rochas.
Fonte : Melhem Adas e Sergio Adas/ PANORAMA GEOGRÁFICO DO BRASIL.
5 comentários:
Ajudou-me bastante, obrigado!
Muito esclarecedor. Obrigado
As pedras ao longo da rodovia Dom Gabriel, mas parece resultado de uma explosão de um vulcão, sao inúmeras e algumas imitando arte. É possível? Já que se falam que o centro de Cajamar do alto se parece uma cratera.
Excelente matéria rica pois é muito abrangente. obrigado.
ótimo conteúdo, me tirou várias dúvidas :)
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