Como funciona a semaglutida no organismo?
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o medicamento Wegovy (semaglutida 2,4mg) para tratar sobrepeso (em caso de comorbidades) e obesidade no Brasil.
Por Gabi Dallo
A obesidade é uma doença crônica multifatorial que afeta 650 milhões de adultos em todo o mundo. O médico do esporte, com atualização em medicina integrativa, Dr. Victor Lamônica explica que a obesidade, está associada a uma série de complicações de saúde física e mental, incluindo fatores de risco para doenças cardiovasculares, doença cardíaca coronária, insuficiência cardíaca, hipertensão e fibrilação atrial.
A intervenção abrangente no estilo de vida continua sendo a pedra angular do tratamento da obesidade, no entanto, as perdas de peso inferiores ao desejável e as recuperações de peso são cada vez mais comuns.
O medicamento que suprime o apetite é o primeiro injetável aprovado no Brasil para esse fim e deve ser aplicado semanalmente sob supervisão médica.
A semaglutida subcutânea de 1,0 mg uma vez por semana foi aprovada pelo FDA dos EUA em 2017 e pela EEMA em 2018 para o tratamento do diabetes tipo 2. Uma versão oral diária do medicamento, na dose máxima de 14 mg, foi aprovada para o tratamento de diabetes tipo 2 nos EUA em 2019 e na Europa em 2020. A dose de semaglutida para controle de peso é de 2,4 mg injetados por via subcutânea uma vez por semana (no mesmo dia de cada semana, com ou sem refeições). Esta dose foi selecionada com base em um estudo clínico de fase 2.
A semaglutida já foi aprovada pela Anvisa em 2018 para outra função: o tratamento de diabetes tipo 2, por meio do medicamento Ozempic.
Ainda não há data para que o Wegovy chegue ao mercado. Isso porque após a aprovação da Anvisa, é necessário aguardar a finalização de outros processos como a definição de preços pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos.
O anúncio feito na segunda-feira se baseia nos achados de uma série de experimentos clínicos, que demonstraram que aqueles que consumiram o medicamento por mais de um ano apresentaram, em média, uma redução de 17% de gordura corporal.
De acordo com um comunicado da agência, este medicamento é indicado para pacientes que apresentem pelo menos uma doença crônica relacionada ao sobrepeso, tais como: hiperglicemia (pré-diabetes ou diabetes mellitus tipo 2), hipertensão, dislipidemia, apneia obstrutiva do sono ou doença cardiovascular.
Como funciona a semaglutida no organismo?
A semaglutida é um análogo do GLP-1 que demonstrou reduzir a ingestão de energia, reduzir a fome e aumentar a sensação de saciedade. Foi comprovado que esse resultado se originou a partir da estimulação do receptor GLP-1 no Sistema Nervoso Central, o que, por sua vez, proporcionou modulação adicional aos neurônios relacionados à regulação do apetite, além de interferir na ingestão e na preferência de alimentos.
“Entretanto, vale lembrar que o remédio deve ser aliado a medidas como uma alimentação saudável, atividades físicas, controle emocional, consultas e exames, condições presentes nos estudos que demonstraram bons resultados para perda de peso por meio do remédio.” ressalta o médico Dr. Victor Lamônica.
Os médicos também lembram que prescrição e acompanhamento médicos para uso da semaglutida são estritamente necessários.
Esta pesquisa revelou que os participantes que utilizaram Wegovy tiveram uma média de redução de 17% em seu peso corporal em 68 semanas, o que equivale a aproximadamente 1 ano e meio, comparado ao grupo que recebeu placebo, que obteve uma redução média de apenas 2,4%.
No entanto, os estudos usaram o medicamento como um coadjuvante porque a perda de peso também incluiu aumento de atividades físicas e alimentação adequada.
Existem Contraindicações?
Distúrbios gastrointestinais (geralmente náusea, diarreia, vômito e constipação) foram os eventos relatados. A maioria dos eventos gastrointestinais foi de gravidade leve a moderada, transitória e resolvida sem interrupção permanente do regime.
“O medicamento não é recomendado para grávidas ou pessoas que estejam amamentando. Ele deve ser descontinuado ao menos dois meses antes de uma gravidez planejada.” finaliza o Dr. Victor Lamônica.
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in EcoDebate, ISSN 2446-9394
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