segunda-feira, 18 de março de 2019

DILMA-TEMER GERARAM O PIOR OCTCÊNIO DA ECONOMIA E A RECUPERAÇÃO MAIS LENTA.

Dilma-Temer geraram o pior octênio da economia e a recuperação mais lenta, artigo de José Eustáquio Diniz Alves


taxas anuais de crescimento do PIB e média móvel de oito anos
[EcoDebate] Os últimos 8 anos não foram nada bons para a economia brasileira. A renda per capita brasileira ficou praticamente estacionada desde 2010. O Brasil teve um octênio perdido durante os 8 anos dos governos Dilma Rousseff e Michel Temer.
Em consequência, o país está estagnado e ficando para trás em relação à média da economia internacional. A cada dia se confirma a vocação para uma nação submergente.
O IBGE divulgou no dia 28 de fevereiro que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2018 foi de 1,1%. Isto confirma que o crescimento médio do PIB brasileiro, nos 8 anos compreendidos entre 2011 e 2018, foi de 0,53% ao ano, enquanto o crescimento da população foi de 0,8% ao ano. Portanto, houve redução da renda per capita. Foi o pior desempenho para um período de oito anos desde o final do século XIX. Na média, os cidadãos brasileiros ficaram mais pobres no octênio administrado pela dupla Dilma-Temer, que foram os candidatos vencedores das eleições de 2010 e 2014, graças à aliança central entre PT-PMDB (juntamente com diversos outros partidos).
O gráfico acima mostra as taxas anuais de crescimento do PIB entre 1898 e 2018 (linhas azuis) e a média móvel de oito anos – octênio (linha vermelha). A economia brasileira apresentou resultados negativos na primeira metade do século XX nos seguintes anos: 1900, 1902, 1908, 1914, 1918, 1930, 1931, 1940 e 1942. O único biênio de recessão foi em 1931 e 1932. Na segunda metade do século XX houve declínio do PIB nos anos de 1981 e 1983 (governo Figueiredo), pequena recessão em 1988 (governo Sarney) e outra enorme recessão em 1990 e 1992 (governo Collor). No século XXI houve uma pequena recessão em 2009 (governo Lula) e uma profunda recessão no biênio 2015 e 2016, com recuperação muito lenta em 2017 e 2018. Só duas vezes na história, deste período de 120 anos, houve recessão por dois anos consecutivos.
Considerando a média móvel de 8 anos, em todo o período, o atual octênio (2011-2018) apresenta o pior resultado em mais de um século, seguido pelo octênio que cobre os governos Sarney e Collor. Todos os octênios entre 1901 e 1987 apresentaram crescimento médio anual acima de 2,9% ao ano. Até hoje, o pior octênio tinha sido o de 1987-1994 que apresentou crescimento médio de 1,56% ao ano. Todavia, com a divulgação do PIB de 2018 (1,1%), pelo IBGE, o octênio 2011-2018 apresentou crescimento de somente 0,53% ao ano, o pior desempenho do período.
Ainda segundo dados do IBGE, a população brasileira era 17 milhões de habitantes em 1898 e passou para 208 milhões em 2018, um crescimento de 12,2 vezes em 120 anos, ou 2,1% ao ano. A economia brasileira cresceu 192,7 vezes no período, ou 4,5%, ao ano, na média dos 120 anos. Isto quer dizer que a renda per capita cresceu 15,7 vezes entre 1898 e 2008, ou 2,4% ao ano. O período de maior crescimento foi entre 1968 e 1973 (conhecido como “milagre econômico”) quando o PIB cresceu 11% ao ano e a população cresceu 2,5% ao ano. Portanto, a renda per capita cresceu 8,5% ao ano entre 1968 e 1973.
O contraste com a situação atual é marcante, pois, como vimos, entre 2011 e 2018, o PIB cresceu 0,53% ao ano e a população cresceu 0,8% ao ano. O resultado foi a redução da renda per capita em – 0,27 ao ano. A população brasileira, na média, ficou mais pobre no octênio Dilma-Temer.
O gráfico abaixo, com dados do FMI, mostra que entre 1980 e 2014 o Brasil tinha renda per capita pouco acima da renda per capita da América Latina e Caribe (ALC) e bem acima da renda per capita média mundial. Por exemplo, em 1980, o Brasil tinha renda per capita de US$ 4,8 mil, a ALC de US$ 4,6 mil e o mundo de US$ 3 mil. Em 2014, foi o último ano em que o Brasil teve renda per capita superior do que a média da ALC e do mundo. A partir de 2015 o Brasil ficou para trás. As projeções do FMI para 2020 mostram o Brasil com renda de US$ 17,4 mil, a ALC de US$ 17,6 mil e o mundo de US$ 19,6 mil). O Brasil não perde apenas para os países mais dinâmicos, como China e Índia, mas perde inclusive para a média da ALC e a média global.
renda per capita do mundo, Brasil, América Latina e Caribe
Desgraçadamente, o Brasil vive a sua segunda década perdida. O gráfico abaixo mostra que a nação brasileira – pela primeira vez na história – entre 2011 e 2023 deve ficar, pelo menos 13 anos (trecênio) crescendo abaixo do ritmo médio da economia mundial. Isto nunca tinha acontecido antes e pode estar se tornando a nova norma, num processo de estagnação secular. O nível do PIB per capita brasileiro de 2013 só deve ser recuperado em 2023, se a economia crescer em torno de 2% ao ano no quadriênio 2019 a 2022.
crescimento anual do PIB do mundo e do Brasil
Estes 13 anos (trecênio: 2011-2023) em que o Brasil cresce menos que a média mundial vieram no pior momento possível pois o país está desperdiçando os últimos momentos da janela de oportunidade demográfica e pode representar o fim do sonho da construção de um país próspero, de renda per capita alta e de alto Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). O drama brasileiro é que o bônus demográfico só acontece uma vez na história de cada país e não aproveitá-lo pode significar a condenação à condição de país eternamente acorrentado ao subdesenvolvimento.
As projeções para 2019 não são muito diferentes da mediocridade das últimas décadas. Logo depois do Carnaval, os economistas do mercado financeiro reduziram para 2,3% expectativa de crescimento do PIB de 2019 (a projeção anterior era de 2,48%). Também a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) reduziu as estimativas de crescimento para o Brasil em 0,2 ponto em 2019, a 1,9%, mantendo a projeção de expansão de 2,4% em 2020.
Permanecendo as tendências dos últimos 40 anos (desde que o Brasil passou a crescer menos que a média mundial) o país vai ficar preso à “armadilha da renda média” e jamais conseguirá dar um salto para o grupo de nações de alta renda. Com o agravamento das questões sociais e das questões ambientais o futuro não parece muito promissor. A não ser que haja uma mudança geral de mentalidade e de atitude, o que não se vê muito em Brasília.

José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 13/03/2019

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