segunda-feira, 1 de maio de 2017

FORMAÇÃO DE DESERTOS

Entenda as principais diferenças na formação dos vários tipos de deserto

Ação do tempo e condições climáticas dão origem às diferentes características

Globo Ecologia deste sábado teve como tema a desertificação. Os desertos são regiões improdutivas que podem ser gerados pela ação humana direta, a partir da erosão de terras produtivas por técnicas de cultivo inadequadas e desmatamento descontrolado. No entanto, há muitos desertos constituídos pela própria natureza. Dos desertos polares aos desertos de fósseis, muitas dessas regiões foram transformadas pela ação do tempo e das condições climáticas.
Henry Sun explica que o porblema dos desertos polares não é falta de água (Foto: Dilvulgação)Henry Sun explica que o problema nos desertos
polares não é falta de água (Foto: Dilvulgação)
Henry Sun, do Desert Research Institute, em Las Vegas (EUA), é especialista em Microbiologia de Deserto. O pesquisador, que recentemente realizou estudos no Deserto Vales Secos de McMurdo, na Antártica, explicou características dos diferentes tipos de desertos que existem:
Desertos em regiões de ventos contra-alísios
Os ventos contra-alísios ocorrem em duas faixas do globo terrestre divididas pela Linha do Equador, se formando pelo aquecimento do ar junto à Região Equatorial. Estes ventos secos dispersam as nuvens, permitindo que os raios solares aqueçam mais o solo. A maioria dos grandes desertos do planeta se encontra em regiões cruzadas por ventos contra-alísios, sendo o principal deles o Deserto do Saara, no Norte da África.
Desertos de monção
Monção é o termo utilizado para se referir a um sistema de ventos que muda fortemente entre as estações. As monções ocorrem devido às variações de temperatura entre os continentes e os oceanos.
Os ventos alísios do sul do Oceano Índico, por exemplo, despejam densas chuvas na Índia ao chegarem à costa. Conforme a monção cruza o país, ela perde sua umidade no lado oriental da cadeia montanhosa de Aravalli. O deserto indiano do Rajastão e o Deserto Thar, no Paquistão, são partes de uma região de monção a oeste desta cadeia de montanhas.
Desertos de latitudes médias
Os desertos de latitudes médias são encontrados em regiões entre os trópicos - de Câncer no hemisfério norte e de Capricórnio no sul - e os círculos polares - Ártico e Antártico. Esse tipo de deserto está em bacias de escoamento de água distantes dos oceanos e tem grandes variações de temperaturas anuais.
“Todos os desertos tem que ter alguma precipitação de chuva ou nada irá crescer lá. As precipitações podem ter origem em diferente condições climáticas”, explica Henry Sun.
O Deserto de Mojave, na Califórnia, e o Deserto de Sonora, no Arizona, ambos nos Estados Unidos, são exemplos de deserto de latitude média. Embora sejam muito próximos geograficamente e tenham ecossistemas semelhantes, eles obtêm a sua umidade a partir de sistemas meteorológicos diferentes. No Mojave, a chuva vem pela corrente de ar do Oceano Pacífico e ocorre principalmente no inverno e início da primavera. No Deserto de Sonora, a chuva é trazida pela monção de verão.
Desertos costeiros
"Um exemplo é o Deserto do Atacama, no Chile, que se encontra em uma região de sombra de chuva dupla. A chamada sombra de chuva ocorre quando o ar frio ocupa menos umidade que o ar quente", explica Sun. Assim, quando um elevado de montanhas paralelo à costa está no caminho de uma corrente de vento e força a massa de ar para cima, a umidade é precipitada em forma de neve ou chuva. “Quando a precipitação ocorre e cai no outro lado do elevado, o ar é seco”, completa o pesquisador.
No oeste do Atacama, o elevado costeiro bloqueia a umidade do Pacífico. No leste, os Andes bloqueiam a umidade da corrente de ar oriunda da Amazônica. “É por isso que o Atacama é um dos desertos mais secos do planeta”, afirma o pesquisador.
Desertos polares
Os desertos polares estão localizados principalmente no hemisfério sul, na Antártida e no hemisfério norte, na Groelândia. São desertos quase todo cobertos de rocha ou cascalho. Essas regiões sofrem não de falta de água, por causa do gelo, mas por uma quantidade muito escassa dela no estado líquido. “Na Antártida, por exemplo, há áreas em que o solo está exposto, mas não cresce vegetação”, ressalta Henry Sun.
Paleodesertos - ou desertos fósseis
Sedimentos de dunas já foram encontrados em áreas que hoje não são desérticas. Por meio de análises arqueológicas e de vegetação, foi comprovado que a ação do tempo e das condições climáticas transformou vastas áreas de desertos do planeta. Há mais de 10.000 anos, partes de algumas dessas regiões eram mais áridas do que são hoje.
Atualmente, algumas antigas regiões de dunas são florestas tropicais úmidas. As montanhas de areia chamadas Sand Hills, por exemplo, são campos de dunas inativos de 57.000 quilômetros quadrados no centro de Nebraska, nos Estados Unidos. O que já foi o maior mar de areia no hemisfério norte, hoje é estabilizado por vegetação e possui um alto nível de chuvas anual.
Desertos em outros planetas
Marte é o único dentre os outros planetas do Sistema Solar no qual já foram identificados desertos eólicos (de ventos). Apesar da pressão atmosférica em sua superfície ser de apenas 1% da terrestre, os padrões de circulação atmosférica nesse planeta formaram um mar de areia com mais de 5 milhões de quilômetros quadrados, maior que os desertos da Terra.
“Marte é interessante porque os cientistas acreditam que a vida microbiana extraterrestre poderia existir ou ter existido no passado”, afirma Sun. Por esta razão, o tipo de microrganismos que são encontrados se desenvolvendo em desertos terrestres, assim como os que podem crescer dentro de rochas, proporcionam um modelo para a possível existência de vida em Marte.
Fonte  : Globo Ecologia

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