sábado, 17 de março de 2018

AGRICULTURA DE VAZANTE

Agricultura de vazante, artigo de Roberto Naime


artigo

[EcoDebate] A exploração agrícola de vazantes de açude em pequenas áreas com “irrigação de salvação” garante a produção e não compromete a oferta de água para os consumos humano e animal.
São as faixas de terras situadas às margens dos açudes, barragens, lagoas e leitos dos rios, que são cobertas pelas águas durante o período chuvoso e descobertas durante a época seca.
A técnica de cultivo tradicional de vazante é bastante antiga e conhecida pelos agricultores. O preparo do solo é bastante simples. É feita uma limpeza da área que foi descoberta pelas águas e, em seguida, é feita a abertura de covas no plano ou covas viradas.
O sistema de covas viradas, que é indicado para as culturas de batata-doce ou macaxeira, além de demorado, exige bastante força física. Nestes dois sistemas, não é possível se fazer irrigação de salvação, pois, dependendo da cultura, pode haver uma perda parcial ou total
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), unidade Semiárido vem implantando unidades de observação em vazantes aplicando a técnica de manejo de solo e água capaz de garantir o sucesso das culturas implantadas. A técnica consiste na determinação das curvas de nível formadas pelo nível da água armazenada no açude
Para fazer o preparo do solo com tração animal, recomenda-se que se faça uma linha paralela à curva formada pela linha da água. Isto se faz necessário porque o solo deve estar firme para facilitar o trabalho do animal. Esta prática aproveita melhor a umidade do solo
Os sulcos e camaleões formados orientam o plantio e facilitam a irrigação de salvação quando se faz necessária.
Nas Unidades de Observação instaladas com batata-doce e guandu, em parceria com os agricultores, o sistema de sulcos e camaleões em curvas de nível, sem uso de adubação e sem agrotóxicos, proporcionou produtividade de até 12 t/ha de batata-doce e 856 kg/ha de grãos de feijão guandu.
Outras culturas estão despertando o interesse dos agricultores tais como o guandu para produção de grãos e produção de forragem
FREITAS et al (2008) asseveram que dentre as formas de erosão hídrica do solo, a erosão em entre-sulcos, muito empregados em agricultura de vazante é uma das que causam maiores danos no processo produtivo dos solos utilizados na agricultura, por provocar perdas de solo, água e nutrientes.
Frente a isso, avaliam a proteção ambiental promovida pela cobertura vegetal da caatinga, do feijão-guandu e da batata-doce, associação muito utilizada em agricultura de vazante.
A cultura tradicional das regiões de seca, sempre determinou cultivos em leitos de cursos de água e fundos de açudes e lagos esvaziados durante os períodos de seca, para maximizar as vantagens de utilização de solos saturados em água e enriquecidos em matéria orgânica e nutrientes.
Referências:
FREITAS, Francisco José de; CANTALICE, José Ramon Barros; BEZERRA Sandro Augusto; SILVA, Maria Daniela Rodrigues de Oliveira SANTOS, Paulo Medeiros do; CORREA, Rossini Matos; LIMA, Priscila Alves; FIGUEIRA, Sandro Barbosa. Erosão em entressulcos sob caatinga e culturas agrícolas. Rev. Bras. Ciênc. Solo vol. 32 no. 4 Viçosa July/Aug, 2008
Agricultura de vazante: uma opção de cultivo para o período seco.
Autoria: ARAUJO, F. P. de; PORTO, E. R.; SILVA, M. S. L. da
Resumo: O trabalho informa que a exploração de vazantes de açude em pequenas áreas com irrigação de salvação, garante a produção e não compromete a oferta de água para os consumos humano e animal.
Ano de publicação: 2004
Tipo de publicação: Folhetos
http://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/CPATSA/30063/1/INT56.pdf
Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.
Sugestão de leitura: Civilização Instantânea ou Felicidade Efervescente numa Gôndola ou na Tela de um Tablet [EBook Kindle], por Roberto Naime, na Amazon.
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 15/03/2018

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