Depois de São Paulo, agora é a vez das autoridades de Minas Gerais e do Rio de Janeiro admitirem oficialmente que já há planos de racionamento de água nos dois Estados. Com o agravamento da crise hídrica na região Sudeste, o coração econômico do país, o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, afirmou que o Brasil também enfrentará “problemas graves” no fornecimento de energia, inclusive um possível racionamento, se os reservatórios das principais hidrelétricas do país ultrapassarem o limite mínimo “prudencial” de 10% de armazenamento de água. Braga participa de uma reunião com o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, na tarde desta sexta-feira, para discutir a crise no setor.
A reportagem é de Heloísa Mendonça, publicada pelo jornal El País, 23-01-2015.
Em Minas Gerais, a presidenta da Copasa (Companhia de Saneamento de MG), Sinara Meireles Chenna, disse que a situação dos reservatórios no Estado está “crítica”. Ela alertou, durante coletiva de imprensa nesta quinta-feira, que Minas pode ficar sem água dentro de quatro meses caso não chova ou a população não diminua o consumo em até 30%. “Se todo mundo continuar gastando o que estamos gastando, em quatro meses já não teremos mais nada. É preciso racionar água”, afirmou.
Nesta sexta-feira, a Copasa irá encaminhar ao Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) uma declaração da situação de escassez, que, caso seja aprovada, permitirá a empresa adotar mecanismos como racionamento de abastecimento e multas ou sobretaxas para os consumidores que abusarem da utilização da água.
No Rio, o secretário estadual do Ambiente, André Corrêa, afirmou que o Estado enfrenta a pior crise hídrica da região dos últimos 84 anos. Em entrevista à TV Globo nesta sexta-feira, Corrêa disse que a Cedae (Companhia Estadual de Águas e Esgotos) já tem um plano de racionamento de água, caso seja necessário. O nível do reservatório doParaibuna, o maior dos que abastecem o Rio de Janeiro, atingiu o volume zero pela primeira vez, desde a época que começou a ser feito. Segundo técnicos da secretaria, o volume morto pode durar, pelo menos, mais seis meses.
Após as declarações do secretário, o governador do Estado, Luiz Fernando Pezão, enfatizou que o Rio não deve enfrentar racionamento. De acordo com o jornal O Globo, Pezão afirmou que o Estado poderá suportar além do período da seca, mas reiterou que a população precisa contribuir com a economia de água. Ainda de acordo com a publicação,Pezão disse também que a tarifa de água não vai aumentar, uma vez que a Cedae já sinalizou que não há necessidade.
Racionamento de energia
Preocupado com a seca que assola a região Sudeste, o ministro Eduardo Braga admitiu que um racionamento de energia elétrica será decretado caso o nível dos reservatórios chegue ao limite chamado de "prudencial", estabelecido em 10%. Ele destacou, no entanto, que o Brasil está longe deste cenário.
"Mantido o nível que nós temos hoje dos reservatórios, nós temos energia para abastecer o Brasil. É óbvio que, se tivermos mais falta de água, se passarmos do limite prudencial de 10% nos nossos reservatórios, aí estamos diante de um cenário que nunca foi previsto em nenhuma modelagem”, afirmou.
Segundo os dados mais recentes publicados pelo site Operador Nacional do Sistema (ONS), os reservatórios no Sudeste/Centro-Oeste, os mais importantes para geração hídrica no país, estão em 17,43%.
“Nenhum reservatório de hidrelétrica pode funcionar com menos de 10% de água. Ele tem problemas técnicos que impedem que as turbinas funcionem. Portanto não é no Sudeste. É em qualquer lugar", destacou.
Braga se reuniu com o ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, nesta quinta-feira para tratar o assunto. "Estamos também muito preocupados com a situação hidrológica. Inclusive amanhã [nesta sexta-feira] teremos uma reunião na casa Civil com a ANA (Agência Nacional de Águas), o Ministério do Meio Ambiente, de Ciência e Tecnologia e outros, porque o nível hidrológico chegou a níveis mínimos em várias regiões", explicou.
Os reservatórios no Nordeste estão com 17,18% e os do Norte com 35,2%. Apenas a região Sul apresenta indicadores melhores, com 67,17%, de acordo com a ONS.
Fonte: Instituto Humanitas Unisinos
Fonte: Instituto Humanitas Unisinos
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