"Os indicadores do mercado de trabalho antecedem o que vem pela frente. A situação acima sintetizada encontra enorme capacidade ociosa nas empresas, que, assim como as famílias, passam por situação de alto endividamento. De outro lado, União, estados e municípios passam por gravíssima crise fiscal, aviltada com extorsivos juros sobre dívidas, subtração contínua dos investimentos públicos e privados, restrições às exportações, entre outros problemas. Todas as locomotivas que podem e devem puxar o trem da economia para o crescimento estão travadas", escreve Clemente Ganz Lúcio sociólogo, diretor técnico do DIEESE, membro do CDES – Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social.
Eis o artigo.
Há piora contínua neste semestre, inclusive no mês de outubro, dos indicadores que revelam o comportamento do mercado de trabalho brasileiro, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e o DIEESE e a Fundação Seade.
No segundo semestre, normalmente aumenta a oferta de postos de trabalho assalariados e de ocupações para trabalhadores autônomos e por conta própria. As empresas respondem à demanda de consumo das famílias, que regularmente cresce no segundo semestre, fazendo com que aumente a produção e o emprego. O círculo virtuoso de crescimento é encadeado.
Porém, pelo segundo ano consecutivo, o comportamento do mercado de trabalho é radicalmente outro. De maneira contínua, a ocupação encolhe, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, do IBGE (a Pnad Contínua). Em outubro, houve recuo de 2,6% na ocupação - em setembro, já tinha sido de 2,4%. O resultado foi influenciado pela queda das ocupações dos trabalhadores por conta própria (-3,2%), segmento que, em momentos de crise, tende a absorver parte dos trabalhadores assalariados desempregados.
A taxa de desemprego chegou a 11,8%, em outubro. No mesmo mês de 2015, foi de 8,9%. E a taxa de outubro de 2016 só não foi maior porque não houve crescimento da procura por emprego, o que indica, no contexto econômico atual, deslocamento de parte da força de trabalho para o desalento, ou seja, o trabalhador está tão desanimado diante da gravidade da situação, que passa a achar que nem vale a pena procurar emprego, porque não há!
O prolongamento do desemprego, com aumento do tempo de procura, e o fim das verbas rescisórias e do seguro-desemprego travam o orçamento familiar e provocam redução do consumo e aumento da inadimplência. E os bancos aproveitam: ao renegociar as dívidas dessas pessoas, jogam as taxas de juros para a estratosfera, retirando mais renda das famílias.
Os rendimentos do trabalho também têm caído, mas a queda ainda tem sido amenizada, porque a inflação tem recuado e o desemprego atinge os postos mais precários e com menores salários.
Entre 2014/2016, 6 milhões de trabalhadores tornaram-se desempregados e deixaram de ter renda para consumir. Com queda do rendimento real médio e um número menor de ocupados, cai a massa salarial. Em São Paulo, por exemplo, houve redução de 20 pontos no índice da massa salarial entre 2014 e 2016 (115 para 95). Massa salarial menor e altos juros são fatores que, combinados a outros, jogam a economia em depressão, estado para o qual caminhamos.
Não devemos nos deixar enganar: as inciativas em curso por parte do governo e dos empresários, a baixa capacidade de consumo das famílias e do setor exportador indicam que o Brasil constrói, para 2017, o terceiro ano consecutivo de recessão, com crescimento negativo do PIB.
Os indicadores do mercado de trabalho antecedem o que vem pela frente. A situação acima sintetizada encontra enorme capacidade ociosa nas empresas, que, assim como as famílias, passam por situação de alto endividamento. De outro lado, União, estados e municípios passam por gravíssima crise fiscal, aviltada com extorsivos juros sobre dívidas, subtração contínua dos investimentos públicos e privados, restrições às exportações, entre outros problemas. Todas as locomotivas que podem e devem puxar o trem da economia para o crescimento estão travadas.
A saída é uma forte agenda de investimento público e privado em infraestrutura social e econômica, para gerar emprego e demanda para a indústria em geral, com gastos sociais para recuperar renda, elevar a massa salarial e a arrecadação tributária. São necessárias medidas que permitam que empresas e famílias renegociem as dívidas, livres dos absurdos juros cobrados pelo sistema financeiro, além de ousada mudança na política monetária e reorganização da dívida pública e dos seus mecanismos perversos de indexação e de remuneração. Isso será feito?
Há piora contínua neste semestre, inclusive no mês de outubro, dos indicadores que revelam o comportamento do mercado de trabalho brasileiro, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e o DIEESE e a Fundação Seade.
No segundo semestre, normalmente aumenta a oferta de postos de trabalho assalariados e de ocupações para trabalhadores autônomos e por conta própria. As empresas respondem à demanda de consumo das famílias, que regularmente cresce no segundo semestre, fazendo com que aumente a produção e o emprego. O círculo virtuoso de crescimento é encadeado.
Porém, pelo segundo ano consecutivo, o comportamento do mercado de trabalho é radicalmente outro. De maneira contínua, a ocupação encolhe, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, do IBGE (a Pnad Contínua). Em outubro, houve recuo de 2,6% na ocupação - em setembro, já tinha sido de 2,4%. O resultado foi influenciado pela queda das ocupações dos trabalhadores por conta própria (-3,2%), segmento que, em momentos de crise, tende a absorver parte dos trabalhadores assalariados desempregados.
A taxa de desemprego chegou a 11,8%, em outubro. No mesmo mês de 2015, foi de 8,9%. E a taxa de outubro de 2016 só não foi maior porque não houve crescimento da procura por emprego, o que indica, no contexto econômico atual, deslocamento de parte da força de trabalho para o desalento, ou seja, o trabalhador está tão desanimado diante da gravidade da situação, que passa a achar que nem vale a pena procurar emprego, porque não há!
O prolongamento do desemprego, com aumento do tempo de procura, e o fim das verbas rescisórias e do seguro-desemprego travam o orçamento familiar e provocam redução do consumo e aumento da inadimplência. E os bancos aproveitam: ao renegociar as dívidas dessas pessoas, jogam as taxas de juros para a estratosfera, retirando mais renda das famílias.
Os rendimentos do trabalho também têm caído, mas a queda ainda tem sido amenizada, porque a inflação tem recuado e o desemprego atinge os postos mais precários e com menores salários.
Entre 2014/2016, 6 milhões de trabalhadores tornaram-se desempregados e deixaram de ter renda para consumir. Com queda do rendimento real médio e um número menor de ocupados, cai a massa salarial. Em São Paulo, por exemplo, houve redução de 20 pontos no índice da massa salarial entre 2014 e 2016 (115 para 95). Massa salarial menor e altos juros são fatores que, combinados a outros, jogam a economia em depressão, estado para o qual caminhamos.
Não devemos nos deixar enganar: as inciativas em curso por parte do governo e dos empresários, a baixa capacidade de consumo das famílias e do setor exportador indicam que o Brasil constrói, para 2017, o terceiro ano consecutivo de recessão, com crescimento negativo do PIB.
Os indicadores do mercado de trabalho antecedem o que vem pela frente. A situação acima sintetizada encontra enorme capacidade ociosa nas empresas, que, assim como as famílias, passam por situação de alto endividamento. De outro lado, União, estados e municípios passam por gravíssima crise fiscal, aviltada com extorsivos juros sobre dívidas, subtração contínua dos investimentos públicos e privados, restrições às exportações, entre outros problemas. Todas as locomotivas que podem e devem puxar o trem da economia para o crescimento estão travadas.
A saída é uma forte agenda de investimento público e privado em infraestrutura social e econômica, para gerar emprego e demanda para a indústria em geral, com gastos sociais para recuperar renda, elevar a massa salarial e a arrecadação tributária. São necessárias medidas que permitam que empresas e famílias renegociem as dívidas, livres dos absurdos juros cobrados pelo sistema financeiro, além de ousada mudança na política monetária e reorganização da dívida pública e dos seus mecanismos perversos de indexação e de remuneração. Isso será feito?
Fonte : Instituto Humanitas Unisinos
Nenhum comentário:
Postar um comentário