Emissões globais de CO2 devem crescer quase 3% em 2018, segundo projeções de pesquisadores
Cientistas projetam aumento das emissões globais de CO2 para 2018
ABr
As emissões globais de carbono devem crescer quase 3% em 2018, segundo projeções de pesquisadores do Global Carbon Project. O estudo aponta que as emissões de todas as atividades humanas podem atingir até o fim deste ano o volume de 41,5 bilhões de toneladas, sendo que 37,1 bilhões de toneladas são emitidas pela queima de combustíveis fósseis.
No ano passado, o crescimento registrado em relação a 2016 foi de 1,6%. O aumento deste ano encerra um ciclo de crescimentos abaixo de 2%, observados de 2014 a 2016. A constatação foi divulgada na quarta-feira (5) durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, na Polônia.
Para este ano, os cientistas avaliam que a concentração de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera pode chegar a 407 partes por milhão (ppm) em média, o que representa um aumento de 2,3 ppm em relação ao ano passado. O volume está 45% acima dos níveis pré-industriais, segundo o estudo.
O aumento é considerado o maior da história e foi impulsionado pelo uso de carvão por dois anos seguidos. O uso de carvão como combustível teve alta histórica em 2013 e, nos últimos anos, tem sido substituído por gás, energia eólica e solar em alguns países.
Apesar do crescimento médio anual de 15% do uso de energia renovável no mundo, a pesquisa mostra que o aumento no consumo de energia que emite carbono ainda é superior às iniciativas de descarbonização. O levantamento detectou aumento das emissões do transporte e que o uso de petróleo está crescendo na maioria das regiões, incluindo Estados Unidos e a Europa.
Os pesquisadores perceberam, entretanto, uma tendência crescente de mudança de fonte energética. Em 19 países as emissões caíram de 2008 a 2017 e as economias cresceram. Este resultado foi encontrado em Aruba, Barbados, República Tcheca, Dinamarca, França, Groenlândia, Islândia, Irlanda, Malta, Holanda, Romênia, Eslováquia, Eslovênia, Suécia, Suíça, Trinidad e Tobago, Reino Unido, EUA e Uzbequistão.
A coordenadora da pesquisa, Corinne Le Quéré, diretora do Centro Tyndall de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas e professora de Ciência e Política de Mudanças Climáticas da universidade britânica de East Anglia, alerta que as emissões de CO2 precisam diminuir em 20% até 2030 e zerar por volta de 2075 para que seja alcançada a meta do Acordo de Paris de limitar o aquecimento global até 2ºC.
Se considerar a meta mais ousada de 1,5ºC, a pesquisadora sugere que as emissões devem diminuir pela metade até 2030 e serem eliminadas até 2050.
“Estamos vendo um forte crescimento das emissões globais de CO2 novamente. O pico nas emissões globais de CO2 ainda não está à vista, mas as tendências de energia estão mudando rapidamente. Este ano, vimos como as alterações climáticas podem ampliar os impactos das ondas de calor em todo o mundo. Os incêndios florestais na Califórnia são apenas um exemplo dos impactos crescentes que enfrentamos se não reduzirmos as emissões rapidamente”, comentou Corinne.
Por Débora Brito, da Agência Brasil, in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 06/12/2018
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