Agenda 2030: qual o papel da tecnologia no plano de ação mais importante do planeta? artigo de Enio Klein
[EcoDebate] Muito se tem discutido sobre o futuro do planeta e da humanidade. O tema leva a uma pergunta simples, com respostas que podem ser alarmantes. O que será das gerações futuras se continuarmos a exaurir os recursos da terra no ritmo em que temos feitos nas últimas décadas?
Desde a fome e pobreza extrema até o modelo de consumo onde desperdício e falta de preocupação com a geração de resíduos que vem transformando o planeta em uma imensa lata de lixo, passando por alterações no clima que poderão nos levar a uma situação perigosa nos próximos anos; parece evidente que pessoas, sociedade, organizações e governos precisavam tomar uma ação efetiva.
A Agenda 2030 é o resultado da ação tomada em 2015 pelos 193 Estados-membros que aprovaram um conjunto de medidas ousadas e transformadoras par promover o desenvolvimento sustentável nos próximos 15 anos. Esta agenda é baseada em um conjunto de 17 ODS – Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável – e 169 metas que cada país, de acordo com suas próprias características, necessidades e prioridade possam adotar e atuar. O Brasil, obviamente, é signatário desta iniciativa global.
Você poderá se perguntar qual o seu papel individual e de sua organização nisso?
Para que essa agenda seja levada a efeito, todos nós temos papéis a cumprir. Como cidadãos, como executivos, empreendedores ou governantes. Identificar os impactos – negativos e positivos – em cada ODS e levar a efeito ações ou minimizar os negativos e potencializar os positivos é o trabalho que temos pela frente. No final do dia, a Agenda 2030 é um modelo de práticas para a sustentabilidade, onde todos nós devemos, na medida das possibilidades e prioridades de cada um, ajudar a construir a conformidade. Como indivíduos em nossos hábitos ou membros de organizações, como parte de suas cadeias de valor, todos temos essa responsabilidade.
Lideranças de agências da ONU e organizações internacionais apontam as tecnologias de informação e comunicação – as chamadas TIC – como papel decisivo para que possamos alcançar sucesso nos 17 ODS. Assim, um mar de oportunidades surge na indústria da tecnologia e comunicações. Para organizações e profissionais. A partir da promessa da Agenda 2030 de não deixar ninguém off-line e trazer o poder das tecnologias da informação e comunicação para todos, as TIC são vistas como aceleradoras de inovação e mudança. A ODS 9, que trata de Indústria, Inovação e Infraestrutura, tem suas metas muito relacionadas à tecnologia e comunicação, capazes de viabilizar as mudanças nos modelos de negócio necessárias à essa transformação.
O desafio nesta jornada é colocar as pessoas em primeiro lugar e no centro dessas transformações. Com as tecnologias de informação e comunicação, há o aumento evidente nas capacidades de reunir, analisar, gerenciar e trocar informações em diversas áreas, como agricultura, educação e saúde. Três dos assuntos mais importantes para a erradicação da pobreza e das desigualdades, assuntos tratados pelas ODS 1 e 10. ‘Big data’ possui enorme potencial para o benefício público e o acesso universal ao telefone celular, internet, assim como aos aplicativos que permitem as pessoas ter acesso a educação, saúde, serviços públicos e privados, oportunidades de emprego ou mesmo se comunicar com suas famílias certamente contribuirão como todas as ODS.
As TIC têm um papel fundamental – mesmo nos negócios – muito maior do que simplesmente mapear dados das pessoas para oferecer produtos ou substituir pessoas por robôs.
Enio Klein, CEO da Doxa Advisers; Professor de Pós-Graduação na Business School SP; Especialista em Transformação Digital
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 21/10/2019
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