Funai lamenta morte de Guarani-Kaiowá e pede fim de conflitos territoriais
Publicado em junho 15, 2016
A Fundação Nacional do Índio (Funai) divulgou nota na noite de ontem (14) lamentando o ataque a indígenas da etnia Guarani-Kaiowá em Mato Grosso do Sul que levou à morte de um deles, Cloudione Rodrigues Souza, 26 anos. A Funai disse que vai atuar para esclarecer o assassinato e estabelecer um diálogo com o Ministério da Justiça e outros órgãos pelo fim dos conflitos territoriais na região.
“A instituição manifesta sua solidariedade ao povo indígena Guarani-Kaiowá e o compromisso de atuar na mobilização das autoridades de segurança objetivando a apuração de responsabilidades pelo óbito e pela lesão aos indígenas que se encontram feridos. A instituição encontra-se, nesse momento, dialogando com o Ministério da Justiça, o Ministério Público Federal e a Polícia Federal para uma intervenção imediata na contenção do conflito na região”, diz o texto.
Ataque
Além da morte de Cloudione, pelo menos seis indígenas foram hospitalizados com ferimentos de arma de fogo, inclusive uma criança de 12 anos, após o ataque ocorrido na manhã de hoje.
De acordo com relatos obtidos pelo Conselho Indigenista Missionário (CIMI) e pelo Instituto Socioambiental (ISA), fazendeiros se aproximaram com caminhonetes, motocicletas e um trator e efetuaram os disparos. Fugindo dos tiros, os indígenas correram para dentro de uma reserva próxima.
A Funai lembrou que os Guarani-Kaiowá lutam há décadas pela regularização de seus territórios tradicionais e criticou a retaliação violenta de fazendeiros locais. “A Funai condena toda e qualquer reação desproporcional embasada em atos de força e de violência contra o povo indígena.”
“Como órgão indigenista oficial do Estado brasileiro, acredita no diálogo, no respeito mútuo e na construção de um pacto governamental e social amplo para solucionar os problemas enfrentados por povos indígenas e produtores rurais no Cone Sul do estado do Mato Grosso do Sul”, acrescentou.
A Secretaria Especial de Saúde Indígena do Ministério da Saúde (Sesai/MS) também lamentou o episódio e se referiu ao atentado como um ato “covarde”. Cloudione também era agente de saúde indígena.
“O jovem agente foi morto covardemente, por homens armados que atiraram em cerca de mil indígenas, incluindo quatro agentes de saúde indígena, que estavam reunidos no território próximo a aldeia Te’ Ýikuê, quando foram surpreendidos por homens armados, em aproximadamente 60 veículos.”
Por Marcelo Brandão, da Agência Brasil, in EcoDebate, 15/06/2016
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