O impacto ambiental do transporte aéreo
Setor é grande responsável pelas emissões de poluentes no mundo
A globalização é um processo que está diminuindo a distância entre os países e a aviação é uma das principais responsáveis. Mas poucos sabem sobre os danos do transporte aéreo ao meio ambiente.
De acordo com dados da Organização Internacional de Aviação Civil da ONU(ICAO), apenas no ano de 2011, foram transportados, aproximadamente, 2,7 bilhões de passageiros no mundo, o que representa um incremento de 75% em relação ao ano de 2003, quando foram transportados 1,66 bilhão de passageiros. Como um todo, o transporte aéreo representa 51% dos deslocamentos turísticos.
Em 2011, segundo a ATAG, que representa as empresas de transporte aéreo, a receita do setor girou em torno de US$ 539 bilhões. São 8,36 milhões de pessoas empregadas na indústria aeronáutica. O total chega a 56 milhões de pessoas empregadas direta e indiretamente que, juntos, representam uma movimentação de US$ 2,2 trilhões. São 1.586 empresas aéreas e 3.846 aeroportos comerciais espalhados pelo mundo.
Poluição do ar
O querosene é o principal combustível utilizado por aeronaves. Sua queima dá origem a diversos poluentes perigosos que contribuem com o aquecimento global, como o monóxido e o dióxido de carbono, os hidrocarburetos gasosos, e os óxidos de nitrogênio. Os voos comerciais, de acordo com a ATAG, geraram 676 milhões de toneladas de CO2 em 2011.
Com o avanço tecnológico, novos motores foram desenvolvidos, priorizando a eficiência e a diminuição da emissão de poluentes. Hoje, os motores das aeronaves emitem 20 vezes menos CO, CO2 e UHC em comparação com os modelos fabricados durante a década de 70.
Já as emissões de NOx estão relacionadas a uma questão mais complexa. O nitrogênio e o oxigênio presentes no ar se misturam graças à alta temperatura das câmaras de combustão dos motores, o que significa que o controle do NOx formado é muito mais complexo.
Perspectivas para o futuro
As empresas ligadas ao transporte aéreo têm demonstrado alguns esforços no sentido de diminuir o impacto ambiental das suas atividades. Um exemplo disso é a maior eficácia das turbinas atuais, que chega a ser 70% mais eficiente que as utilizadas nos anos 60.
Além disso, pesquisadores buscam combustíveis que agridem menos o meio ambiente. O bioquerosene, que é processado a partir da cana de açúcar proporciona uma diminuição de até 82% das emissões, de acordo com o estudo “O bioquerosene de aviação proveniente do açúcar da cana - pegada de carbono e padrões de sustentabilidade”, apresentado no evento Biocombustíveis Sustentáveis para Aviação, durante a RIO+20.
Companhias aéreas, como a alemã Lufthansa, já realizam voos comerciais utilizando biocombustível, fabricado a partir de uma mistura de 50% de óleo vegetal hidrogenado e 50% querosene para aviação, desde 2011. Empresas, como a americana Continental e a holandesa KLM, seguem pelo mesmo caminho. No Brasil, a GOL anunciou em 2012 que em 20 anos todos os seus aviões utilizarão biocombustíveis.
Outra novidade é o desenvolvimento de aviões movidos a energia solar. O Solar Impulse, modelo ainda em desenvolvimento, já estabeleceu recorde de tempo de voo para esse tipo de avião, com um voo de mais de 26 horas.
Alguns países já controlam as emissões dos aviões. Na Europa, companhias aéreas terão de pagar pela poluição atmosférica. Em um primeiro momento, as companhias aéreas estarão isentas de pagar por 85% das emissões.
Como contribuir
Aproximadamente 80% do CO2 emitido pelo transporte aéreo é proveniente de voos de mais de 1,5 mil quilômetros de distância, o que faz com que um substituto para viagens de longas distâncias praticamente não exista. Mas isso não significa que você não possa fazer nada.
De acordo com a ICAO, uma viagem de avião entre São Paulo e Miami representa um acréscimo de 960 quilos de CO2 a sua pegada de carbono. Já o trecho entre São Paulo e Rio de Janeiro, adiciona 112 quilos.
Uma possibilidade é a substituição de viagens comerciais por videoconferências, economizando tempo e dinheiro e diminuindo sua pegada de carbono.
A neutralização de carbono também é uma sugestão para atenuar o impacto ambiental das viagens de avião. A ideia é compensar as emissões de gás carbônico plantando árvores ou adquirindo os créditos disponíveis para comercialização. O aeroporto de Oregon, nos EUA, além de contar com painéis solares para geração de energia elétrica, possui um grande jardim vertical.
Alguns aeroportos também têm investido em tecnologia que permita menos emissões em suas atividades. O novo aeroporto da ilha de Galápagos é um exemplo, com mecanismos de energia eólica e solar. A água será fornecida por uma usina de dessalinização e será reutilizável graças a um sistema de tratamento interno.
No Brasil, o aeroporto internacional de Guarulhos também tem planos para diminuir o impacto ambiental das suas atividades. A empresa concessionária que agora administra o aeroporto planeja investir em um projeto para a utilização de biodiesel no transporte de atletas durante a Copa do Mundo de 2014, além da implantação de um projeto de gestão de resíduos sólidos.
O Aeroporto Internacional de São Francisco, nos EUA, possui metas muito mais ambiciosas. A ideia é zerar as emissões de carbono até o ano de 2020, com uma diminuição de 1,6 toneladas anualmente. Isso se daria através da utilização de um sistema de iluminação ecoeficiente, que utiliza a luz natural para diminuir a utilização de lâmpadas e do uso de ônibus movidos a biodiesel. Além disso, passageiros ganharão descontos se alugarem carros ecoeficientes e poderão comprar créditos de carbono para diminuirem o impacto ambiental de suas viagens.
Nenhum comentário:
Postar um comentário