Solo – Geoquímica e Meio Ambiente
Artigo de Carlos A. de Medeiros Filho
O perfil de solo pode ter suas características geoquímicas influenciadas por atuações antrópicas e, consequentemente, pode se constituir em importante marcador de condições ambientais.
Diversos metais pesados e contaminantes orgânicos podem ser incorporados ao solo por meio de fertilizantes e pesticidas; emissões de veículos a motor, atividades industriais, lixos e águas servidas das fossas e sumidouros.
Ban Ki-moon, diplomata e político sul-coreano, foi o oitavo secretário-geral da Organização das Nações Unidas, de 2007 até 2017. No dia o Dia Mundial do Solo de 2014, comemorado em 5 de dezembro, Ban Ki-moon transmitiu uma mensagem que reporta aspectos da importância dos solos para a humanidade.
Ele afirma que: sem solos saudáveis, a vida na Terra seria insustentável. Os solos são à base da agricultura. Eles fornecem aspectos vitais para o ecossistema e a base para alimentos, rações, combustíveis, fibras e produtos medicinais importantes para o bem-estar humano. O solo também é a maior armazenador de carbono orgânico, que é essencial para a mitigação e adaptação às mudanças climáticas. Em uma época de escassez de água, os solos são fundamentais para a sua adequada estocagem e distribuição. A degradação do solo, no entanto, é um problema a aumentar rapidamente em todas as partes do mundo. Cerca de 33 por cento dos solos globais já são degradados através da urbanização. A erosão do solo, esgotamento de nutrientes, salinidade, aridificação e contaminação são ameaças adicionais. Por muito tempo, o mundo aceitou o solo como algo garantido. Mas o solo é um recurso natural que não é facilmente renovado. Gestão sustentável do solo deve ser uma prioridade para todos. Mais adiante, o diplomata sul-coreano conclui: Uma vida saudável não é possível sem solos saudáveis (1).
A avaliação e o monitoramento da qualidade do solo representam uma questão fundamental para a política e gestão dos recursos ambientais. A qualidade do solo, entre muitas outras funções, é altamente relevante para a capacidade de fornecer serviços ecossistêmicos essenciais para os seres humanos, como a conservação da produtividade vegetal e animal e o fornecimento de alimentos e rações saudáveis. Este é um tópico importante para os formuladores de políticas que têm a responsabilidade de preservar a qualidade do solo e implementar medidas para remediar os solos poluídos. Elementos potencialmente tóxicos (EPT), sejam de origem geogênica ou antropogênica, podem constituir um risco à saúde humana e aos ecossistemas (2).
Estudos geoquímicos nas regiões urbanas e rurais podem fornecer conclusões gerais para a conservação da natureza e proteção do solo e estimativas de impacto ambiental. Somente considerando as características de toda uma região, com a multiplicidade de influências sobrepostas de várias fontes, é possível derivar métodos para estimar os perigos da complexa interação de fatores e determinar a sensibilidade dos sítios aos diferentes usos da terra (3).
Equilibrar o delicado ciclo geoquímico do solo no ambiente rural e urbano é um exercício desafiador. A geoquímica, como disciplina científica, tem proporcionado um conhecimento valioso sobre a mobilização, dispersão, deposição e distribuição de metais potencialmente tóxicos. O monitoramento sistemático e temporal da geoquímica dos solos, especialmente das concentrações de EPTs, permite construir um cenário consistente sobre os comportamentos e mudanças na qualidade do solo devido às atividades humanas, incluindo alterações no uso do solo e mudanças climáticas.
Referências Bibliográficas
1- Journal of Geochemical Exploration 154 (2015) 1 – 5.
2- Beonea, G.M.; Carinia, F.; Guidottia, L.; Rossib, R.; Gattia, M.; Fontanellaa, M.C.; Cenci, R.M. 2018. Potentially toxic elements in agricultural soils from the Lombardia region of northern Italy. Journal of Geochemical Exploration 190, 436–452.
3- Birke, M and Rauch, U.: 1994, Geochemical investigations in the urban areas of Berlin, Mineral Magazine 58A, 95–96, London (Mineralogical Society).
Carlos Augusto de Medeiros Filho, geoquímico, graduado na faculdade de geologia da UFRN e com mestrado na UFPA. Trabalha há mais de 35 anos em Geoquímica em Pesquisa Mineral e Ambiental.
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 18/11/2020
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