A elevação do nível do mar e o impacto no litoral brasileiro, artigo de José Eustáquio Diniz Alves
O Brasil é um dos países mais vulneráveis ao aumento do nível dos oceanos, pois possui uma linha costeira imensa e com várias cidades com alta densidade demográfica, como a cidade do Rio de Janeiro e a cidade de Santos.
“O oceano nos deu a vida, está na hora da gente retornar o favor”
Sylvia Earle, oceanógrafa
[EcoDebate] Um relatório divulgado pela Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA), em 19/01/2017, apresenta uma série de estimativas atualizadas para o futuro aumento do nível do mar, tanto nos Estados Unidos como em todo o mundo. Num cenário extremo e pouco provável, os níveis globais do mar poderiam aumentar 2,5 metros (8,2 pés) até o final do século. Mas o cenário mais provável seria uma elevação de 50 cm até 2100, com 96% de chances de ocorrer. O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) disse que o nível do mar poderá aumentar até no máximo 1,1 metro (3,6 pés) até 2100.
Mas os pesquisadores do clima do Instituto Niels Bohr da Universidade de Copenhagen acreditam que os níveis podem subir até 1,35 metros até 2100, no pior cenário de aquecimento. Usando dados históricos sobre a elevação do nível do mar para validar vários modelos nos quais o IPCC fez sua avaliação, eles encontraram uma discrepância de cerca de 25 cm, conforme tratado no artigo “The transient sensitivity of sea level rise”, publicado na revista Ocean Science.
Os pesquisadores disseram que os modelos usados pelo IPCC não eram sensíveis o suficiente, com base no que eles descreveram como um teste de “verificação da realidade”. “Não é uma boa notícia acreditarmos que as previsões anteriores são muito baixas”, disse o cientista de mudança climática Aslak Grinsted, coautor e professor associado do Instituto Niels Bohr.
O aumento das emissões de gases de efeito estufa fez a temperatura da Terra subir cerca de 1,2º Celsius em relação ao período pré-industrial. Em consequência, as áreas geladas do Planeta passaram a conviver com um aumento do degelo. Um dos lugares mais afetados é a Groenlândia que tem gelo suficiente para provocar a elevação do nível dos oceanos em 7 metros. A Antártica tem gelo suficiente para elevar os nível dos oceanos em 70 metros.
Portanto, basta 3% de degelo para que o nível médio dos oceanos suba cerca de dois metros. Isto seria suficiente para afetar, diretamente, a vida de pelo menos 2 bilhões de pessoas que vivem nas áreas costeiras e, indiretamente, de toda a população mundial.
O Brasil é um dos países mais vulneráveis ao aumento do nível dos oceanos, pois possui uma linha costeira imensa e com várias cidades com alta densidade demográfica, como a cidade do Rio de Janeiro e a cidade de Santos.
A chance de haver uma grande inundação provocada pelo avanço do mar paralisando as duas cidades ainda na metade do século XXI é muito grande.
Nos últimos 10 anos tenho escrito, no Ecodebate, diversos artigos mostrando os efeitos do aquecimento global e da elevação do nível do mar sobre as cidades brasileiras, o naufrágio dos deltas dos rios e os danos sobre as “benfeitorias” humanas.
A realidade é que toda a costa brasileira é vulnerável e deve passar por um agravamento dos desastres provocados pelos choques das ondas sobre as “malfeitorias” da civilização.
José Eustáquio Diniz Alves
Colunista do EcoDebate.
Doutor em demografia, link do CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/2003298427606382
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