domingo, 24 de setembro de 2017

IÊMEN : VIOLAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS

Assessor da ONU sobre genocídio alerta para situação no Iêmen; 7 milhões estão à beira da fome


Representantes das Nações Unidas expressaram preocupação com as contínuas alegações de graves abusos contra os direitos humanos no Iêmen. Os relatórios revelam mortes em massa de civis – incluindo crianças –, cometidas por todas as partes em conflito. A ONU pediu um mecanismo de investigação dos crimes cometidos.
Criança corre entre edifícios danificados por ataques aéreos em Sa'ada, no Iêmen. Até agosto de 2015, a área abrigava o mercado mais antigo da cidade, com milhares de pessoas vendendo alimentos, especiarias e tecidos em lojas e barracas de rua. Foto: OCHA/Giles Clarke
Criança corre entre edifícios danificados por ataques aéreos em Sa’ada, no Iêmen. Até agosto de 2015, a área abrigava o mercado mais antigo da cidade, com milhares de pessoas vendendo alimentos, especiarias e tecidos em lojas e barracas de rua. Foto: OCHA/Giles Clarke
Representantes das Nações Unidas expressaram preocupação com as contínuas alegações de graves abusos contra os direitos humanos no Iêmen. Os números revelam mortes em massa de civis – incluindo crianças –, cometidas por todas as partes em conflito.
De acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH), o total de vítimas civis verificadas desde março de 2015 é de 13.920, incluindo 5.159 pessoas mortas e 8.761 feridas.
Os números reais provavelmente serão “muito maiores”, disse o escritório, observando que os ataques aéreos da coalizão são a principal causa de baixas civis, inclusive de crianças.
Além disso, a ONU estima que 17 milhões de pessoas sofrem com a insegurança alimentar, incluindo 7 milhões à beira da fome. O aumento sem precedentes da epidemia de cólera atingiu mais de 690 mil casos suspeitos, com 2.090 mortes associadas – o maior foco em um único ano.
“Pedimos à comunidade internacional – e particularmente ao Conselho de Segurança e ao Conselho de Direitos Humanos – que tome medidas para acabar com a carnificina e remediar essa crise causada pelo homem”, disse o assessor especial da ONU sobre Prevenção de Genocídios, Adama Dieng, e o assessor especial da ONU para a Responsabilidade de Proteger, Ivan Šimonovic, em um comunicado divulgado na terça-feira (19).
“A comunidade internacional tem uma responsabilidade moral e legal em apoiar a responsabilização no Iêmen. Ela deve estabelecer imediatamente um mecanismo internacional imparcial para investigar de forma abrangente as alegações de graves abusos e violações dos direitos humanos e acabar com a impunidade. Esses crimes foram cometidos por todas as partes no conflito e suas forças aliadas.”
“Os agressores devem ser punidos e a justiça deve ser feita para as vítimas. Compete à comunidade internacional deter o sofrimento que está sendo infligido à população iemenita”, disseram os assessores.
Para o ACNUDH é “muito perturbador” que civis, incluindo crianças, continuem a ser mortos em ataques levados a cabo por comitês populares afiliados aos rebeldes xiitas houthis e a unidades do exército leais ao ex-presidente Ali Abdullah Saleh, bem como à coalizão saudita.
Na última semana, o escritório confirmou a morte de três crianças, além de outras sete que ficaram feridas em ataques das forças Houthi/Saleh, na cidade de Taizz, distrito de Salah. Um ataque aéreo da coalizão no município de Ma’rib matou mais cinco crianças e sete adultos.
Esses são apenas os últimos de uma série de incidentes que demonstram “o impacto horrível em crianças e famílias e em todos os civis, da guerra brutal em curso”, disse o porta-voz do ACNUDH, Rupert Colville, a repórteres em Genebra.
“Mais uma vez, pedimos a todas as partes envolvidas para que cessem todos os ataques indiscriminados e tomem todas as precauções possíveis para distinguir adequadamente objetos militares de objetos civis, garantindo que os ataques nunca sejam dirigidos [a civis]”, disse Colville.
Fonte : ONUBR

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