Quatro mil pessoas fogem diariamente do Sudão do Sul para Uganda, alerta ONU
Combates recentes no Sudão do Sul forçaram 37 mil pessoas a fugir para o país vizinho nas últimas três semanas. Recém-chegados em Uganda relatam conflitos em andamento, saques por milícias armadas, incêndio de casas e assassinatos de civis, disse um porta-voz da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR).
Agências humanitárias aumentam esforços para responder à nova crise. Desde o início do conflito, em dezembro de 2013, cerca de 2,5 milhões de pessoas já foram deslocadas.
Recentes combates no Sudão do Sul forçaram 37 mil pessoas a fugir para Uganda nas últimas três semanas, com uma média de mais de 4 mil pessoas por dia na semana passada, alertou nesta terça-feira (26) a agência de refugiados das Nações Unidas.
“Mais refugiados chegaram em Uganda nas últimas três semanas do que durante os seis primeiros meses de 2016, quando 33.838 chegaram lá em busca de segurança”, disse Adrian Edwards, porta-voz do Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), a jornalistas em Genebra.
Na segunda-feira (25), cerca de 2,4 mil refugiados foram recebidos em Uganda, vindos do Sudão do Sul. Mais de 90% são mulheres e crianças.
“Os recém-chegados em Uganda estão relatando combates em andamento, bem como saques por milícias armadas, incêndio de casas e assassinatos de civis”, disse Edwards. “Algumas das mulheres e crianças nos disseram que foram separadas de seus maridos ou pais por grupos armados, que estariam recrutando forçadamente homens e os impedindo de cruzar a fronteira.
Ele observou que as chegadas diárias, que eram de cerca de 1,5 mil há dez dias, subiram para mais de 4 mil na semana passada. As pessoas são da região de Equatoria Oriental, Juba e em outras áreas do país, disse o representante do ACNUR.
A intensidade dos recentes combates entre facções rivais leais ao presidente Salva Kiir e primeiro vice-presidente Riek Machar em Juba diminuíram, mas a situação de segurança continua volátil. “Mais picos de chegadas são uma possibilidade real”, disse ele.
O influxo está testando a capacidade de pontos de passagem e centros de trânsito e de acolhimento. No fim de semana, as organizações humanitárias trabalharam para descongestionar estes pontos e instalaram abrigos temporários para aumentar a capacidade atual. O ACNUR enviou pessoal adicional, caminhões e ônibus para ajudar.
No seu auge, mais de 11 mil refugiados estavam abrigados em Elegu, no norte de Uganda, em um complexo equipado para abrigar apenas 1 mil pessoas. Até o final deste fim de semana passado, o centro tinha sido significativamente descongestionado, e apenas 300 pessoas se abrigavam no local segunda-feira à noite.
Muitos dos refugiados foram transferidos para o centro de trânsito de Nyumanzi, onde estão recebendo refeições quentes, água, abrigo e outros tipos de ajuda para salvar vidas; outros foram levados para centros de acolhimento expandidos em Pagirinya.
A gestão e expansão das instalações de recepção, bem como a abertura de uma nova área de assentamento, permanecem as principais prioridades. Uma nova área de assentamento foi identificada no distrito de Yumbe, com capacidade de abrigar até 100 mil pessoas. Abrigos comuns temporários também estão sendo construídos para acomodar as novas e contínuas chegadas.
A resposta humanitária ao afluxo de refugiados sul-sudaneses sofre severamente com o subfinanciamento. “O apelo [das agências humanitárias] está financiado em 17%, o que fez com que o ACNUR e seus parceiros deem conta apenas de atividades de emergência e para salvar vidas, e provocando limitações à amplitude de assistência humanitária que pode ser oferecida”, disse Edwards.
O conflito do Sudão do Sul, que teve início em dezembro de 2013, produziu uma dos piores situações de deslocamento do mundo, com imenso sofrimento. Cerca de 1,69 milhão de pessoas estão deslocadas no interior do país, enquanto há atualmente pouco mais de 831 mil refugiados sul-sudaneses, principalmente na Etiópia, Sudão e Uganda.
Fonte : ONUBRASIL
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