Reportagem mostra a relação perigosa entre álcool e direção em SC
Cenário é de falta de fiscalização, penas brandas e inconsequência.
Jornal do Almoço reuniu flagrantes e especialistas para discutir o caso.
O Jornal do Almoço mostrou nesta quarta-feira (27) a perigosa relação entre álcool e direção nas estradas de Santa Catarina. A reportagem mostrou flagrantes de pessoas que admitem estar dirigindo sob o efeito do álcool, a sensação de impunidade para quem mata no trânsito, além da falta de fiscalização e de conscientização dos motoristas (veja vídeo acima).
Em um dos casos mostrados pela reportagem, o condutor de uma van dirigia alcoolizado quando colidiu contra um carro, matando um homem de 27 anos. Na época, em 2014, ele ficou preso durante um mês e foi solto para responder o processo em liberdade. Nesta terça (26), ele foi julgado e novamente detido.
Penas
Na maioria dos casos, segundo a Justiça, o motorista responde por homicídio culposo, quando não há intenção de matar, com penas que variam de 2 a 4 anos. Há um projeto em tramitação para aumentar a pena para quem mata no trânsito para 4 a 10 anos, mas ainda não foi votado pelo Congresso.
Na maioria dos casos, segundo a Justiça, o motorista responde por homicídio culposo, quando não há intenção de matar, com penas que variam de 2 a 4 anos. Há um projeto em tramitação para aumentar a pena para quem mata no trânsito para 4 a 10 anos, mas ainda não foi votado pelo Congresso.
“Seria imprescindível que a legislação fosse alterada para impôr mais temor por parte dos condutores”, diz a juíza Denise Schild de Oliveira.
A Polícia Civil usa um recurso para tentar aumentar a punição nestes casos. Conforme o delegado Jorge Giraldi, é possível enquadrar casos como homicídio com dolo eventual, que podem levar a até 20 anos de prisão e julgamento em júri popular.
Conscientização e represão
Entidades também admitem blitze insuficientes na cidades. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que um terço da frota de um município seja fiscalizado com bafômetro no período de um ano. Em Santa Catarina, não há dados oficiais sobre veículos fiscalizados. O Detran diz que é preciso uma política pública de segurança viária.
Entidades também admitem blitze insuficientes na cidades. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que um terço da frota de um município seja fiscalizado com bafômetro no período de um ano. Em Santa Catarina, não há dados oficiais sobre veículos fiscalizados. O Detran diz que é preciso uma política pública de segurança viária.
Tentamos mobilizar recursos e vontade política para que a gente reverta esse quadro, que hoje é uma epidemia"
Leandro Pereira Garcia,
da Rede Vidas de Trânsito
da Rede Vidas de Trânsito
Em busca de soluções, 30 entidades públicas e privadas catarinenses se uniram para mapear os riscos e cobrar do governo e da sociedade os riscos. “Tentamos mobilizar recursos e vontade política para que a gente reverta esse quadro, que hoje é uma epidemia", diz Leandro Pereira Garcia, da Rede Vidas de Trânsito.
'Duas cervejinhas'
Nas imagens flagradas pela reportagem, um motorista parado em uma blitz diz ter tomado "duas cervejinhas". Questionada se ele "só" havia tomado as duas cervejas, a mulher dele nega.
Nas imagens flagradas pela reportagem, um motorista parado em uma blitz diz ter tomado "duas cervejinhas". Questionada se ele "só" havia tomado as duas cervejas, a mulher dele nega.
Segundo a neurologista Gladys Lentz Martins, não é possível estabelecer uma quantidade de bebida que seria viável para a pessoa beber. "Depende do tipo de bebida, da velocidade, da quantidade que ela bebe e de uma condição individual do próprio metabolismo".
Dor das famílias
Para as famílias de vítimas de desastres provocados pela combinação de álcool e direção, não existe nada pior do que receber a notícia de uma morte. "É triste a noticia, a pior da vida", dia Itamar Senhorinha, pai de André, o jovem de 27 anos que morreu a caminho do trabalho.
Para as famílias de vítimas de desastres provocados pela combinação de álcool e direção, não existe nada pior do que receber a notícia de uma morte. "É triste a noticia, a pior da vida", dia Itamar Senhorinha, pai de André, o jovem de 27 anos que morreu a caminho do trabalho.
"Estou guardando as botas do meu pai para usar quando eu crescer, porque eu gostava dele. A gente jogava bola, pescava", diz Gabriel, filho de André.
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