sábado, 26 de março de 2016

FAB E O GASTO ABSURDO COM O TRANSPORTE DE AUTORIDADES.

O absurdo gasto da FAB com o

 transporte de autoridades

O absurdo gasto da FAB com o transporte de autoridadesDentro da estrutura da FAB (Força Aérea Brasileira) existe, em Brasília, um grupo chamado GTE (Grupo de Transporte Especial), que é o responsável pelo transporte aéreo do Presidente da República, Ministros e demais autoridades. Fora o avião presidencial, essa frota dispõe de quinze aviões, desde jatos executivos até aviões com capacidade de aproximadamente cinquenta passageiros. Alguns modelos tiveram seus interiores modificados e transformados em salas VIP, garantindo o máximo de conforto para seus usuários.
Em geral, o custo dessas aeronaves para deslocar autoridades chega a custar vinte a cinquênta vezes mais do que o valor das passagens aéreas em voos comerciais, mesmo considerando viagens em primeira classe. No caso de viajar somente um ou dois passageiros, o valor por passageiro fica astronômico. Um avião pequeno custa aproximadamente R$ 150 mil para ir de Brasília ao Rio de Janeiro; se forem três passageiros, significa um custo de R$ 50 mil por passageiro. A conta da gastança é simples. Um levantamento efetuado de janeiro a setembro do ano passado mostrou um total de 2.206 voos para atender aos políticos, o que dá mais de oito voos por dia. É um desperdício imenso de dinheiro público, enquanto o povo não tem moradia decente, saneamento básico, segurança, saúde, transporte, etc.. Por outro lado, a FAB efetuou somente quarenta e duas missões de transporte de pacientes e órgãos para transplantes nesse mesmo período, causando sérios problemas à população. Só o Ministério das Cidades fez cento e oitenta e sete viagens; o deputado Eduardo Cunha usou a FAB por cento e dez vezes, e assim por diante. Por outro lado, no inicio do ano, um menino de doze anos não conseguiu receber um transplante de coração e morreu em Brasília, pela falta de aeronave para transportar um órgão que estava disponível em Itajubá, no estado de Minas Gerais. A FAB simplesmente alegou que não podia atender ao pedido de transporte, por “questões operacionais”. Uma frase simples, que causou a morte de uma criança.
Vale lembrar que existe um decreto de 2002 que disciplina o uso de aviões da FAB e diz que seus jatos podem ser requisitados quando houver motivo de emergência médica, o que obviamente não foi considerado nesse caso. Renan Calheiros usou jato da FAB para ir de Maceió até Porto Seguro, para assistir ao casamento do senador Eduardo Braga. Sua assessoria disse, na época, que Renan participou do compromisso como presidente do Senado e que tem direito ao uso de aeronave oficial, mesmo que a viagem não seja oficial. Existem casos de políticos que viajaram para ver jogos da seleção, casos em que foram para Fernando de Noronha, mas que usaram aviões da FAB por questões de segurança e por aí vai. O fato é que o desperdício do nosso dinheiro continua enorme, apesar dos discursos de muitos “representantes do povo”. Para todos os lados que olharmos com atenção, vamos verificar essa prática. Até quando? Essa é a pergunta que continua sem uma resposta.
*Célio Pezza é escritor e colunista de diversos jornais e revistas no Brasil. Seus romances misturam ficção com realidade e trazem fortes mensagens por trás de cada história. Seu livro As Sete Portas foi traduzido para o inglês e editado no Canadá, EUA e Inglaterra. Sua mais recente obra, A Tumba do Apóstolo, foi lançada em 2014.
Fonte : DC Debates Culturais.

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