sábado, 28 de março de 2015

ISOSTASIA : MOVIMENTOS EPIROGENÉTICO

A superfície da Terra está subindo embaixo dos nossos pés.

Brian K. Sullivan


  • MODIS/Aqua/NASA
    Camada de gelo mostra sinais de derretimento a oeste do Alasca, em imagem feita em 4 de fevereiro de 2014 por satélites da Nasa. O estreito de Bering, coberto com gelo, se situa entre Alasca e Rússia
    Camada de gelo mostra sinais de derretimento a oeste do Alasca, em imagem feita em 4 de fevereiro de 2014 por satélites da Nasa. O estreito de Bering, coberto com gelo, se situa entre Alasca e Rússia
Nos EUA, nos últimos doze meses, houve alertas mais do que suficientes de como o clima pode afetar nossas vidas. A Califórnia está entrando no quarto ano de seca porque não teve neve suficiente. Boston está começando a emergir de uma quantidade recorde de neve. Quase todos os dias, voos são cancelados, crianças perdem aulas e pais enviam cheques às seguradoras para se protegerem de inundações, furacões e tornados.
No entanto, também existem impactos de longo prazo que a maioria das pessoas talvez não perceba. Por exemplo, se você mora no Canadá, no norte dos EUA ou em determinadas partes da Europa, o solo sob seus pés está subindo. E o motivo, de certo modo, é o clima.
Mas não o clima no sentido da chuva de ontem ou do vento da semana passada. O fenômeno foi causado pelas neves que se acumularam e criaram enormes mantos de gelo que cobriram a terra na última Era do Gelo. OK, foi muita neve, por um longo período de tempo, mas a questão tem mais a ver com o clima do que simplesmente com as condições meteorológicas.
Independentemente da causa, a mudança é perceptível. "Podemos monitorá-la em tempo real", disse Theresa Damiani, pesquisadora de geologia da Investigação Geodésica Nacional (NGS), da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA), em Camp Springs, Maryland.
Compensação da Terra
O peso dos mantos de gelo, que tinham diversos quilômetros de espessura em alguns lugares, empurrou a superfície da Terra para baixo. Quando o gelo derreteu e recuou, o solo começou a subir novamente.
A NOAA descreve o fenômeno como o que acontece quando um colchão velho volta ao formato original depois que uma pessoa se levanta de manhã. Quando os mantos de gelo começaram a recuar, ocorreu uma recuperação rápida em muitas regiões, que desacelerou ao longo dos séculos, disse Damiani.
"O solo vem se recuperando e continua nisso", disse Damiani. "Leva um período muito longo".
A superfície da Terra sobe cerca de 1 milímetro por mês no Canadá e aproximadamente a mesma quantidade ao longo de um ano nos EUA, disse ela. Para um lugar como a Baía de Hudson, no Canadá, as mudanças seriam visíveis ao longo da vida de uma pessoa, disse ela.
"Se você construiu um atracadouro, parece que o oceano está baixando", disse Damiani.
Não é que o nível do oceano esteja caindo ? é que a terra está voltando a subir.
Ao calcular o aumento dos oceanos devido ao atual derretimento das geleiras e dos mantos de gelo, os pesquisadores precisam levar em consideração essas taxas de recuperação, de acordo com um relatório da NOAA publicado em dezembro de 2012.
Área coberta
É claro que a terra só está subindo nas áreas cobertas pelo manto de gelo. No hemisfério ocidental, essa região abrange quase todo o Canadá até a Nova Inglaterra, passando pelos Grandes Lagos e chegando à Região Centro-Oeste, às Grandes Planícies do norte e ao Noroeste do Pacífico.
Além do limite dos lugares em que o gelo empurrou o solo para baixo, existem áreas onde a superfície está, na verdade, assentando-se mais abaixo. O que aconteceu aí é que o terreno na beira dos mantos de gelo se comportou como a geleia que se esparrama para fora de um sanduíche esmagado.
As mudanças podem provocar pequenos terremotos, embora eles sejam muito fracos e passem despercebidos para a maioria das pessoas.
O movimento é acompanhado por meio de satélites de posicionamento global e é utilizado para assegurar que os mapas continuem sendo exatos, disse Damiani.
"A tarefa da minha agência, a NGS, é a de monitorar o formato do planeta", disse Damiani.
Os países escandinavos também monitoram a lenta taxa de recuperação da superfície ao longo dos últimos 14.000 anos, um ou dois séculos a mais ou a menos, desde que os mantos de gelo atingiram o auge na última Era do Gelo.
A paciência é, sem dúvida, um dos requisitos para esse trabalho.
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Nasa registra o que o aquecimento global já fez no meio ambiente 11 fotos

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As transformações no meio ambiente causadas pelas mudanças climáticas são registradas em um banco de imagens da Nasa. As imagens foram, em geral, tiradas na mesma época do ano, respeitando as estações. A paisagem da geleira Muir, no Alasca (EUA), foi registrada à esquerda no ano de 1882 e à direita mais de um século mais tarde, em agosto de 2005 1882/G.D. Hazard; 2005/Bruce F. Molnia/World Data Center for Glaciology

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