
A declaração sobre democracia que será assinada pelos 33 países da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) teve que ficar no genérico. Para não ferir sensibilidades e ser aprovada por todos, a declaração, apoiada pelo Brasil, se concentra na condenação a tentativas de golpe e de "subverter o Estado de Direito", mas deixa de lado questões como eleições diretas livres ou liberdade de expressão, pilares da democracia.
A cláusula democrática :
"A declaração é calcada na cláusula da  Ibero-Americana (Cúpula que reúne América Latina, Portugal e Espanha) e  prevê que se haja violação da democracia o país pode ser suspenso da  organização", explicou o subsecretário-geral da América do Sul,  embaixador Antonio Simões. Uma versão muito mais fraca, por exemplo, do  que a cláusula democrática da Unasul (União de Nações Sul-Americanas),  que vai muito mais longe. 
A declaração constitutiva do grupo trata  claramente a necessidade de respeito "a liberdades fundamentais,  incluindo a liberdade de opinião e expressão" e o "exercício pleno das  instituições democráticas e o respeito irrestrito dos direitos humanos".  "Com mais países a tendência é que o mecanismo não fique tão forte",  reconheceu o embaixador. "Mas dentro da expectativa que temos é  absolutamente adequada. Não se pode prever cada coisa. Situações  específicas tem que ser enquadradas nas situações genéricas". 

Se obteve um acordo sobre democracia, a  CELAC ainda não conseguiu decidir democraticamente como serão tomadas as  decisões nos encontros. Uma forte disputa na noite de ontem entre as  proposta de Equador - que prefere uma maioria absoluta - e a Venezuela,  que defende o consenso, não chegou a lugar algum. A decisão final será  tomada pelos presidentes na plenária entre os presidentes - se chegarem a  um acordo. 
O Equador defende que uma decisão por  consenso, como é usada na Unasul e no Mercosul, na prática, dá poder de  veto aos países, já que nada poderá ser decidido se todos não estiverem  de acordo. A posição brasileira, no entanto, é a favor do consenso. "Não  é unanimidade. Tem muitas vantagens, porque se busca a acomodação, o  equilíbrio. Na votação quem perde se sente isolado. O consenso é mais  agregador", defende Simões.

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