quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

COMO DESENVOLVER UMA TESE?

Como desenvolver uma tese?

Como desenvolver uma tese?

2ª publicação sobre dissertação – argumentativa

Ao lermos as propostas de redação do ENEM, percebemos que elas vêm acompanhadas do tema e da coletânea de textos que tem a função de inspirar, motivar e expandir o seu raciocínio e a de fixar um padrão temático e não deixar que você fuja do que foi exigido. A coletânea não é um roteiro temático e sim um conjunto de possibilidades diversas de abordar a complexidade do tema com o qual, supõe-se, que você, candidato, já teria tido algum contato. Os textos não possuem, entre si, uma hierarquia; eles podem e devem ser aproveitados de diferentes formas, conforme o modo de cada um mobilizar seu trabalho de leitura e escrita em função de seu projeto de texto.

Assim, ao lermos o tema e a coletânea textual, devemos analisar que padrão temático ela estabelece. Por exemplo, a proposta de redação do ENEM 2011 (“Viver em rede no século XXI: os limites entre o público e o privado”) vinculava-se a um assunto mais amplo, “tecnologia”, e envolveu a discussão sobre privacidade no uso da internet na vida cotidiana, sob a forma das redes sociais. Isso comprova que o tema proposto é um recorte do assunto “tecnologia” sob o ponto de vista da “inserção da informática na vida cotidiana”, que poderia gerar também outros temas como “A influência do telefone celular nas relações interpessoais”, “O comércio eletrônico via Web”, “Inclusão digital e a mudança de hábitos de leitura” e “Hackers e crimes cibernéticos” etc.
Para desenvolver o tema proposto, o participante deveria abordar o uso das redes sociais, tais como MSN, Orkut, Twitter e Facebook, discutindo a questão da privacidade – quais os pontos positivos e negativos da exposição da vida pessoal que hoje ocorrem devido aos avanços tecnológicos. A redação deveria, portanto, problematizar as consequências dessa exposição excessiva que torna a vida privada cada vez mais pública e os riscos decorrentes dessa exposição, procurando defender uma tese, um ponto de vista a esse respeito.

 Cuidado para não tangenciar o tema

Considera-se tangenciamento ao tema a abordagem parcial, ou marginal, do tema dentro do assunto. Por exemplo, se um candidato ao ENEM 2011 abordasse outros aspectos relacionados à inserção da informática na vida cotidiana, como inclusão digital, internet de um modo geral, referindo-se de forma superficial e paralela às redes sociais e à questão da privacidade, poderia ser considerada como fuga parcial ao tema, ou tangenciamento. Isso ocorre porque o autor partiu do assunto “tecnologia” (levando-se em conta que “assunto” é mais amplo do que “tema”) sem focalizar plenamente o tema “redes sociais e privacidade”. O tema foi abordado, portanto, apenas parcialmente, de maneira marginal, superficialmente. O tangenciamento também ocorreria se a redação abordasse a questão da  privacidade  sem  relacioná-la às redes  sociais ou se confundisse a distinção entre público x privado com governamental x particular, gratuito x pago.

 Não fuja do tema!

Fugir do tema é abordá-lo de uma forma completamente diferente do recorte temático feito pela coletânea textual e, assim, construir um texto que nada tenha a ver com a proposta de redação. Ainda no exemplo do ENEM 2011, dentro do assunto tecnologia, a não consideração dos limites entre o público e o privado na questão dos avanços em hardware, como tablets e smartphones, foi considerada fuga ao tema. Foi considerada também fuga ao tema a  abordagem de temas relacionados a outros assuntos, como meio ambiente, saúde ou educação.

Como começar a escrever?

Uma prova de redação é, essencialmente, uma prova de leitura e escrita que visa avaliar a leitura do aluno da proposta de redação, seu conhecimento prévio (escolar e de mundo) e sua escrita, isto é, como ele definiu sua tese e a desenvolveu através de argumentos e estratégias argumentativas. Para tanto, é essencial um projeto de texto no qual tudo esteja organizado e ele pode ser feito no rascunho.

O projeto básico de uma dissertação – argumentativa é o seguinte:

No rascunho, você pode construir o seu projeto de texto tendo em mente esta estrutura básica.

Título

O título deve ser diferente do tema, já que trata do seu ponto de vista particular sobre ele. O título é como se fosse o cartão de visitas do texto, pois ele será a primeira parte a ser lida e, por isso, deve ser expressivo, isto é, deve chamar a atenção, de alguma forma, para o seu texto; é como uma manchete de jornal que deve ser boa o bastante a levar o leitor a ler a matéria inteira. Assim, o título deve estar relacionado ao tema e à tese e deve ser, na medida do possível, criativo e nada vago. Ainda pensando no ENEM 2011, títulos como “A internet” seriam considerados pouco expressivos, vagos e nada criativos. Palavras-chaves retiradas do tema e da coletânea podem compor um bom título.

Introdução

A introdução é, normalmente, o 1º parágrafo da dissertação – argumentativa e é nela que o tema e a sua tese devem ser apresentados ao leitor. Aliás, pensando nele, lembre-se que qualquer um deve conseguir ler seu texto e, assim, não pressuponha que o leitor conheça a proposta de redação e o tema: o leitor deve conhecer o tema através do seu texto, através da sua tese. É como quando um jornalista escreve uma notícia: é ele quem deve contar e apresentar os fatos ao leitor, que nada sabe do ocorrido. Vamos ver um exemplo de uma das melhores redações da Fuvest 2012; você saberia dizer, pela introdução, qual é o tema e a tese da redação?

 O triste aborto político

 Em 2011, a revista “Time” elegeu como a pessoa do ano o ser que protesta, “The Protestant”. De fato, tal ação foi amplamente verificada no ano que se passou, como exemplifica a “Primavera Árabe”. Nesta, milhares de pessoas lutaram pelos seus direitos e exigiam algo que muitos parecem ter esquecido: participação política.

Entretanto, enquanto muitos árabes lutam por seus direitos políticos, o mundo ocidental parece ter descartado tal conquista, tratando-a como um objeto substituível por outras coisas que preenchem o vazio ali estabelecido. (…)

Texto disponível em http://www.fuvest.br/vest2012/bestred/127933.html

Esta candidata optou por fazer a introdução em dois parágrafos e não há problemas nisso, já que não há uma fórmula perfeita e única de se escrever uma dissertação-argumentativa. Ela poderia, muito bem, ter juntado estes dois parágrafos, mas optou por separá-los. Repare como a menção de informações atuais como a eleição da Time e a Primavera Árabe contextualizam melhor o tema. O tema também auxilia, já que é impactante.

Exemplo da Fuvest 2011; qual é o tema e a tese?

Sobre equívocos, Narcisos e imediatismos

Caracterizada pela evidente degradação do “ser” em “ter”, a atual estrutura socioeconômica, embasada no que é efêmero e aparente, acarreta na vida uma desvastadora inversão de valores. Os indivíduos, influenciados pela vivência em meio a um mercado de consumo marcado pela competição, passaram a enxergar o outro como um inimigo em potencial. Diante disso, entre relacionamentos superficiais, valores egocêntricos e atitudes que priorizam o imediato, o altruísmo vai se desfalecendo e se tornando uma raridade no mundo contemporâneo. (…)

Texto disponível em http://www.fuvest.br/vest2011/bestred/132240.html

Já na introdução, a candidata não só apresenta o tema e introduz a sua tese como as contextualiza e as relaciona com aspectos sociais e econômicos e também faz isso no título que traz uma alusão histórica – mitológica, o que demonstra seu amplo conhecimento prévio e sua capacidade de relacionar assuntos.

Na próxima publicação, veremos algumas maneiras de como introduzir a tese e apresentar o tema na introdução, além de desenvolver esta tese. Até lá!

PS: Se você respondeu que os temas da Fuvest 2012 e 2011 foram, respectivamente, participação política (Participação política: indispensável ou superada?) e altruísmo (O altruísmo e o pensamento a longo prazo ainda têm lugar no mundo contemporâneo?), você acertou! Parabéns!

 *CAMILA DALLA POZZA PEREIRA é graduada em Letras/Português pela UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas/SP – Atua na área de Educação exercendo funções relativas ao ensino de Língua Portuguesa, Literatura e Redação. Foi corretora de redação na 1ª fase e de Língua Portuguesa na 2ª fase do vestibular 2013 da UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas/SP. Participou de avaliações e produções de diversos materiais didáticos, inclusive prestando serviço ao Ministério da Educação
Fonte : InfoEnem

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

IPCC- Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas


''A concentração de CO2 hoje está beirando 400 partes por milhão.'' Entrevista com professor Alexandre Costa

"Ciência é algo verificável, baseado em evidências e cumulativo. Mesmo tendo titulação acadêmica, não se pode afirmar qualquer coisa, desconectando-se da realidade", considera o pesquisador.
"Este ano será divulgado o quinto relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas  IPCC e, apesar do conservadorismo da comunidade científica, as evidências são tão gritantes que, sem dúvida, algumas das afirmações do relatório referentes ao aquecimento global e ao papel antrópico vão ser mais fortes ainda que do quarto", informa Alexandre Araújo Costa, professor titular da Universidade Estadual do Ceará, em entrevista concedida, por telefone, à IHU On-Line.

Segundo ele, "o IPCC deixa muito claro que o aquecimento global é inequívoco. Ele existe e é antrópico. Não há como explicar esse aquecimento a não ser pelo aumento na concentração dos gases do efeito estufa. Se fosse pela atividade solar e outros efeitos naturais, teríamos tido, na realidade, um ligeiro resfriamento na metade final do século XX, uma diminuição da ordem de 0,1 a 0,2 graus e não um aquecimento de 0,8 graus".
Alexandre Araújo Costa (foto) é professor, pesquisador e um dos autores do primeiro relatório do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas. Mestre em Física pela Universidade Federal do Ceará, cursou doutorado em Ciências Atmosféricas pela Colorado State University e possui pós-doutorado pela Universidade de Yale. Foi gerente do Departamento de Meteorologia e Oceanografia da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos. É professor titular da Universidade Estadual do Ceará e bolsista de produtividade do CNPq.

Confira a entrevista.

IHU On-Line  O senhor faz parte da corrente de cientistas, que é a grande maioria, que sustenta que há, sim, aquecimento global relacionado à emissão de gases do efeito estufa, entre eles o CO2. Realmente existe o aquecimento global causado por esses gases ou a variação térmica do planeta está relacionada a fenômenos naturais?
Alexandre Araújo Costa – Ciência é algo bem estabelecido, verificável, baseado em evidências e cumulativo. Mesmo tendo titulação acadêmica, não se pode afirmar qualquer coisa, desconectando-se da realidade. Por exemplo, as espécies animais que existem hoje surgiram há 6 mil anos atrás do jeito que são? É evidente que não, pois isso contraria as evidências. Do mesmo modo, negar o aquecimento global é contrariar medições, dados, evidências. Então, é preciso ser bem claro. Não existe mais debate na comunidade científica quanto a isso. O pesquisador analisa dados, submete artigos, isso é debatido em congressos científicos, isso é avaliado para publicação em periódicos. E, obviamente como são hipóteses testáveis, esse processo é repetido várias vezes. No nosso caso específico, existe um corpo de evidências tão grande quanto o que existe a favor da evolução das espécies ou da gravitação universal.

Caminho científico
 Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas IPCC existe desde 1988, com o objetivo de contribuir para o entendimento dos processos climáticos. Sou um dos autores principais do primeiro relatório do Painel Brasileiro das Mudanças Climáticas, que funciona na mesma lógica, inclusive com a mesma distribuição de trabalho em grupos (bases físicas, vulnerabilidade e impactos e mitigação) e posso lhes dizer como funcionam os painéis. O IPCC não faz nada que não seja levantamento de literatura. Ou seja, não existe uma ciência produzida pelo IPCC à parte da ciência do clima e das demais áreas do conhecimento, que se reflete no que é publicado em revistas tais como a Science e a Nature, além de inúmeras publicações da área em outros meios. Junto à comunidade de cientistas ativos, que desenvolvem pesquisa independente e publicam, existe um claro consenso em torno da existência do aquecimento global e de suas causas. Infelizmente, existe uma distorção disso junto à opinião pública, que é, na verdade, consequência de uma exposição desproporcional dos que defendem a negação das mudanças climáticas, algo que se assemelha ao criacionismo ou do geocentrismo.
Levantamento histórico
O que a ciência tem é atestado por medidas de superfície, de rádiossonda, de satélites. Outro ponto é que o aquecimento não se restringe à temperatura da superfície e do ar, pois existe um fluxo de calor para o planeta que interfere em outros componentes do sistema climático. Na Física básica, aprende-se que existe o calor sensível, que envolve mudança de temperatura sem mudar a fase e o calor latente, que, por exemplo, faz com que o gelo derreta sem mudar a temperatura. Quando dizem “não houve mudança significativa de temperatura, nos últimos 5, 6 anos”, isso é uma meia verdade, pois houve um aumento do conteúdo de calor dos oceanos, sem contar que o que aconteceu com as calotas polares, que perderam massa, principalmente no Ártico. Tudo isso é perfeitamente compatível com o que é fundamental nesse processo todo, que é um desequilíbrio energético: existe mais energia chegando no planeta na forma de radiação de onda curta, isto é, solar, do que deixando o planeta na forma de radiação de onda longa, ou infravermelho. Por conta desse desequilíbrio energético, o planeta está aquecendo, conforme o esperado para uma concentração de CO2 beirando 400 partes por milhão.
Experimentos
É muito estranho e sinto até um certo constrangimento em ovir alguém dizer que o CO2 não exerce controle sobre o clima. Ora, a primeira estimativa do potencial de aquecimento do clima causada por um eventual aumento de CO2 foi feita ainda no século XIX por Arrhenius, uma estimativa razoável para a época. É um fato: nós estamos em meio a um experimento climático planetário involuntário de grandes proporções, que está mudando a face do planeta. Nas eras glaciais, a concentração desse gás era de 180 ppm e nos interglaciais dos últimos 800 mil anos não ultrapassou 300 ppm. Mais: não há registro na história da Era Cenozóica, nos últimos 65 milhões de anos, de existência da calota polar do Ártico em períodos com concentrações de CO2 acima de 400 partes milhão. Há 34 milhões de anos, quando surgiu a calota polar da Antártica, isso aconteceu justamente quando a concentração de CO2 baixou de 500 ppm (partes por milhão). Toda a história do nosso planeta mostra, portanto, uma relação íntima entre CO2 e temperatura.

IHU On-Line – Centros de pesquisa como do Met Office, de Oxford a Berkeley, e entidades globais defendem que existe o aquecimento global. O senhor considera que há o risco destas instituições estarem envolvidas em manipulação de informações para defender interesses dos países ricos?

Alexandre Araújo Costa – Pensar nessa possibilidade é pensar em uma teoria da conspiração inteiramente fantasiosa, além do que chega a ser ofensivo para nós, cientistas. A comunidade científica do clima é a mais transparente que existe. Exatamente porque o clima não tem fronteiras, nossa ciência não tem fronteiras também. Os dados coletados, os resultados de modelos estão aí para todo mundo. Então a resposta é muito clara: não. Não há manipulação de dados pelos centros. Para que isso pudesse ser uma história coerente, teria que ter todos os cientistas da área envolvidos nessa conspiração. Além deles, todos os editores das revistas científicas que publicam artigos com os resultados. Teria que ter corrompido as empresas que fabricam sensores meteorológicos, porque os dados de muitos sensores chega automaticamente e por aí vaí...
Interesses
Se há interesses em jogo, posso garantir que não há interesse maior do que o das companhias de combustíveis fósseis em confundir a opinião pública. É claro que há empresas que querem vender seus aerogeradores, seus painéis solares, etc. Sem dúvida alguma. Mas veja: entre as maiores empresas do mundo, a de maior faturamento é a Shell, a segunda é Exxon. Da lista de 12 maiores companhias do mundo, só o Walmart não pertence ao ramo dopetróleo, automobilístico, do gás natural ou do carvão mineral. Há também uma pesquisa que mostra claramente o envolvimento desse setor com os bancos, com os executivos destes tendo assento no conselho deliberativo dessas companhias e vice-versa. E essas corporações poderosíssimas tentam confundir a opinião pública para atrasar as medidas necessárias para conter o aquecimento global, para que seus lucros gigantescos não se reduzam. É a mesma tática utilizada pela indústria do tabaco que, mesmo diante de todas as evidências de câncer ligado ao fumo, conseguiu ganhar muito tempo, semeando dúvidas que não deveriam existir. Sobre o clima, é até espantoso que nós cientistas tenhamos conseguido fazer minimamente que nossas descobertas sejam vistas, sejam ouvidas, passando por cima dessas corporações.

IHU On-Line – É possível estabelecer um diálogo entre estas duas correntes, isto é, os que atribuem o aquecimento da superfície terrestre aos gases do efeito estufa e os que negam essa relação?

Alexandre Araújo Costa – O que existe é o método científico. A ciência é totalmente aberta e há um diálogo constante na comunidade científica com base neste método. Tipicamente, em suas pesquisas, obtêm-se resultados que devem ser reportados em um artigo e submetidos à apreciação editorial de revistas e periódicos. Os pares avaliam, questionam, verificam a correção do método, a qualidade e o mérito do trabalho. O que se pode chamar de diálogo se dá desta forma, através da literatura científica, porque em ciência é preciso estar amarrado em evidências. Nesse contexto, o IPCC cumpre justamente o papel de facilitar, acelerar e qualificar o diálogo na comunidade científica, ao produzir aquilo que são certamente o mais rico compêndio da ciência contemporânea: os seus relatórios. Neles, para se obter, digamos, uma estimativa da influência do sol ou do CO2 no clima nos últimos 250 anos, consideram-se as estimativas feitas por vários autores. O número que o IPCC mostra, que é uma média de todas essas estimativas (publicadas em artigos revisados), é que o acúmulo de energia devido ao CO2, em 2007, já era oito vezes maior que a contribuição das variações na atividade do sol. 

IHU On-Line – Quais foram os principais avanços científicos que permitem garantir que o aquecimento global, atualmente, decorre da intervenção humana no planeta?

Alexandre Araújo Costa – Agora temos uma rede de sensores observacionais bastante significativa. Uma das recentes lacunas, mas que está mais próxima de ser preenchida, são as medidas nos oceanos. Hoje existe uma rede de boias que permite quantificar o conteúdo de calor oceânico e entender melhor os fluxos de energia. Afinal, sabe-se que os continentes aquecem e esfriam muito rapidamente, e a maior contribuição para a termodinâmica do clima vem dos oceanos. Na verdade, mais de 90% do desequilíbrio energético associado ao aumento do CO2 é energia que vai para os oceanos. Uma fração menor vai para o gelo, outra para a superfície, outra para a atmosfera. Se formos verificar o que tem acontecido, perceberemos que o aquecimento é muito mais visível quando monitoramos os oceanos.
Monitoramento instantâneo
Os satélites também têm permitido que nós possamos fazer o monitoramento global como nunca antes se imaginou, principalmente das calotas polares, onde os resultados são dramáticos. O gelo marinho não tem apenas diminuído em área; ele tem diminuído em volume. Além de estar cobrindo uma área menor, tendo chegado ao menor valor da história no ano de 2012, ele tem se tornado muito menos espesso. A estimativa em 1979 era de que o gelo marinho do Ártico ocupava 16.855 quilômetros quadrados. Em 2012, são apenas 3.261 quilômetros quadrados.
Projeções conservadoras
Com base nessas novas observações e a partir dos relatórios do IPCC, é possível aferirmos as projeções com a realidade. Em termos da temperatura da superfície, a evolução recente da temperatura, tem estado perfeitamente dentro do intervalo de projeções, determinado a partir dos vários resultados de modelos diferentes, de vários grupos de pesquisa. Já nas outras questões, as projeções têm-se mostrado conservadoras. A expectativa era a de que os oceanos, no começo deste século, se elevassem a uma taxa de 2 milímetros por ano, mas o que a realidade mostra são 3,3 milímetros por ano, correspondendo ao valor mais “alarmista” dentre as projeções de 2007. Hoje, todos sabemos que a projeção de elevação do nível do mar vem sendo subestimada.
Outra projeção que se mostrou muito “cautelosa” é a de perda de gelo nas calotas. A média de degelo que se viu no Ártico em 2012 somente era esperada para 2030, pelo mais pessimista de todos os modelos e para 2060 considerando-se a média de todas as projeções. Havia até modelos que apontavam que chegaríamos no final do século e não teríamos o degelo de 2012. A questão é mais grave porque há, aí, mecanismos de retroalimentação. O gelo é mais brilhante do que o oceano e o solo, ou seja, tem maior albedo, então quando ele derrete expõe uma superfície mais escura, que absorve mais radiação solar, aquecendo o planeta mais rapidamente. Quando se tem um degelo na superfície, a tendência também é que a água de cima da superfície pressione o gelo e consiga perfurar a calota e chegar até a base, levando à ruptura de grandes blocos de gelo. Por fim, sabe-se hoje que o gelo mais novo deixa passar mais raios solares o que gera um aquecimento no oceano abaixo. Esses aspectos não eram levados em conta pelos modelos até recentemente, e isso faz muita diferença.
IHU On-Line  Deseja acrescentar algo?
Alexandre Araújo Costa – Este ano será divulgado o quinto relatório do IPCC e, apesar do conservadorismo da comunidade científica, as evidências são tão gritantes que, sem dúvida, algumas das afirmações do relatório vão ser mais fortes ainda que do quarto. O IPCC deixa muito claro que o aquecimento global é inequívoco. Ele existe e é antrópico.
Combustíveis fósseis
Nós sabemos que o aquecimento global vem da queima de combustíveis fósseis por uma razão muito simples. São vegetais soterrados há milhões de anos que se decompuseram e se transformaram em hidrocarbonetos. A composição isotópica é diferente entre a atmosfera e as plantas que, quando fazem fotossíntese, dão “preferência” ao carbono 12. Quando as plantas apodrecem, milhões de anos depois, os átomos de carbono permanecem. Portanto, os combustíveis fósseis têm uma composição de carbono 12 e 13 diferente da atmosfera, ou seja, são pobres em carbono 13. Se eu queimar combustíveis fósseis e colocar na atmosfera o resultado da queima, vou diminuir a proporção de átomos de carbono 13, que é exatamente o que está acontecendo! Sabemos que o planeta aquece, sabemos que isso se dá principalmente pela elevação das concentrações de CO2 e sabemos exatamente de onde esse aumento vem. Para mim, não há dúvida de que as distorções existentes entre a comunidade científica e o que é veiculado midiaticamente estão relacionadas aos interesses da indústria petroquímica e, no Brasil, a outro componente: o agronegócio. Basta ver o relatório do Aldo Rebelo, de desmanche do Código Florestal, que lançou mão de argumentos de negação do aquecimento global.
Desigualdade, quem sofre são os mais pobres
Outra coisa que é fundamental ressaltar é a desigualdade no processo todo. Quem lucrou com as emissões foram meia dúzia de corporações. Quem é mais pobre é que sofre mais com os impactos. É sobre o pescador que depende dos peixes, que dependem dos corais e pequenos moluscos cuja sobrevivência está sendo comprometida por conta da acidificação dos oceanos, resultado da dissolução do CO2 acumulado na atmosfera. Também são esperados mais eventos extremos com os climas mais quentes, tanto mais enchentes quanto mais secas.
Não é à toa que habitantes de países insulares têm apresentado reivindicações muito claras em relação ao que se refere ao clima, porque buscam que a concentração de CO2 volte para 350 partes por milhão. Esse é o nível seguro que evitaria o aquecimento de um grau. Acima dessa concentração, como já estamos, os impactos esperados sobre esses países são enormes, não só devido à elevação dos oceanos, o que pode fazer alguns deles praticamente desaparecerem ao longo desse século, como também pode comprometer, já nos próximos anos, seus lençóis freáticos, ficando sem água potável.
Energia renovável
O Brasil poderia dar um bom exemplo e sair dessa lógica de hidrelétricas de grande porte e termelétricas, que teve continuidade no governo Dilma, em relação ao de FHC. Hoje, 5% da energia total da Alemanha vem de energia solar, grande parte delas de cima do telhado das casas. Eles têm um plano de em dez anos desativar todas as usinas nucleares exatamente em função do crescimento da energia solar. O local do Brasil onde tem menos radiação solar tem 40% a mais que a Alemanha. Imagina se o governo subsidiasse estes painéis! Eu acho que para as famílias de baixa renda seria doar mesmo e, para a classe média, subsidiar ou criar linhas de crédito. Esse é o caminho.
Zerando o desmatamento e com os recursos renováveis que temos em abundância, o Brasil poderia ser um país de emissão zero, exceto pelo transporte, que também pode evoluir com a necessária aposta no transporte público. O Brasil poderia, então, “falar grosso”, não só com Estados Unidos, mas também com a Comunidade Europeia, com a China e com a Índia, que não têm cortado as emissões em níveis aceitáveis. Em relação às políticas públicas de incentivos ao transporte individual, como a redução de IPI, supostamente para preservar os empregos dos trabalhadores, o país criou algumas cidades com o trânsito totalmente inviabilizado, sem falar da emissão enorme de CO2. É preciso um transporte coletivo bom e barato. É um direito nosso de ir e vir, casado com a necessidade de reduzir emissões.
Fonte; Instituto Humanitas Unisinos

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

CLIMA: Novo relatório do IPCC


Novo relatório do IPCC sobre o clima será divulgado parcialmente este ano


Cenários previstos pelo IPCC

As mudanças climáticas que atinge o planeta por causa do aquecimento da atmosfera serão detalhadas no próximo relatório parcial do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), que será divulgado este ano. O anúncio foi feito ontem (25) durante a 7ª Conferência e Assembleia Geral da Rede Global de Academias de Ciências, que ocorre na capital fluminense até quarta-feira (27).
O diretor-geral da Coordenação de Programas de Pós-Graduação de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Luiz Pinguelli, disse que o relatório abordará o Grupo de Trabalho 1 do IPCC sobre as mudanças na atmosfera. “O Grupo 1 é estritamente científico, no sentido de que trata do comportamento da atmosfera, com bases em algumas previsões de emissões. O Grupo 2 trata das consequências nos vários campos, incluindo agricultura e saúde, e o Grupo 3 é muito político, porque trata de cenários.”
Pinguelli, que trabalha como revisor do IPCC, informou que o próximo relatório deverá ser mais rígido nas informações, para evitar erros como os verificados no documento de 2007, quando a velocidade de derretimento das geleiras foi superestimada. “O IPCC está trabalhando com mais cuidado, visando a resultados mais robustos.”
O secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério de Ciência e Tecnologia, Carlos Nobre, não quis adiantar o conteúdo do próximo relatório, mas frisou que as informações trazidas nos primeiros documentos, que apontavam para um aumento na temperatura do planeta, pela queima de combustíveis fósseis por ação do homem, foram confirmadas.
“As evidências são avassaladoras. O clima está mudando em uma velocidade que a Terra não vê em alguns milhões de anos. A velocidade que o clima está mudando é 50 ou 100 vezes mais rápida do que quando a Terra começou a sair da última glaciação, 20 mil anos atrás, até ela atingir o equilíbrio climático recente, 12 mil anos atrás.”
O IPCC foi criado em 1988 pela Organização das Nações Unidas (ONU) e reúne milhares de cientistas de diversos países. Já foram publicados quatro relatórios. A divulgação completa do quinto, incluindo os trabalhos dos grupos 2 e 3, deverá ocorrer em 2014.

Reportagem de Vladimir Platonow, da Agência Brasil, publicada pelo EcoDebate, 26/02/2013
- See more at: http://www.ecodebate.com.br/2013/02/26/novo-relatorio-do-ipcc-sobre-o-clima-sera-divulgado-parcialmente-este-ano/#sthash.Ycee46J2.dpuf

UFSC/VESTIBULAR 2013


Questão 11

Complexos Econômicos Regionais de Santa Catarina




Sobre as atividades econômicas desenvolvidas no estado de Santa Catarina, assinale a(s) proposição(ões) CORRETA(S).
01. O Planalto Serrano é marcado por empresas voltadas ao setor mineral.
02. O setor agroindustrial tem forte desenvolvimento no Oeste do estado.
04. Devido à sua formação social, o estado de Santa Catarina apresenta grande homogeneidade econômica.
08. No Vale do Itajaí, destaca-se a indústria têxtil.
16. Na região da Grande Florianópolis e nas cidades de Blumenau e Joinville, há estímulos para as atividades ligadas às empresas de base tecnológica, inclusive com a criação de incubadoras tecnológicas.
32. O setor pesqueiro está mais concentrado no sul do estado, destacando-se as cidades de Criciúma e Tubarão.


Questão 12



A questão ambiental vem sendo discutida em conferências mundiais há bastante tempo. Uma das principais delas, conhecida como Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, foi realizada em 1972, na cidade de Estocolmo, e contou com a presença de vários países para decidirem as ações nos vinte anos seguintes. Em 1992, no Rio de Janeiro, houve outra reunião de avaliação relativa às ações do último encontro. Mais recentemente, na mesma cidade, o encontro conhecido como Rio+20 avaliou o passado e propôs alternativas para as próximas décadas.
Acesso em: 17 ago. 2012.


Assinale a(s) proposição(ões) CORRETA(S).
01. A energia nuclear não produz emissões atmosféricas, porém os custos para a extração de minérios (urânio, plutônio) são elevados, daí sua baixa utilização.
02. A queima do petróleo, do carvão e, em menor escala, do gás natural libera gases poluentes na atmosfera, entre eles o clorofluorcarboneto, também conhecido como CFC, que contribui para a formação de ilhas de calor somente nos países em desenvolvimento.
04. A formação do petróleo vem da deposição, no fundo de lagos e mares, de restos de animais e vegetais mortos ao longo de milhares de anos. A ação do calor e da alta pressão provocados pelo empilhamento dessas camadas possibilitou reações complexas, formando o petróleo.
08. O solo é o resultado da ação conjunta de agentes externos (chuva, vento, umidade) e de matéria orgânica (restos de animais e plantas).
16. A suinocultura no Brasil é uma atividade predominantemente de pequenas propriedades rurais, por isso a produção de dejetos suínos não tem causado danos ambientais significativos.
32. A poluição do solo tem como uma das principais causas o uso de produtos químicos na agricultura, chamados de agrotóxicos.


Questão 13

Sobre o processo de industrialização brasileira e sua relação com as macrorregiões, assinale a(s) proposição(ões) CORRETA(S).
01. Desde seu início, no século XIX, a atividade industrial brasileira desenvolveu-se de maneira homogênea, englobando as regiões Sudeste e Nordeste, sendo esta última grande fornecedora de mão de obra.
02. A Região Sul é a segunda mais industrializada do país, tendo forte penetração nos setores alimentício e têxtil, entre outros.
04. Principalmente nas últimas duas décadas, a indústria brasileira tem experimentado um processo de desconcentração, partindo do estado de São Paulo em direção ao litoral nordestino e também a alguns estados do norte do país, como Rondônia e Acre.
08. Em alguns estados das regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste, predominam os enclaves industriais, com núcleos dispersos e isolados.
16. Atualmente, as empresas industriais buscam localidades que apresentem mão de obra com baixa qualificação, pois as principais inovações tecnológicas se dão em países desenvolvidos.
32. No processo de substituição de importações ocorrido no Brasil a partir de 1930, o Estado brasileiro teve pouca atuação; o referido processo ficou a cargo das empresas multinacionais, convidadas a se instalar no país.
64. A criação do Mercado Comum do Sul (Mercosul) em princípios dos anos 1990 pouco afetou a economia dos estados do Sul do país, dada a forte penetração deles nos mercados regionais do Sudeste e Centro-Oeste brasileiros.

Questão 14


Sobre o continente africano, assinale a(s) proposição(ões) CORRETA(S). 
01. A grande diversidade étnica e cultural da África não impede a divisão do continente em dois grandes conjuntos separados pelo monte Everest: a África Meridional e a África Subsaariana.
02. Desde o século XVI, pelo menos, a África passou a integrar o sistema capitalista europeu com as feitorias comerciais portuguesas na costa do oceano Atlântico.
04. O rio Nilo foi considerado de importância fundamental para a formação do Egito antigo, devido às cheias de suas margens, cuja matéria orgânica era utilizada na agricultura. 
08. As inovações tecnológicas desenvolvidas a partir dos anos 1970, que utilizam baixa quantidade de capital e mão de obra, fazem com que a extração de minérios e as exportações de petróleo em alguns países africanos percam importância.
16. A África é o único continente cortado pela linha do Equador e pelos trópicos de Câncer (23º27’N) e de Greenwich (0º).
32. A forma como foi explorado o continente, principalmente pelos países europeus, mais precisamente, desde o século XIX, após o Congresso de Berlim, é uma das explicações para os conflitos étnicos, culturais e religiosos.

Questão 15


Sobre as relações de poder entre países, assinale a(s) proposição(ões) CORRETA(S).
01. A queda do muro de Berlim em 1989 e a dissolução da União Soviética em 1991 alteraram as relações de poder entre os países e as destes com instituições internacionais como a Organização das Nações Unidas (ONU).
02. Atualmente, existem vários conflitos no mundo, todos de cunho eminentemente econômico e religioso, como é o caso dos que ocorrem no Egito, na Síria e no Paraguai.
04. A Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), criada em 1949 no contexto da Guerra Fria, tinha como objetivo integrar, em um pacto militar, os países capitalistas da Europa ocidental capitaneados pelos Estados Unidos da América. Hoje também fazem parte da OTAN alguns países do leste europeu que eram ligados ao Pacto de Varsóvia.
08. Um dos principais focos de tensão no Oriente Médio é a histórica luta de um povo sem território – os sionistas – contra um território sem povo – o palestino.
16. A denominada globalização é um fator que tem redefinido os espaços geográficos locais, regionais, nacionais e mundiais de acordo com as regras impostas pelo neoliberalismo econômico, aprofundado a partir dos anos 1970.
32. As novas tecnologias de comunicação têm desempenhado importante papel na divulgação de conflitos regionais, como é o caso da chamada “primavera árabe”.


Questão 16

Assinale a(s) proposição(ões) CORRETA(S).
01. A consolidação e o fortalecimento do Mercado Comum do Sul (Mercosul) têm gerado impactos sobre a gestão do território, criando novos “regionalismos”. 
02. Em relação ao processo de integração regional, a organização espacial brasileira atual apresenta-se como centro de uma região virtual em formação.
04. O Aquífero Guarani, uma das maiores reservas de águas subterrâneas do mundo, localiza-se totalmente na região sul do Brasil.
08. A integração brasileira com outros países sul-americanos tem afetado apenas os estados da Região Sul do país, devido à proximidade de suas fronteiras.
16. Não é apenas a integração regional sul-americana que tem transformado o espaço geográfico brasileiro, mas também as transformações pelas quais as economias regionais têm passado nas últimas duas décadas, principalmente. 
32. Assim como o Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (Nafta, em inglês), a União das Nações Sul-Americanas (UNASUL) estabelece relações comerciais privilegiadas apenas com os Estados Unidos da América.

Questão 17

Assinale a(s) proposição(ões) CORRETA(S).
01. O mapa 1 apresenta uma divisão do relevo que leva em consideração os processos erosivos sofridos pelas unidades rochosas, sobretudo pela ação climática.
02. No mapa 2, diferentemente do mapa 1, predominam as depressões. Esta classificação leva em consideração os movimentos tectônicos da crosta terrestre.
04. A compreensão do relevo é fundamental para que se possa avaliar o potencial energético de um país.
08. No mapa 2, a planície amazônica é representada como uma estreita faixa e deixa de ser, portanto, se comparada ao mapa 1, a maior planície do Brasil.
16. A análise mais detalhada das formações de relevo nos dois mapas permite concluir que algumas unidades que não existem no primeiro estão presentes no segundo mapa.
32. A Guerra do Contestado (1912-1916) ocorreu na área delimitada pela Planície Gaúcha, de acordo com o mapa 1.

Questão 18





Sobre tipos climáticos brasileiros e seus respectivos regimes termopluviométricos, assinale a(s) proposição(ões) CORRETA(S).
01. Equatorial: alta amplitude térmica e baixa umidade relativa do ar, o que alimenta o regime hidrográfico regional. 
02. Semiárido: baixa amplitude térmica e regime pluviométrico de longa estação chuvosa, mesmo que com pequena precipitação.
04. Subtropical: regime pluviométrico regular durante todo o ano; apresenta a mais elevada amplitude térmica dos tipos climáticos brasileiros.
08. Tropical de Altitude ou Típico: duas estações bem definidas, com verão chuvoso e inverno seco.
16. Tropical Litorâneo: inverno muito frio e seco, pela ação da mPa, e verão mais úmido, devido à ação da mTa.

Questão 19

Após a análise do texto acima, assinale a(s) proposição(ões) CORRETA(S).
01. Um dos debates mais acirrados sobre o novo Código Florestal deu-se em torno da definição da área destinada à mata ciliar, protetora dos cursos d’água e rica em biodiversidade.  
02. Depreende-se do texto que não haverá grandes mudanças quanto à destruição das formações vegetais.
04. O debate sobre o Código Florestal é, também, uma questão da preservação do regime pluviométrico dos rios.
08. A “velha agenda desenvolvimentista” se refere ao crescimento econômico a qualquer custo, mesmo que seja em detrimento da preservação da natureza.
16. Conforme afirma o texto, a proposta do novo Código Florestal assegura o desenvolvimento com sustentabilidade e justiça social.
32. O novo Código Florestal, para o caso específico de Santa Catarina, em nada altera a situação atual, dado que é um dos poucos estados com menor índice de desmatamento, sobretudo nas áreas litorâneas.

Questão 20



Assinale a(s) proposição(ões) CORRETA(S).
01. A única classe que apresentou redução, no período de 2002 até 2011, foi a classe E, aquela que representava, em 2002, aproximadamente 1/3 da população brasileira.
02. Em 2011, as classes E e D correspondiam, juntas, ao que representava aproximadamente a primeira em 2002, o que denota um aumento do rendimento médio entre as classes.
04. De 2002 até 2011, houve um acréscimo em todas as classes econômicas, que resultou em um maior equilíbrio na renda média do brasileiro.
08. O aumento do consumo no período citado (2002-2011) é o resultado do aumento da condição econômica da nova classe média.
16. A elite, que concentra as classes A e B, teve um decréscimo desde 2002, o que demonstra uma concentração de capital nas mãos das classes D e E.
32. A inserção de pobres e remediados no mercado consumidor é salutar, mas ao mesmo tempo preocupante, pois o aumento do consumo intensifica a degradação ambiental.

GABARITO:
11- 26 ( 2+8+16)
12- 44 ( 4+8+32)
13- 10 ( 2+8)
14- 38 ( 2+4+32)
15- 53 ( 1+4+16+32)
16- 19 ( 1+2+16)
17- 29 ( 1+4+8+16)
18- 12 ( 4+8)
19- 11 ( 1+2+8)
20- 43 ( 1+2+8+32)

Fonte : UFSC




segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

CHINA ULTRAPASSA OS ESTADOS UNIDOS NO COMÉRCIO MUNDIAL.

China ultrapassa os Estados Unidos no comércio mundial, artigo de José Eustáquio Diniz Alves
[EcoDebate] A China era a maior economia do mundo até o início do século XIX. Foi superada pelo Reino Unido e depois pelos Estados Unidos. A China sofreu mais de um “século de humilhações”, como os chineses costumam se referir ao período de invasões, guerras e declínio contínuo de sua economia e de perda de influência política regional e internacional.
Mas a retomada do peso econômico da China e sua influência no cenário internacional começou a mudar depois dos acordos Mao-Nixon, de 1972, e, especialmente, depois da abertura econômica e comercial de 1978, liderada por Deng Xiaoping. O PIB chinês cresceu cerca de 10% ao ano nas últimas 3 décadas.
Mas a inserção da China no processo de globalização não se deu de maneira subalterna. Ao contrário, a China soube tirar proveito da conjuntura internacional para fortalecer um projeto de desenvolvimento nacional soberano que fez do país a “fábrica do mundo”, ao mesmo tempo que investia fortemente na educação dos jovens e na retirada de centenas de milhões de pessoas da pobreza.
Os dados do comércio internacional são bastante ilustrativos. No início da década de 1950 os Estados Unidos eram responsáveis por quase 20% das exportações globais. Estes números caíram rapidamente para cerca de 12% no início da década de 1970 e oscilaram neste patamar até a virada do milênio. Porém, na primeira década do século XXI a queda foi mais intensa e chegou ao baixo patamar de 8%.
O Brasil tinha uma participação de 2% no comércio internacional em 1950, mas veio perdendo posição e ficou longo período em torno de 1%. Na última década recuperou um pouco, mas não chegou nem em 1,5% do comércio global de mercadorias. Até 1985, o Brasil exportava mais do que a China, mas hoje em dia fica apenas aos pés do gigante asiático.
(apuração: Lilian Sobral; design: Juliana Pimenta | Exame)








A China tinha apenas 1% das exportações mundiais quando Deng Xiaoping chegou ao comando do país. De lá para cá, a China se tornou a máquina mais eficiente de exportação do mundo, ultrapassando os EUA em 2009 e a Alemanha no ano seguinte, chegando a cerca de 11% do comércio internacional em 2012. Enquanto a balança comercial chinesa foi superavitária em 231,1 bilhões de dólares, a norte-americana foi deficitária em 727,9 bilhões de dólares, em 2012. Mas, em termos de importação, os EUA ainda superam a China, pois o nível de consumo dos norteamericanos é muito maior.

Contudo, quando se considera o volume de comércio – a soma de importações e exportações – a China ultrapassou os EUA no ano passado. Segundo reportagem do site da agência Bloomberg, o volume de comércio dos EUA foi de US$ 3,82 trilhões, enquanto o da China foi de US$ 3,87 trilhões, em 2012. A China está se tornando o principal parceiro bilateral para a maioria dos países do mundo.
PIB da China cresce 7,6% no segundo trimestre e 2012 Fonte: www.dci.com.br

Reportagem crítica do site Outras Palavras mostra que a América Latina está se convertendo em uma plataforma de exportação de produtos primários e commodities para a China, cuja função seria permitir a esta última assegurar e ampliar suas exportações – notadamente nos setores de eletrônica, indústria automobilística, têxtil, etc. As economias latino-americanas recebem agora 13% do total dos investimentos diretos externos (IDE) da China no mundo. Isso representa um montante estimado em 31 bilhões de dólares. A Cepal indica que 24 bilhões de dólares teriam sido diretamente investidos pelas empresas chinesas nos setores de recursos naturais, da indústria e dos serviços na América Latina. A reportagem conclui: “Embora participe desse importante movimento global, a América Latina continua largamente prisioneira de uma integração à economia internacional pelo aumento da ‘primarização’ de sua economia. Sua relação com a China confirma essa tendência”.

O sucesso econômico e comercial da China é inegável. Mas ao contrário dos períodos das grandes dinastias do passado, que tinham uma economia rural, de baixo consumo e sustentada na energia física dos músculos dos trabalhadores chineses, o atual poderio chinês é baseado em uma economia urbana, de elevado consumo de bens duráveis e altamente dependente de combustíveis fósseis (especialmente o carvão mineral, que é altamente poluente). O caminho atual escolhido pela China é insustentável, mesmo considerando que seus dirigentes façam investimentos corretos em energias renováveis e de baixo carbono, pois o sucesso econômico pode terminar em um grande desastre ambiental.

Portanto, a China não superou os EUA apenas no comércio global, mas também como principal agente da degradação do meio ambiente. Além da poluição da águas, das terras e do ar, a China se tornou o principal emissor de gases de efeito estufa e tem provocado diversos outros danos à natureza. Sem dúvida, a China caminha para se tornar a maior economia do mundo e, também, de forma preocupante, a “inimiga” número um dos ecossistemas e da biodiversidade da Terra.

Referências:

China Passes U.S. to Become World’s Biggest Trading Nation
http://www.bloomberg.com/news/2013-02-09/china-passes-u-s-to-become-the-world-s-biggest-trading-nation.html
China e América Latina: as relações perigosas
http://www.outraspalavras.net/2013/02/09/china-e-america-latina-as-relacoes-perigosas/

José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado em Estudos Populacionais e Pesquisas Sociais da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br

EcoDebate, 25/02/2013

domingo, 24 de fevereiro de 2013

DISSERTAÇÃO-ARGUMENTATIVA.


Conheça o tipo Textual da Redação do ENEM
FEVEREIRO 21, 2013 POR INFOENEM
Por CAMILA DALLA POZZA PEREIRA

Dissertação – Argumentativa: O Que É E Como Fazer.
 
Redação nota 10 ENEM 2011
Redação de Mary Clea Ziu Lem Gun, Barueri (SP).

Cidadania virtual

Assistimos hoje ao fenômeno da expansão das redes sociais no mundo virtual, um crescimento que ganha atenção por sua alta velocidade de propagação, trazendo como consequência, diferentes impactos para o nosso cotidiano. Assim, faz-se necessário um cuidado, uma cautelosa discussão a fim de encarar essa nova realidade com uma postura crítica e cidadã para então desfrutarmos dos benefícios que a globalização dos meios de comunicação pode nos oferecer.
A internet nos abre uma ampla porta de acesso aos mais variados fatos, verbetes, imagens, sons, gráficos etc. Um universo de informações de forma veloz e prática permitindo que cada vez mais pessoas, de diferentes partes do mundo, diversas idades e das mais variadas classes sociais, possam se conectar e fazer parte da grande rede virtual que integra nossa sociedade globalizada. Dentro desse contexto as redes sociais simbolizam de forma eficiente e sintética como é o conviver no século XXI, como se estabelecem as relações sociais dentro da nossa sociedade pós-industrial , fortemente integrada ao mundo virtual.
Toda a comodidade que a rede virtual nos oferece é , no entanto, acompanhada pelo desafio de ponderar aquilo que se publica na internet, ficando evidente a instabilidade que existe na tênue linha entre o público e o privado. Afinal, a internet se constitui também como um ambiente social que à primeira vista pode trazer a falsa ideia de assegurar o anonimato. A fragilidade dessa suposição se dá na medida em que causas originadas no meio virtual podem sim trazer consequências para o mundo real. Crimes virtuais, processos jurídicos, disseminação de ideias, organização de manifestações são apenas alguns exemplos da integração que se faz entre o real e o virtual.
Para um bom uso da internet sem cair nas armadilhas que esse meio pode eventualmente nos apresentar, é necessária a construção da criticidade, o bom senso entre os usuários da rede, uma verdadeira educação capaz de estabelecer um equilíbrio entre os dois mundos, o real e o virtual. É papel de educar tanto das famílias, dos professores como da sociedade como um todo, só assim estaremos exercendo de forma plena nossa cidadania.
Texto extraído do documento A Redação no ENEM 2012 – Guia do Participante disponível em http://www.inep.gov.br/.

O que é um texto dissertativo-argumentativo?
O texto dissertativo-argumentativo é um texto opinativo que se organiza na defesa de um ponto de vista sobre determinado assunto.
Nele, a opinião é fundamentada com explicações e argumentos, para formar a opinião do leitor ou ouvinte, tentando convencê-lo de que a ideia defendida está correta. É preciso, portanto, expor e explicar ideias. Daí a sua dupla natureza: é argumentativo porque defende uma tese, uma opinião, e é dissertativo porque se utiliza de explicações para justificá-la. Um texto dissertativo difere de um texto dissertativo-argumentativo por não haver a necessidade de demonstrar a verdade de uma ideia, ou tese, mas apenas de expô-la.
Seu objetivo é, em última análise, convencer ou tentar convencer o leitor mediante a apresentação de razões, em face da evidência de provas e à luz de um raciocínio coerente e consistente. E é exatamente esse tipo textual que a proposta de redação do ENEM cobra.
Um texto dissertativo-argumentativo deve combinar dois princípios de estruturação:

I – apresentar uma tese, desenvolver justificativas para comprovar essa tese e uma conclusão que dê um fecho à discussão elaborada no texto, compondo o processo argumentativo.
TESE – É a ideia que você vai defender no seu texto. Ela deve estar relacionada ao tema e deve estar apoiada em argumentos ao longo da redação.

ARGUMENTO – É a justificativa utilizada por você para convencer o leitor a concordar com a tese defendida. Cada argumento deve responder à pergunta “por quê?” em relação à tese defendida.

II – utilizar estratégias argumentativas para expor o problema discutido no texto e detalhar os argumentos utilizados.

ESTRATÉGIAS ARGUMENTATIVAS – São recursos utilizados para desenvolver os argumentos, de modo a convencer o leitor:
• exemplos;
• dados estatísticos;
• pesquisas;
• fatos comprováveis;
• citações ou depoimentos de pessoas especializadas no assunto;
• alusões históricas; e
• comparações entre fatos, situações, épocas ou lugares distintos.
Por exemplo, para desenvolver um texto dissertativo-argumentativo sobre o tema “Viver em rede no século XXI: os limites entre o público e o privado” (ENEM 2011), você poderia desenvolver:
Tese: O excesso de exposição da vida privada nas redes sociais pode ter consequências graves, como situações de violência cibernética.
Argumentos:
1. explicação sobre o que é violência cibernética;
2. dados de pesquisas que comprovam a tese;
3. exemplos de situações de violência, como o cyber bullying;
4. depoimento de especialista no assunto; e
5. contra-argumento: aspectos positivos das redes sociais.
Proposta de intervenção: Alertar os jovens, por meio de campanhas, tanto na escola, por professores, como em casa, com os familiares, sobre os perigos da superexposição nas redes sociais.
Como desenvolver uma tese?
1. Você pode iniciar o desenvolvimento da tese transformando o tema em uma pergunta. Ainda usando o tema do ENEM 2011, ficaria da seguinte forma: “Viver em rede no século XXI: quais são os limites entre o público e o privado?” ou “Como viver em rede no século XXI? Quais são os limites entre o público e o privado?”.
2. A seguir, responda esta pergunta da maneira mais simples e clara possível, concordando ou discordando ou, ainda, concordando em parte e discordando em parte; esta resposta será seu ponto de vista.
3. Pergunte a si mesmo o porquê da sua resposta buscando uma justificativa para ela em uma causa, um motivo, uma razão etc: essa justificativa será seu principal argumento.
4. Em seguida, reflita sobre os motivos que o levaram ao argumento principal, pois eles o ajudarão a fundamentar a sua posição: eles são seus argumentos auxiliares. Através das estratégias argumentativas mencionadas anteriormente, você desenvolverá seus argumentos.
5. A partir dessa reflexão você poderá iniciar o rascunho do seu texto, planejando-o. A sugestão proposta a partir do passo a passo acima é:

 Interrogue o tema;
 Responda com a opinião;
 Justifique com o argumento principal;
 Fundamente-o com os argumentos auxiliares;

 Apresente as estratégias argumentativas;
 Apresente a proposta de intervenção social e conclua.

Na próxima semana, continuaremos abordando a dissertação – argumentativa explicando como desenvolver a sua tese após o planejamento do seu texto. Fique atento às postagens, pois trataremos de cada tópico sobre como escrever o tipo textual pedido pelo ENEM, desde a introdução à conclusão para que, após isso, você possa escrever com segurança as propostas de redação. Até a próxima semana!

*CAMILA DALLA POZZA PEREIRA é graduada em Letras/Português pela UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas/SP – Atua na área de Educação exercendo funções relativas ao ensino de Língua Portuguesa, Literatura e Redação. Foi corretora de redação na 1ª fase e de Língua Portuguesa na 2ª fase do vestibular 2013 da UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas/SP. Participou de avaliações e produções de diversos materiais didáticos, inclusive prestando serviço ao Ministério da Educação.
Fonte: INFOENEM

sábado, 23 de fevereiro de 2013

INFOENEM: APOSTILAS PARA 2013

COMO SE PREPARAR PARA REALIZAR UM VESTIBULAR E OBTER SUCESSO?

1. Conhecendo o conteúdo das disciplinas de cada universidade .
2. Ter uma lista de questões de vestibulares anteriores.
3. Identificar os conteúdos cobrados em cada questão .
4. Dominar conceitos.

As pesquisas apontam, que os vestibulandos de sucesso , investem na solução de vestibulares anteriores, sendo que para isso é importante ter um material bem selecionado , atualizado e organizado.
Ai vai a minha indicação para as apostilas 2013, acesse o link e conheça o material.

(http://www.infoenem.com.br/adquira-as-melhores-apostilas-para-o-enem-2013-4/

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

ÉPOCA ANTROPOCENA



Pesquisadores alegam que intervenção humana provoca mudanças irreversíveis no planeta


Marcas da civilização caracterizariam época antropocena, onde homem e natureza são indivisíveis: uma nova era de responsabilidade. A escala de tempo geológico estabelece éons, eras, períodos, épocas e idades que permitem categorizar diferentes fases desde a formação do planeta. Há aproximadamente 11,7 mil anos, estudos focam a chamada época holocena. Mas a comunidade científica propõe uma revisão desse conceito: o novo período, chamado de Antropoceno, estabelece uma ligação intrínseca entre o ser humano e a natureza. Matéria no Portal Terra, socializada pelo Jornal da Ciência / SBPC, JC e-mail 4669.

Em outros tempos, as paisagens eram determinadas por rios, vulcões, o movimento da Terra e mudanças climáticas naturais. Hoje, a interferência humana afeta diretamente esse processo. Tal visão implica uma mudança radical na ciência, pois não se pode mais conceber um processo evolutivo natural sem a interferência do homem e da tecnologia.

A visão tradicional costuma dividir o mundo entre a – quase sempre – “boa natureza” e o “homem mau e sua técnica”, explica o geólogo Reinhold Leinfelder, da Universidade Livre de Berlim, que pesquisa profundamente a teoria do Antropoceno. Em sua opinião, essa dicotomia não é mais aplicável.

“Chegamos a um ponto em que o homem alterou tanto a natureza, que esta não existe mais, no antigo sentido”, explica. Para ele e muitos de seus colegas pesquisadores, portanto, o ser humano é agora parte dessa nova natureza – a qual se tornou impossível de separar das marcas impostas pela tecnologia. Do ponto de vista do antropocenismo, homem e natureza são entendidos como uma coisa só.

Alterações locais e globais – As características das camadas sedimentares mostram as particularidades de cada época. O Holoceno, que começou depois da última era glacial, caracterizou-se por condições ambientais estáveis. Agora, a era holocena deve ser separada da antropocena – embora não haja ainda um consenso entre os especialistas sobre quando começou exatamente a nova época.

Já há cerca de 10 mil anos, a agricultura promovia as primeiras intervenções sistemáticas na natureza, embora em escala local. No entanto, os cientistas concordam que a partir da revolução industrial, o mais tardar, se dá uma influência ambiental em escala global. “Já no final do século 18 e início do 19 começamos um experimento em escala planetária”, diz Jürgen Renn, diretor do Instituto Max Planck de História da Ciência, em Berlim.

O geólogo Leinfelder está seguro: “Aquilo que teremos no futuro, em termos de depósitos, de camadas geológicas, trará fortemente a nossa assinatura”. Ou seja: os depósitos sedimentares exibirão a marca das atuais intervenções no meio ambiente, arqueólogos encontrarão restos de nossos animais domésticos, da mesma forma que resquícios de plantas cultivadas e partículas de plástico.

Era da responsabilidade – O professor de História da Tecnologia Helmuth Trischler também acredita que o ser humano e sua técnica estão inseparavelmente ligados, e que as intervenções humanas mudaram o mundo de forma irreversível. “Não é possível retornar a um estado primitivo chamado Holoceno.”

Deste modo, os problemas acarretados pelas intervenções humanas – como pesca predatória, drenagem dos solos, as montanhas de lixo – não poderão ser enfrentados sem a técnica e sem mais outras intervenções na natureza.

Segundo o historiador da ciência Jürgen Renn, está claro que para os seres humanos não poderá haver um “pós-Antropoceno”. Portanto o desafio é configurar a época atual com senso responsabilidade. Assim, a discussão quanto ao conceito de Antropoceno visaria, sobretudo, uma coisa: despertar a consciência de que vivemos numa época geológica determinada pelo humano, e que é preciso moldá-la de forma responsável e sustentável.

Fonte :EcoDebate, 22/02/2013