terça-feira, 30 de abril de 2013

POPULAÇÃO ABSOLUTA


Os 20 países mais populosos do mundo em 1950, 2010, 2050 e 2100, artigo de José Eustáquio Diniz Alves

Os 20 países mais populosos do mundo em 1950, 2010, 2050 e 2100
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[EcoDebate] A população mundial era de 2,5 bilhões de habitantes em 1950, 6,9 bilhões em 2010 e deve alcançar 9,3 bilhões em 2050 e 10,1 bilhões em 2100, de acordo com a projeção média da Divisão de População da ONU.
Os 20 maiores países do mundo, em termos demográficos, tem apresentado variações ao longo do tempo. Em 1950, a China era o país mais populoso e possuía mais de 20% da população mundial. Em segundo lugar vinha a Índia, seguida pelos Estados Unidos (EUA), pela Rússia e o Japão em quinto lugar. O Brasil aparecia em oitavo lugar. Antes do maior país da América Latina havia a Alemanha e adiante vinha outros três países da Europa Ocidental: Inglaterra, Itália e França.
Em 2010 o quadro tinha mudado bastante. A China continuou em primeiro lugar,mas com pouco menos de 20% da população mundial. A Índia chegou junto e se aproximou do tamanho da população chinesa. Os EUA continuaram em terceiro lugar. A Indonésia passou para o quarto lugar e o Brasil para o quinto. A Alemanha caiu de sétimo para décimo quinto, enquanto os outros países europeus – Inglaterra, França, Itália, Ucrânia e Polônia – saíram da lista. A Rússia caiu do quarto para o nono lugar, enquanto o Japão caiu do quinto para o décimo. Ganharam destaque: Paquistão, Nigéria e Bangladesh.
As projeções para 2050 apontam que a Índia assumirá o primeiro lugar e a China – com cerca de 14% da população mundial – ficará em segundo lugar. O EUA devem manter o terceiro lugar, mas Indonésia deve cair para o quinto, o Brasil para o sétimo e o Japão para o décimo sexto. A Alemanha – único país da Europa Ocidental na lista de 2010 – deve sair desta lista do G-20. Os países que devem apresentar os maiores ganhos de população são Nigéria (do 13º em 1950 para 4º em 2050), Paquistão (de 14º para 6º), Bangladesh (de 12º para 8º), além de Filipinas, Congo e Etiópia que não estavam no G-20 em 1950 e devem assumir a 9ª, 10ª e 11ª posições em 2050.
Para 2100, a Índia deve manter o primeiro lugar com quase 16% da população mundial e a China deve manter o segundo lugar, mas com menos de 10% da população mundial. Os EUA devem cair para o quarto lugar, enquanto a Indonésia deve passar para o sétimo lugar, o Brasil para décimo lugar, Rússia para 17º e Japão para 18º. Os grandes ganhos populacionais ocorrerão nos países: Nigéria (3º lugar), Tanzânia (5º) e República Democrática do Congo (8º).
O que chama atenção na lista dos 20 países mais populosos é que desde o ano 2010 somente dois países – EUA e Japão – possuem alto Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Embora Rússia já tenha diminuição da população e China e Brasil devam apresentar decrescimento nas próximas décadas, os maiores crescimentos demográficos vão ocorrer ao longo do século XXI nos países mais pobres e com menor nível de IDH. Isto pode jogar vários países na “armadilha da pobreza”, além de agravar os problemas ambientais.
José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado em Estudos Populacionais e Pesquisas Sociais da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br
EcoDebate, 30/04/2013

TÍTULOS DE ELEITORES PODEM SER CANCELADOS.


Cerca de 1,3 milhão de eleitores podem ter títulos cancelados

Débora Zampier Repórter da Agência Brasil
www.educação.cc
Brasília – Números divulgados hoje pela Justiça Eleitoral indicam que 1,3 milhão de eleitores podem ter o título cancelado por não justificarem os votos nas últimas três eleições. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), apenas 8,5% dos eleitores faltosos procuraram os cartórios eleitorais para regularizar a situação.
O prazo final para justificar a ausência nas últimas três eleições terminou hoje (25). Segundo o TSE, 1,5 milhão de eleitores estavam com a situação pendente, mas apenas 128,9 mil procuraram a Justiça Eleitoral.
O cancelamento de títulos ocorrerá de 10 a 12 de maio e em 14 de maio serão divulgados os números consolidados e os nomes daqueles que deixarão de ter título porque não votaram, não justificaram a ausência nas três últimas eleições e não foram a um cartório eleitoral para regularizar sua situação dentro do prazo.
O cancelamento de título dificulta a retirada de passaporte ou carteira de identidade, o recebimento de salários de função ou emprego público e obtenção de certos tipos de empréstimos e inscrição. Também complica a investidura e nomeação em concurso público e renovação de matrícula em estabelecimento de ensino oficial ou fiscalizado pelo governo.
Segundo o TSE, mesmo com a baixa procura, a estatística superou os números registrados em 2011, quando apenas 4,89% dos eleitores faltosos procuraram a Justiça Eleitoral.  
Edição: Fábio Massalli
Fonte: Agência Brasil

HAITIANOS NO BRASIL


Governo federal acaba com limite de concessão de vistos a haitianos

29/04/2013 - 13h25
Marcos Chagas e Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O governo federal começou hoje (29) a segunda etapa de medidas para regularizar a imigração de haitianos para o Brasil. A Resolução Normativa 102/2013 do Conselho Nacional de Imigração, publicada nesta segunda-feira no Diário Oficial da União, revoga o limite de concessão de 1,2 mil vistos por ano aos imigrantes do Haiti.
O teto – uma média de 100 por mês – foi instituído pelo governo em 2012 para tentar conter a entrada irregular de imigrantes haitianos pela fronteira do Acre com a Bolívia e o Peru. A imigração de haitianos, geralmente promovidas por coiotes (agenciadores de imigrantes ilegais), ocorre desde 2010 e começou a se intensificar em janeiro do ano passado.
A resolução estabelece, ainda, que a concessão dos vistos não se restringirá à Embaixada do Brasil em Porto Príncipe, capital do Haiti. Caberá ao Itamaraty definir quais postos no exterior estarão credenciados para conceder esses vistos.
No início do mês o governador do Acre, Tião Viana, decretou estado de emergência social nos municípios de Brasileia e Epitaciolândia por causa dessa imigração irregular. Uma força-tarefa chegou a atuar no Acre para atender os mais de 2 mil que estavam abrigados precariamente em Brasileia.
A primeira ação foi prestar socorro emergencial com atendimento médico, vacinação, exames laboratoriais, aumento no número de concessão de vistos e de Carteira de Trabalho. Na semana passada, relato feito por representantes da força-tarefa mostraram que a situação está estabilizada.
Edição: Talita Cavalcante
Todo o conteúdo deste site está publicado sob a Licença Creative Commons Atribuição 3.0 Brasil. Para reproduzir as matérias é necessário apenas dar crédito à Agência Brasil

PRESSÃO ATMOSFÉRICA


Pressão é a relação entre a força exercida em uma dada superfície e a área dessa superfície. A chamada pressão atmosférica é bem mais complexa e varia de acordo com a altitude. Ela existe porque a Terra é recoberta por uma camada de ar com aproximadamente 800 km de espessura que exerce pressão sobre tudo que está no planeta.
Essa camada se modifica com a altitude e fica mais rarefeita em certos lugares, por exemplo, em regiões de grande altitude existe uma menor quantidade de partículas de ar por unidade de volume, sendo assim, a pressão diminui.
Revista Escola

Você já deve ter observado que quando jogadores brasileiros disputam competições em lugares de altitude elevada, sentem um desconforto, fadiga, falta de ar e alguns chegam até a sangrar as narinas. Esse fato é explicado pela diminuição do número de partículas de ar, o que causa problemas para pessoas que não estão acostumadas a essas condições.

Exemplos de regiões com altitudes elevadas: Bolívia, China, Colômbia, Equador, Estados Unidos.

A pressão atmosférica é o peso que o ar exerce à superfície da Terra. O seu valor expressa-se em milibar (mb) ou em hectopascal (hp).
O valor normal da pressão atmosférica é de 1013 mb ou 1013 hp. No entanto o valor da pressão varia por influência de dois fatores principais:

A ALTITUDE ( a pressão diminui com a altitude pois diminui a coluna de ar atmosférico sobre um lugar)
A TEMPERATURA ( o ar quente é mais leve e sobe, diminuindo a pressão; o ar frio é mais pesado e desce, aumentando a pressão).
Para além destes pode haver outros fatores a influenciar o valor da pressão atmosférica.

Os centros barométricos podem ser:






CENTROS DE ALTAS PRESSÕES ou ANTICICLONES - quando o peso do ar é superior ao normal
CENTROS DE BAIXAS PRESSÕES ou DEPRESSÕES - quando o peso do ar é inferior ao normal
Nos centros de Altas Pressões o movimento do ar é descendente em altitude e divergente à superfície;  nos centros de Baixas Pressões o movimento do ar é convergente à superfície e ascendente em altitude.
Fonte:www.prof2000.pt/users/la/pressão.htm
www.brasilescola.com/quimica/pressao-atmosferica.htm

AR, VENTOS ALÍSIOS E CONTRA- ALÍSIOS.

AR
Sendo composto por átomos, organizados em diferentes grupamentos atômicos, formando uma mistura de gases, o ar ocupa lugar no espaço e tem massa, pois é matéria. Podemos perceber que o ar oferece resistência ao movimento dos corpos que nele estão imersos. Por exemplo, se andarmos de carro com a mão aberta, com a palma virada para a parte dianteira do carro, sentiremos que o ar está segurando a nossa mão, freando o corpo que tenta passar por ele.


Tendo massa, o ar tem uma força peso que exerce pressão sobre os corpos que envolve. A pressão exercida pelo ar é conhecida como pressão atmosférica. Podemos medir a pressão de uma determinada região com um instrumento conhecido como barômetro (baros = pressão; metros = medida). Quanto mais próximo do nível do mar, maior a pressão, pois existe uma camada de ar de maior espessura sobre essa região. Quanto mais alta a altitude menor será a pressão.


O aquecimento desigual da atmosfera  provoca um desbalanceamento da energia absorvida pela atmosfera. Nas zonas tropicais, que recebem mais energia do que emitem, há um balanço positivo, enquanto que nas zonas polares, que emitem mais calor do que recebem, há um balanço negativo. Essa diferença térmica ocasiona a movimentação das massas de ar atmosféricas caracterizando o chamado efeito de “circulação geral da atmosfera”.
Nesta circulação geral da atmosfera são gerados sistemas de ventos conhecidos como “estes polares”, “ventos de oeste” e “ventos alísios”.

Os ventos alísios são originados do deslocamento das massas de ar frio das zonas de alta (trópicos) para as zonas de baixa pressão (equador). Devido a um efeito ocasionado pelo movimento de rotação da Terra, o efeito de Coriolis, os ventos nas faixas intertropicais sopram no sentido leste-oeste no hemisfério sul, e no sentido oeste-leste no hemisfério norte.

Na região da linha do Equador, devido ao aquecimento constante e quase uniforme é formada uma zona de baixa pressão (chamada de ZCIT – Zona de Convergência Intertropical) para a qual se deslocam os ventos alísios de sudeste, vindos do hemisfério sul, e os ventos alísios de nordeste, vindos do hemisfério norte. Ambos formam-se a latitudes de cerca de 30º em ambos os hemisférios.

Ao chegar á zona de baixa pressão do equador, os ventos alísios ascendem provocando o resfriamento dos níveis mais altos e perdendo umidade por condensação e precipitação. É aí, então, que surgem os ventos “contra-alísios”, quando estes movem-se em sentido contrário até as zonas dos cinturões anticiclônicos mantendo-se assim, o sistema de circulação entre zonas tropicais e subtropicais e a zona equatorial.


Os ventos alísios são os responsáveis por transportar umidade das zonas tropicais para a zona equatorial provocando chuvas nessa região. Enquanto que os ventos contra-alísios levam ar seco para as zonas tropicais, ficando , os maiores desertos da Terra justamente nessa zona, principalmente no hemisfério norte.
Fonte: InfoEscola
UOL. Educação

segunda-feira, 29 de abril de 2013

FINANCIAMENTO ESTUDANTIL- FIES.

InfoEnem
Na manhã de hoje, dia 29, a presidenta Dilma Rousseff afirmou que a expectativa do governo federal é atingir, neste ano, 400 mil contratos do Fies, programa destinado a financiar a graduação na educação superior de estudantes matriculados em instituições não gratuitas. Em 2013, o programa, que exige do estudante a participação no Enem, já registra 266 mil contratos assinados.
Segundo a presidenta, esses números são resultados da facilidade de acessibilidade ao financiamento. “(…) estamos facilitando a vida do aluno. Ele pode assinar o contrato do Fies em qualquer época do ano. Ele não precisa mais esperar o fim do ano ou o fim do semestre para pedir o financiamento”, afirmou.
Ainda segundo Dilma, 871 mil estudantes do país fazem cursos universitários com o apoio do Fies. Esse número representa mais de 12% do total de matrículas em universidades de todo o Brasil.
Outro ponto de destaque ressaltado pela presidenta foi a grande procura nos cursos de engenharia e medicina que têm, atualmente, 150 mil e 22 mil estudantes beneficiados pelo programa, respectivamente.
Dilma aproveitou a oportunidade para explicar como conseguir o Fies. “O primeiro passo é fazer o Enem, o Exame Nacional do Ensino Médio, que é também a porta de entrada para todos os outros programas de acesso à educação superior, como o ProUni, que oferece bolsas nas faculdades privadas; o Sisu, que é o Sistema de Seleção Unificado, para as universidades públicas; as cotas, nas universidades federais; e o Ciência sem Fronteiras, que dá acesso a cursos no exterior. Além de ter feito o Enem, o estudante precisa estar matriculado em uma faculdade inscrita no Fies.”

O TRABALHO MEDIADO PELAS INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS.


O trabalho mediado pelas inovações tecnológicas. Impactos e desafios. Entrevista especial com Mário Sergio Salerno

"Com o trabalho mediado pelas inovações tecnológicas existe um grau de abstração um pouco diferente, pois tem uma mediação diferente, já que às vezes você não está vendo o que está acontecendo, mas você recebe informações pela tela de um computador", constata o coordenador do Observatório da Inovação e Competitividade do Instituto de Estudos Avançados da USP.
Embora a indústria tenha passado por inúmeras revoluções técnicas, sobretudo após o taylorismo-fordismo no início do século passado, as novas tecnologias reorganizaram de forma significativa o trabalho na contemporaneidade. Para o professor Mário Sergio Salerno da Universidade de São Paulo – USP, a intermediação do trabalho pelo computador reorganiza-o profundamente nas linhas de produção. “O trabalho mediado pelo computador em uma indústria química, se o processo funciona normalmente, o empregado não vai fazer nenhuma intervenção física. Aparentemente ele não está fazendo nada, mas na verdade ele está o tempo todo verificando o estado do processo”, explica Salerno, em entrevista concedida por telefone à IHU On-Line. “O melhor operador automatizado é o que menos esforço faz, pois ele antecipa o problema. Então, o conceito do que é um bom operador, como será a formação e a remuneração dele muda”, complementa.
Mário Sergio Salerno (foto) é professor do Departamento de Engenharia de Produção da Escola Politécnica da USP, onde coordena o Laboratório de Gestão da Inovação. É coordenador do Observatório da Inovação e Competitividade do Instituto de Estudos Avançados da USP. Também é organizador de diversos livros sobre o tema e autor da obra Projeto de organizações integradas e flexíveis: Processos, grupos e gestão democrática via espaços de comunicação-negociação (São Paulo: Atlas, 1999).
Confira a entrevista.
IHU On-Line – A revolução tecnológica impactou profundamente a produção. É possível identificar as grandes mudanças em curso resultantes dessa revolução produtiva no mundo do trabalho?
Mário Sergio Salerno – Esse impacto teve várias pontes. Dá para identificar uma tecnologia stricto sensu, que é a hegemonia capitalizada pelas tecnologias de informação e comunicação, ou seja, a computadorização dos meios de produção e a quimificação da indústria. Há processos e produtos mais baseados em química do que em metalurgia. Um exemplo pode ser o para-choque ou o revestimento dos carros. Se entrarmos em um carro dos anos 1960/1970, as partes internas eram todas metálicas e, hoje, elas têm muitos plásticos, com processos muitos diferentes e, normalmente, poupadores de mão de obra. Fora da mudança tecnológica stricto sensu, existe um conjunto importante de mudanças organizacionais dentro da empresa, entre empresas e de logística que acabam impactando a forma como as pessoas trabalham.
Exemplos
Para exemplificar vamos pensar no contêiner. Você pega uma série de sacos de café na fábrica ou na fazenda, coloca no caminhão, vai para o porto, onde se tem terminal de contêineres. Um guindaste pega-o e coloca dentro do navio. Antes do contêiner você precisava carregar saco a saco ao caminhão, chegar ao porto e descarregar em determinado local, colocar no guindaste e, em alguns casos, estivadores levavam saco a saco para o navio. Quando a carga chegava ao destino, tinha que repetir o mesmo processo. Já nos contêineres, que em alguns caso mal podem ocupar o espaço, porque nem sempre ele está repleto até o teto e sobra espaço dentro do navio, não ocupam tão bem os espaços como o carregamento a granel, mas o tempo logístico total é muito menor, o número de pessoas que trabalha nesse processo também é menor, porém com atividades diferentes, menos de estiva e muito mais atividades de manipulação de massas.
Se formos pensar em edição de texto, como são feitos os jornais e as revistas, são exemplos muitos simples. Antigamente os redatores datilografavam a matéria, iam a um editor especial onde tinham os tipógrafos ou linotipistas, em que colocavam em ordem as letras do texto, que gerava a chapa da impressão, aí então se imprimia. Hoje o jornalista senta ao computador, existe um editor de texto que já vai corrigindo uma parte dos erros de digitação; o envio para a impressão é por sistema informatizado. Há alguns lugares que nem tem máquina de impressão; vai tudo via internet.
Hoje se fazem livros e tudo é enviado diretamente pelo autor para a gráfica. O processo muda radicalmente, e isso vale para piloto de avião, para torneiro mecânico. Vamos pegar o Lula, por exemplo, cuja profissão é torneiro mecânico. Torneiro mecânico é uma profissão difícil até hoje. Ele precisa conhecer os processos de fabricação, saber ler os desenhos técnicos, conhecer materiais. Então, ela pega a peça e planeja a execução do seu trabalho. É por isso que os torneiros de um tempo para cá precisam de uma formação escolar. Esse é o topo dos torneiros, o ferramenteiro, o profissional, que é diferente do torneiro operacional que aperta o botão e tira a peça do outro lado. Esse torneiro ferramenteiro vai planejar e executar isso manualmente. Ela precisa ter habilidade manual. Isso é muito difícil, porque você pode até planejar, mas precisa da habilidade manual que não é tão trivial.
Hoje, você planeja a atividade (ou programa essa atividade) em computador, o que não é muito difícil de fazer, e manda a máquina executar. Isso significa que a sua relação com o meio de trabalho muda a passa a ser mais abstrata, porque no modo operacional você vai executando e pode ir mudando o planejamento. Mas, quando você programa, isso vai até o fim. A abstração é maior, a sua relação com o produto que está sendo feito é diferente.
IHU On-Line – O chão de fábrica brasileiro assimilou os princípios de organização do trabalho toyotista ou ainda majoritariamente prevalece o taylorismo-fordismo?
Mário Sergio Salerno – Essa é um discussão de três meses e eu precisaria entender o que você chama de toyotismo e taylorismo. Existem análises no Brasil que alguns setores industriais sequer entraram no taylorismo-fordismo. Tem de tudo. Primeiro, o taylorismo-fordismo não entra em todos os setores produtivos, o que grosso modo se chama de toyotismo muito menos. O que dá para dizer é que existe uma heterogeneidade muito grande nos locais de trabalho; têm experiências muito avançadas de trabalho em equipe autônoma, sem chefe, em que operários trabalham em turnos contínuos, 24 horas por dia, onde os superiores trabalham em turno administrativo. Assim, a maior parte das horas operacionais só tem operário na fábrica e são experiências muito exitosas, que são antitaylorismo e antitoyotismo. O toyotismo é uma extensão dos princípios clássicos do taylorismo, mas isso são coisas do século XIX.
Tendência
A tendência para a indústria de ponta é ela trabalhar com esquemas mais flexíveis, menos hierárquicos, no qual o trabalhador tem muito mais liberdade para tomar decisões e muito mais responsabilidade nas decisões que toma, o que é o contrário do taylorismo e do fordismo, que são muito regrados. Pensamos muito em produção de alto volume, produção de automóvel, mas essa é uma pequena parte dos processos produtivos, embora seja muito importante porque tem um peso enorme no PIB. Do ponto de vista das pessoas que trabalham, mesmo na indústria automobilística, está havendo uma redução dos níveis hierárquicos, do número de cargos dentro de um mesmo nível hierárquico e isso tem a ver com a necessidade de flexibilidade e eficiência da indústria moderna. Essa talvez seja a mudança mais importante que está em curso em termos organizacionais.
IHU On-Line – O crescente recurso do “trabalho em equipe” no chão de fábrica tem sido adotado com o discurso de uma maior autonomia aos trabalhadores. De fato, isso tem ocorrido, ou se trata de uma estratégia para alavancar a produtividade?
Mário Sergio Salerno – Essas são duas coisas que não são antagônicas. É possível uma maior autonomia e maior produtividade. Todos os casos que eu conheço de maior autonomia estão ligados à eficiência, pois nenhuma empresa vai introduzir um sistema que diminua a produtividade. Não tem nenhuma pesquisa no Brasil que consiga dizer que o trabalho em equipe esteja aumentando ou diminuindo, se é majoritário ou se os grupos têm mais autonomia ou não. O que existem são inúmeros estudos de caso onde se pode dizer: em tal caso os trabalhadores têm mais autonomia, em tal caso têm menos. Minha percepção é que estão aumentando os casos em que os trabalhadores têm autonomia decisória, ou seja, no trabalho que ele faz. Às vezes as pessoas confundem e pensam em decisões em geral, mas os operários continuam operários e os gerentes financeiros continuam gerentes financeiros.
Nos sistemas muito automatizados onde há variação de produção, a autonomia é muito funcional para a empresa, pois os grupos de trabalho antecipam problemas. A autonomia versus produtividade, e que está bem escrito em literatura de pesquisa, indica que há uma tendência para o trabalho mais autônomo, em que a pessoa controla mais o seu tempo, tem uma carga de responsabilidade maior e é cobrada por isso, a “faca de dois gumes”.
IHU On-Line – Como remunerar esse tipo de atividade que envolve a tomada de decisões e autonomia?
Mário Sergio Salerno – Todo o trabalho tem um grau de subjetividade inserida, mesmo da pessoa que trabalha na linha de montagem. Existe um mundo de trabalho não fabril e não operário onde esse tipo de coisa existe há séculos. O mundo operário, numa acepção historicamente ampla, nas atividades mais diretas, quem trabalha no comércio, banco, etc., por muito tempo reduziu os salários dos trabalhadores por motivos de economia. Depois houve as lutas sindicais para reduzir abusos, houve muita regulamentação das atividades, trabalho igual, salário igual. Quando a lógica do trabalho passa a ser menos pelo movimento que ele faz e mais pelo raciocínio, fica muito difícil comparar uma atividade com outra.
Mediação
Por exemplo, no trabalho mediado pelo computador em uma indústria química, se o processo funciona normalmente, o empregado não vai fazer nenhuma intervenção física. Aparentemente ele não está fazendo nada, mas na verdade ele está o tempo todo verificando o estado do processo. O padrão operador é se antecipar e não deixar que haja alteração na temperatura, que uma chapa não grude na outra, fazendo correções antes que o problema aconteça. O melhor operador automatizado é o que menos esforço faz, pois ele antecipa o problema. Então, o conceito do que é um bom operador, como será a formação e a remuneração dele muda.
Quando o empregador contrata, ele contrata o potencial das pessoas e não necessariamente o que eles vão fazer. Quando eu contrato um advogado eu não estou pensando que ele vai escrever 300 mandados de segurança em um mês ou mais 50 petições. Eu não pago por isso, eu pago pelo potencial de trabalho por meio de um contrato. Esse tipo de coisa está chegando ao trabalho direto e a tendência é que essa remuneração seja pelo aumento do potencial dele, conforme vai aumentando a experiência e o potencial dele vai subindo no seu grau de remuneração. O trabalhador que faz mais cursos vai subindo no grau de remuneração, mesmo que aparentemente não use aquilo, mas ele tem o potencial de usar se for necessário. É como o corpo de bombeiros: você é treinado para várias situações, mas o ideal é que você nunca precise utilizar.
IHU On-Line – Fala-se muito que com as inovações tecnológicas falta mão de obra qualificada no mercado de trabalho brasileiro. Qual é o real tamanho do problema?
Mário Sergio Salerno – Não sei e ninguém sabe. O Brasil está crescendo em uma condição de pleno emprego, então falta qualquer tipo de mão de obra qualificada. Nós temos um problema no atacado escolar e temos um ponto importante porque o Brasil forma poucos engenheiros atualmente. Tem aumentando o número de engenheiros, mas ainda é pouco. Tem muita análise impressionista de que está aumentando, mas se você faz uma análise comparativamente com países no mesmo nível de industrialização, vemos que temos menos engenheiros, uma escolaridade mais baixa. Existe relação, embora não seja muito direta, entre formação escolar e trabalho, com as novas tecnologias, principalmente as mediadas por computador.
Com o trabalho mediado pelas inovações tecnológicas existe um grau de abstração um pouco diferente, pois tem uma mediação diferente, já que às vezes você não está vendo o que está acontecendo, mas você recebe informações pela tela de um computador. Então a pessoa tem que interpretar o que está acontecendo a partir de dados sintéticos e tomar uma decisão. É diferente de estar lá olhando, pois no tipo de raciocínio que se usa para construir uma abstração do que está acontecendo estão presentes etapas da formação escolar que ajudam. Por exemplo, quando aparece na tela do computador um gráfico do conteúdo de processo e mostra que aquelas peças em fabricação estão com o diâmetro crescendo, eu vou tomar uma decisão antes que a peça cresça e saia do padrão.
Um operário que fez ensino médio e estudou física deve ter feito experiências de velocidade, quando ele trabalha com gráfico, seja da física ou da química. A pessoa que estuda matemática tem muito mais facilidade de trabalhar com abstrações do que uma pessoa que não estuda matemática. Então, tem um tipo de formação que não é tão instrumental, de decorar fórmula, mas de lógica de pensamento, que é dada pelo ensino formal. Isso tem uma relação importante com o trabalhar com novas tecnologias. Independentemente disso, se o sujeito vai trabalhar como robô ou não, ele como cidadão tem direito a uma boa formação. Nesse contexto, eu entendo que há uma relação funcional, sim. O trabalhador melhor escolarizado, em geral, tende a ter um desempenho melhor no trabalho.
IHU On-Line – A indústria brasileira tem produzido tecnologia ou é meramente importadora da tecnologia de fora?
Mário Sergio Salerno – Tem de tudo. A maior parte das cadeias produtivas brasileiras está dominada por empresas multinacionais nos ramos automobilístico, da química e eletrônica. Isso veio do Juscelino, que optou por fazer uma internacionalização para produzir aqui para o mercado interno. Poucos países fizeram esse tipo de política. Desde lá que a governança das cadeias e das redes produtivas está dominada por empresas multinacionais. Tais empresas, como é esperado, têm seu centro decisório fora do Brasil. Há exceções de praxe como a Embraer, por exemplo. O centro decisório é composto pela diretoria e são levadas em conta as decisões financeiras e a estratégia de produto, o que está ligado ao centro de estratégia de pesquisa e engenharia.
Por outro lado, existem as empresas brasileiras e, nesse universo, há um conjunto de organizações que estão investindo mais em pesquisa e desenvolvimento no Brasil. Assim, existe um problema na estrutura de que se inova pouco. Tem um apoio do Estado muito significativo. Depois de 2004 a Finep aumentou o investimento em várias vezes.
IHU On-Line – Quais são as exigências do mercado de trabalho para o trabalhador do século XXI?
Mário Sergio Salerno – Escolaridade, trabalho em equipe com outras pessoas de formação diferente e autonomia para tomar decisões e assumir a responsabilidade pelas decisões tomadas.
Nota: A imagem acima que ilustra a entrevista é de http://bit.ly/12FtxQ6
Fonte : Instituto Humanitas Unisinos

quinta-feira, 25 de abril de 2013

CISTERNAS NO SEMIÁRIDO


Semiárido: dez anos de investimentos contraditórios. Entrevista especial com Roberto Malvezzi

“Se continuássemos sem depósitos de água limpa, a tragédia social dessa longa estiagem teria se repetido”, declara o coordenador da Articulação no Semiárido Brasileiro – ASA.

Confira a entrevista.
Foto: http://blog.onhas.com
Após completar dez anos, o Programa 1 Milhão de Cisternas mudou a perspectiva de vida e convivência com o semiárido, diz Roberto Malvezzi à IHU On-Line. “Com ele deixamos de focar nas grandes obras e dirigimos o olhar para cada casa, cada caso, como uma rendeira tece sua peça ponto a ponto”. Com quase 500 mil cisternas que beneficiam 2,5 milhões de pessoas, “o programa tornou possível que grande parte das famílias tenha água no pé da casa, ao contrário de buscar lama a quilômetros de distância, ainda que nesse momento muitas cisternas tenham que ser abastecidas por pipas”, destacou Malvezziem entrevista concedida por e-mail.

Apesar das mudanças positivas em relação à distribuição da água, Malvezzi salienta que a política do governo federal em relação ao semiárido é “cheia de contradições. Ao mesmo tempo em que apoia a ASA, permitiu o contrato dascisternas de polietileno. Ao mesmo tempo em que faz algumas adutoras pela seca, continua jogando bilhões num ralo chamado transposição. O governo não tem uma política definida. Segue a reboque das pressões que sofre”, lamenta.

Roberto Malvezzi é graduado em Estudos Sociais e em Filosofia pela Faculdade Salesiana de Filosofia Ciências e Letras de Lorena, em São Paulo. Também é graduado em Teologia pelo Instituto Teológico de São Paulo. Atualmente atua na Comissão Pastoral da Terra – CPT.

Confira a entrevista. 

IHU On-Line - Por que o Programa 1 Milhão de Cisternas ainda não conseguiu atingir sua meta dez anos depois de ser implementado?
Foto: http://www.cebs-sul1.com.br
Roberto Malvezzi - O programa é uma revolução no semiárido. Com ele deixamos de focar nas grandes obras e dirigimos o olhar para cada casa, cada caso, como uma rendeira tece sua peça ponto a ponto. Já estamos com quase 500 mil cisternas, beneficiando aproximadamente 2,5 milhões de pessoas. Essa é a diferença da seca de trinta anos atrás para a de hoje. O programa tornou possível que grande parte das famílias tenha água no pé da casa, ao contrário de buscar lama a quilômetros de distância, ainda que nesse momento muitas cisternas tenham que ser abastecidas por pipas. Mas não são todas. Muitas regiões tiveram chuva e elas estão abastecidas normalmente por suas águas. A região mais crítica, sertão de Pernambuco, teve chuva nesses dias.

O problema é que não basta fazer a cisterna. Para a sociedade civil articulada na ASA, há a questão educativa junto com a obra. É feito o trabalho de debater a região, seu clima, seu regime de chuvas, sua biodiversidade. Não é um trabalho mecânico, como entendeu o governo Dilma, ao permitir a instalação de cisternas de polietileno por empresas. O resultado é que a maior parte estraga: das 300 mil contratadas apenas 50 mil chegaram ao destino, muitas vezes abandonadas ao pé das casas sem ninguém para orientar a população.

Além do mais, o fluxo do dinheiro governamental é muitas vezes interrompido por meses, o que também acaba prejudicando o andamento das construções. Finalmente, vamos a lugares onde ninguém anda, de difícil acesso, o que exige tempo e muita dedicação. Enfim, é um conjunto de fatores que faz com que o trabalho seja mais lento que o esperado.
IHU On-Line - Quais foram as principais dificuldades enfrentadas ao longo desses 10 anos? Quais os erros e acertos do Programa? 

Roberto Malvezzi - Francamente, não consigo ver erros, a não ser esse do tempo demandado. Esse caminho não estava feito, ele teve que ser inventado. A costura da própria ASA é uma dificuldade em si mesma. São centenas de entidades que tiveram que se afinar para levar o projeto à frente, mesmo sendo muito diferentes entre si. Não se constrói uma articulação como essa todos os dias. Aliás, ela é única na história do semiárido com tanta abrangência, com foco, com continuidade, com uma nova lógica, que é a da convivência com o semiárido.

Os acertos são fáceis de citar: não há mais mortalidade infantil por água potável, diminuiu o sofrimento feminino de buscar água a longas distâncias, melhorou a saúde da família, com isso elevou o IDH de toda a população. Claro que outras políticas governamentais, como a distribuição de renda e a conquista da aposentadoria rural pelos trabalhadores, têm forte influência nesses índices positivos. Mas, se continuássemos sem depósitos de água limpa, a tragédia social dessa longa estiagem teria se repetido.
 
IHU On-Line - De acordo com notícias da imprensa, alguns moradores e prefeituras estão recusando a entrega de cisternas de polietileno. O que é feito nesses casos? Como o governo federal tem reagido diante dessas críticas?

Roberto Malvezzi - A recusa vem por parte de famílias, sindicatos, prefeituras e até mesmo de governos de estado. A responsabilidade desse contrato com cisternas de polietileno é da Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco - Codevasf, subordinada ao Ministério da Integração. Portanto, obra exclusiva do ministro Fernando Coelho.

Ele é originário de uma oligarquia que domina Petrolina e o alto sertão pernambucano há praticamente um século. Foi a família dele que buscou o modelo de irrigação da Califórnia para ser implantado aqui na região. Quer ser governador do Pernambuco.

Então, buscou um jeito de tirar da sociedade civil os recursos e o mérito da construção de cisternas. Juntou-se ao empresário Carlos Slim, mexicano, dono da telefônica Claro, o homem mais rico do mundo, que fabrica essas cisternas no México. Era a tampa com o balaio. Uma cisterna de polietileno sai a um custo final de R$ 5 mil. Trezentas mil cisternas é um contrato de R$ 1,5 bilhão. É muita grana.

Porém, não contavam com a reação popular, com a reação de prefeituras e governos e, como me disse um gestor daCodevasf, o programa está um fracasso, já que a empresa distribuidora nem consegue chegar às casas mais afastadas. Estão pensando em devolver todo esse trabalho à sociedade civil, que é quem sabe fazer e tem paixão pelo que faz.
IHU On-Line - Qual a atual situação das pessoas que receberam cisternas de polietileno? 

Roberto Malvezzi - Não dá para saber já que é caso a caso. Entretanto, muitas murcharam, outras não foram bem posicionadas em relação à casa; a empresa também nunca faz o trabalho educativo, e muitas sequer foram entregues. O problema que assusta as famílias é que quem recebe uma de polietileno não pode, depois, receber uma feita de placas de cimento, tecnologia adotada pela ASA, que envolve a mão de obra local, movimenta o comércio, gera serviços, gera emprego e renda. Enfim, as famílias têm receio de receber uma porcaria e depois ficar sem nada.
IHU On-Line - Qual a estimativa para atingir a meta do Programa 1 Milhão de Cisternas? Há alguma previsão para distribuir todas as cisternas à população? 

Roberto Malvezzi - A previsão absoluta não é possível porque a ASA depende da política governamental. Novos contratos foram feitos. Vamos assim, avançando passo a passo. Quanto às de polietileno, é uma decisão que cabe ao governo.
IHU On-Line - Em que consiste o Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2)? 

Roberto Malvezzi - É um programa que adaptamos ao Brasil e que tem origem no semiárido chinês. O governo de lá fez uma reforma agrária no semiárido deles, deu um pedaço de terra a cada família e dois reservatórios de captação de água de chuva, sendo um para beber e outro para produzir. 

Quem visitou o semiárido chinês e nos trouxe essa experiência foi João Gnadingler, um militante do semiárido que trabalha numa ONG aqui de Juazeiro chamada Irpaa. Então pensamos: por que não aqui?

Mais uma vez tivemos que fazer o caminho. Em primeiro lugar, pressupõe a terra da família. Se não tiver, tem que ter reforma agrária. Em segundo lugar, a cisterna de beber. Em terceiro lugar, um reservatório para captar água de chuva para produzir, e que seja bem maior. Normalmente estamos fazendo uma cisterna de 52 mil litros, captando água do chão, ou de terreiros. Em torno dela se faz hortas, pequenas irrigações com técnicas minuciosas de aproveitamento da água, ou se aproveita a água para pequenos animais em tempos de seca – todos os anos – como galinhas, porcos e cabras. 

Nem é preciso falar que esbarramos na questão da terra. Esse para mim é o nosso ponto fraco. Apenas 10 mil famílias tiveram acesso a esse programa. Mas não deixa de ser lindo, em plena seca, canteiros verdes onde a família tira parte de seus alimentos e pode gerar renda vendendo em feiras. Aqui há ainda um longo caminho a ser percorrido.
IHU On-Line - Quais são os desafios para universalizar o acesso à água no semiárido? Além do Programa 1 Milhão de Cisternas, que outras políticas são necessárias? 

Roberto Malvezzi - O semiárido urbanizou-se muito nas últimas décadas. Então, as cidades do semiárido também precisarão saber conviver com a região. A água é limitada. Sempre teremos que olhar para ela como um bem precioso, raro. Teremos que aproveitar melhor a captação da água de chuva, a reutilização da água, técnicas de irrigação por gotejamento, e assim por diante.

Mas é preciso também as adutoras para garantir a água urbana. Ali estão os serviços públicos, a educação, a saúde, a administração, além do abastecimento doméstico e da indústria. 

Porém, se a política for de intensificar mais e mais o uso da água, sem pensar em seus limites, então vamos falir nossas fontes de abastecimento. É o caso exemplar do rio São Francisco. Um livro lançado agora por 100 especialistas, comandados pelo Prof. José Alves, da Universidade do Vale do São Francisco, chamado A Flora das Caatingas do São Francisco, afirma claramente que este rio está “condenado inexoravelmente à morte”. No semiárido não cabem mais loucuras, como essas transposições em andamento e outras planejadas. Mas o mundo político e econômico continua de costas para a o bom senso e até para a ciência.
IHU On-Line - Considerando os dez anos do PT na presidência da República, o que é possível ressaltar em relação às propostas para melhorar a convivência com o semiárido?

Roberto Malvezzi - É uma política cheia de contradições. Ao mesmo tempo em que apoia a ASA, permitiu o contrato das cisternas de polietileno. Ao mesmo tempo em que faz algumas adutoras pela seca, continua jogando bilhões num ralo chamado transposição. O governo não tem uma política definida. Segue a reboque das pressões que sofre.

Todavia, é preciso dizer que o governo tucano de FHC não investiu um centavo no semiárido, apesar de o programa das cisternas ter começado em seu governo. Foi um recurso da Agência Nacional de ÁguasLula e Dilma investem muito mais no semiárido, ainda que de forma contraditória.
IHU On-Line - Deseja acrescentar algo?

Roberto Malvezzi - A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB lançou uma nota sobre essa seca em sua última assembleia apoiando a política de convivência com o semiárido. Isso é muito importante. Mas apoiou também as “integrações de bacias”. Esse é o nome eufemístico para as transposições. Vale lembrar que existem dois eixos em construção, e que estão planejados mais um para a Bahia e outro para o Piauí. Mais à frente está planejado a ligação do rio Tocantins ao São Francisco, ou diretamente para o porto do Pecém, no Ceará. É o paraíso das empreiteiras, dos políticos, daqueles que olham a água apenas como um recurso a ser explorado.

Porém, é preciso ser honesto com a CNBB, ainda que muitos bispos apoiem essas “integrações” por boa vontade ou por desconhecer a região: insistir em políticas de altíssimo consumo de água na região semiárida é acabar com os nossos mananciais e privilegiar os interesses do agro e do hidronegócio. Essas transposições não estão na lógica da convivência com o semiárido. Pelo contrário, é a velha e predatória indústria da seca e do moderno hidronegócio.
Fonte: Instituto Humanitas Unisinos

segunda-feira, 22 de abril de 2013

ENERGIA DOS OCEANOS

Os oceanos são uma grande fonte potencial de energia


Primeira usina de energia a partir de ondas já opera no Porto de Pecém, CE – Ondas movem braços mecânicos flutuantes que ativam bombas hidráulicas: energia para abastecer porto. Foto: Aneel

 A energia do oceano – Os oceanos são uma grande fonte potencial de energia. E eu não estou falando do petróleo da camada pré-sal. O movimento das ondas, das marés e das correntes marinhas e as diferenças de temperatura e da salinidade das águas podem ser convertidos em energia elétrica. Mas a tecnologia para isso tudo não foi totalmente dominada. Existem vários projetos-piloto no mundo, sem que se tenha encontrado uma solução viável economicamente para que os mares passem a gerar energia em larga escala. Reportagem de Renato Cruz, em O Estado de S.Paulo.

O professor Segen Estefen, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), identifica uma oportunidade para o Brasil nessa área. “Temos condição de ser competitivos no mar, já que perdemos a corrida na energia solar e na eólica”, disse Estefen, diretor de Tecnologia e Inovação do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe), da UFRJ. Na semana passada, ele participou, no Recife, do 5.º Encontro Preparatório para o Fórum Mundial de Ciência 2013.

Em qualquer lugar, esse é um campo novo. De acordo com o relatório “Fontes de Energias Renováveis e Mitigação da Mudança Climática”, publicado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas em 2011, somente 0,002% do total da oferta de energia no mundo tem origem no mar.

O Brasil tem um dos projetos de ponta nessa área. No ano passado, foi instalada no Porto do Pecém, a 60 quilômetros de Fortaleza, uma usina de ondas. Com tecnologia da Coppe, teve apoio da Tractebel e do governo do Ceará. O investimento é de cerca de R$ 15 milhões, com recursos do Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

A costa brasileira tem um potencial de geração de energia de 114 gigawatts (GW). Desse total, cerca de 20% são viáveis, de acordo com o professor da UFRJ. Para se ter uma ideia do que seriam esses 22 GW, a usina hidrelétrica de Itaipu tem uma capacidade instalada de 14 GW. Os mares podem se tornar uma fonte alternativa importante de energia renovável, caso os desafios tecnológicos sejam resolvidos.

A usina de ondas de Pecém é um projeto experimental, com capacidade de 100 quilowatts (um quilowatt equivale a um milionésimo de gigawatt). Segundo Estefen, a usina foi construída com tecnologia 100% nacional, desenvolvida no Laboratório de Tecnologia Submarina da Coppe. Um dos pesquisadores chegou a registrar uma patente nos Estados Unidos.

O sistema tem dois módulos, cada um deles formado por uma boia com 10 metros de diâmetro e um braço mecânico de 22 metros de comprimento. As ondas fazem as boias subir e descer, e movimentam os braços mecânicos. O movimento alternado aciona uma bomba mecânica, que libera um jato com força equivalente a uma queda d’água de 400 metros, similar às das grandes hidrelétricas. O jato aciona uma turbina, que ativa um gerador e produz energia elétrica. A água desse jato não é do mar, mas água doce num sistema fechado que existe na usina.

Até agora, a usina de ondas funcionou durante alguns períodos. “Agora queremos colocar o laboratório em operação contínua”, disse Estefen. “O desafio é garantir a confiabilidade do equipamento e manter a usina produzindo energia.” A ideia seria garantir uma produção mínima de energia, como acontece nas usinas eólicas.

A tecnologia usada em Pecém surgiu no laboratório da Coppe, que também desenvolve soluções para exploração de petróleo em águas profundas. Segundo o professor da UFRJ, o próximo projeto será criar uma usina em alto-mar, no Rio de Janeiro. O projeto está sendo discutido com a Marinha e deve ser financiado por Furnas. A ideia é criar e instalar um módulo só, com investimento de cerca de R$ 8 milhões. Sem ocupar espaço na costa, que pode ser caro, a geração de energia do oceano acabaria por se tornar mais viável.

Os clientes poderiam ser as próprias plataformas do pré-sal. “O petróleo ainda vai dominar por algumas décadas”, reconheceu Estefen. Mas, na sua visão, a exploração de petróleo em águas profundas pode ajudar o Brasil a desenvolver e dominar a tecnologia de geração de energia do mar, preparando o caminho para o futuro.

EcoDebate, 22/04/2013


ATIVIDADES PARA OS PRIMEIROS ANOS.

ATIVIDADE EM DUPLA:


1- Pesquisar e registrar no caderno,  número de usuários de internet no :

* Mundo
* Brasil
* China
* França

* Estados Unidos da América           
* Argentina
* Rússia
* África do Sul
* Emirados Árabes



2- Para cada local da atividade número 1, registrar :
coordenadoraanalu.blogspot.com
* o total de habitantes ( população absoluta )
* o IDH ( Índice de Desenvolvimento Humano)
* a renda per capita

3- Comparar os resultados e construir uma conclusão argumentativa.

www.fernandodoesse.com.br 
4- Tarefa para próxima aula :

parameunenem.blogspot.com
Trazer a tarefa do laboratório de informática completa e registrada no caderno, ( significa que os alunos que não conseguiram terminar durante a aula, fica como tarefa).
Trazer papel milimetrado, tamanho A-4, régua, ( material necessário para construção de gráficos ).