Consciência ambiental: maioria reconhece que atitudes individuais fazem a diferença
Usuários do Quinto mostram que sabem o poder de cada atitude, mas o consumo consciente ainda encontra algumas resistências
Por Chris Xavier
Quando pensamos no enorme esforço mundial necessário para preservar o meio ambiente e reverter as alterações climáticas podemos nos sentir impotentes. Entretanto, estão ao alcance de todos atitudes que – somadas – podem resultar em uma grande transformação. Essa percepção é o ponto de partida para mudanças em direção a hábitos de consumo conscientes. De acordo com pesquisa do Quinto, 79% dos usuários do aplicativo acreditam que seus atos individuais ajudam o meio ambiente. Porém, o quanto cada um está disposto a fazer?
O efeito acumulativo do consumo individual é o que torna as mudanças pessoais tão importantes. “É justamente por esse somatório que nós chegamos a uma condição quase caótica do ponto de vista ambiental”, alerta Arthur Igreja, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), especialista em Inovação e Consumo, que falou ao blog do Quinto com exclusividade sobre o tema. “Conseguir ter esse senso de pertencimento de algo maior é fundamental. Então, é muito importante que cada um pense no seu dia a dia, nas suas emissões e no seu lixo desnecessário”, explica.
O Quinto também ouviu o ambientalista e advogado, especialista em direito ambiental, Alessandro Azzoni, que lembra da crise hídrica enfrentada no Estado de São Paulo em 2014 e como a contribuição da população, economizando água, possibilitou que fosse superada. “Não havia água nos reservatórios e nem chuvas, só tínhamos a ameaça de racionamento, e o poder individual de cada consumidor representou no prolongamento dos reservatórios”.
Seja a mudança que quer ver no mundo: assuma a responsabilidade
A preservação dos recursos naturais passa por várias ações do nosso dia a dia e, em geral, pode ser guiada pela regra dos 3 R’s (reduzir o consumo, reaproveitar e reciclar). Com o aumento da consciência ambiental, os consumidores, usuários do Quinto, mostram que iniciam nesse caminho. Um dado significativo, por exemplo, é que 54% responderam reciclar seu lixo.
Diante das gôndolas, a consciência ambiental também já é um fator decisivo de compra. 51% dizem optar por produtos ecologicamente corretos no supermercado e 63% afirmaram se preocupar em consumir produtos biodegradáveis. Quando questionados se consomem ou consumiriam produtos apenas da sua região para ajudar o meio ambiente, a resposta também foi favorável: 72% responderam que sim. Até a recepção às inovações tecnológicas é positiva entre os usuários do app. A pergunta “Você tem / teria um carro elétrico para ajudar o meio ambiente?” teve como resultado 92% de aprovação.
Porém, mesmo com tantos resultados animadores, os resultados do Quinto demonstram que algumas mudanças de atitude ainda não são realidade. Quando o assunto é o lixo eletrônico, por exemplo, 68% das pessoas que votam no app admitem que ainda não realizam esse tipo de reciclagem. O uso de sacolas reutilizáveis no supermercado também não faz parte da rotina de 64% dos usuários do Quinto. Questionados se deixariam de consumir produtos de origem animal pensando no meio ambiente, 47% afirmaram que sim, mas 53% não deixariam. E, para a pergunta “Você deixaria de viajar de avião por conta da emissão de carbono? ”, 77% responderam não.
Como o consumo consciente muda o mercado
O professor da FGV, Arthur Igreja, avalia que para que exista a disposição de mudar é preciso consciência sobre a necessidade urgente de preservação. “O Brasil andou muito para trás nesse aspecto. Tem uma onda colocando em xeque a ciência e se isso está acontecendo de fato, apesar de evidências irrefutáveis”, lamenta. Ele ressalta, no entanto, que os jovens estão mais abertos às mudanças. “Existe do outro lado uma nova geração com um outro grau de consciência e uma preocupação muito grande, consumidores cada vez mais empoderados em demandar isso da cadeia produtiva”, diz.
Igreja explica que a pressão do consumidor, mas também da legislação, motiva as empresas a oferecerem produtos cada dia mais ecologicamente corretos. “Em algumas empresas há essa preocupação e, em outras, ela foi imposta por leis e multas. Então, nem sempre as empresas tomam as suas decisões puramente por consciência, mas por ser uma demanda ou do mercado ou de regulamentações”, avalia.
Como adotar o consumo consciente?
Enquanto algumas mudanças são mais fáceis para uns, acabam impraticáveis para outros. Assim, a dica é avaliar o que pode ser modificado em sua própria rotina. Talvez você não possa abrir mão de viajar de avião por causa do trabalho, mas pode adotar o uso de sacolas retornáveis e reduzir o consumo de carne.
Na hora da compra, os especialistas afirmam que informação é a melhor arma. O ambientalista e especialista em direito ambiental, Alessandro Azzoni, lembra que normas como a ISO 14000 regulamentam a gestão ambiental das empresas e determinam que os rótulos dos produtos tragam algumas informações importantes, que podem ser observadas pelo consumidor.
O “T” preto e amarelo em forma de triângulo, por exemplo, simboliza os alimentos transgênicos e o símbolo da reciclagem permite saber que aquela embalagem é reciclável. Ele também aconselha a pesquisar a postura das corporações. “Com a informação em nossas mãos, através do smartphones, poderemos verificar a ação das empresas em face do meio ambiente. Por isso, pesquise antes de comprar”, orienta.
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 21/01/2020