domingo, 31 de março de 2019

SAIBA O PAPEL DE CADA INDIVÍDUO PARA UM TRÂNSITO MAIS SEGURO.

Saiba o papel de cada indivíduo para um trânsito mais seguro


Trânsito mais seguro: Respeito, educação e empatia são essenciais para a redução de acidentes e vítimas

Por Paula Batista

trânsito
Foto: EBC
O trânsito é um espaço democrático, compartilhado entre pedestres, ciclistas, passageiros e condutores. Para um país do tamanho – e dos números – do Brasil, o desafio de organizá-lo pode ser ainda maior. São 54,7 milhões de carros, 22,3 milhões de motocicletas, 2,7 milhões de caminhões, 627 mil ônibus e 70 milhões de bicicletas, além dos mais de 208 milhões de habitantes. Parece difícil? Pode ser; mas não impossível. E cada um desses atores do cotidiano das ruas tem papel importante e essencial para que o trânsito seja mais seguro e mais humano para todos.
Levantamento do Ministério da Saúde divulgado em 2018, aponta que foram registradas 37.345 mortes no trânsito em 2016 (último ano com dados disponibilizados no Sistema de Informações sobre Mortalidade do Ministério da Saúde). O número é 14,8% menor do que o registrado em 2014, quando ocorreram 43.870 óbitos nas ruas e estradas brasileiras. Entretanto, ainda estamos longe da meta do país que, seguindo orientações da ONU em 2011, se comprometeu a reduzir em 50% do número de mortes no trânsito em dez anos. Isso significa não ultrapassar 19 mil vítimas fatais por ano até 2020.
A chefe de divisão da Escola Pública de Trânsito do Detran do Paraná, Noedy Bertazzi, destaca que a educação é a mola propulsora para promover a mudança cultural e comportamental no trânsito, “Educação, humanização no trânsito e o respeito às leis são fundamentais para garantir segurança no exercício pleno do direito de ir e vir. Cidadania ativa é aquela que exige a participação efetiva de todos em favor do bem comum. As ruas e rodovias são espaços públicos, democráticos e compartilhados, por isso é tão necessário ampliarmos a forma de ver as cidades, estabelecermos um novo olhar, a fim de transformarmos esses espaços em locais com mais qualidade de vida para as pessoas”.
Segundo o último relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), divulgado no ano passado, as dez nações que mais matam no trânsito são África do Sul, Brasil, China, Egito, Estados Unidos, Índia, Indonésia, Irã, México e Rússia. O Brasil ocupa a triste quinta colocação nesse ranking. Juntos, esses países representam 62% das 1,2 milhão de mortes no trânsito no planeta.
Para Luiz Gustavo Campos, diretor e especialista em trânsito da Perkons, além da educação, a empatia tem papel preponderante para redução de vítimas no trânsito. “Cada indivíduo tem papel relevante e fundamental na obtenção de um trânsito mais seguro. É necessário que todos se percebam como protagonistas dessa mudança, entendendo definitivamente que atitudes individuais impactam no coletivo”.
Confira abaixo algumas dicas e regras de comportamento para que cada um dos atores do trânsito contribua para ruas mais humanas e mais seguras.
Pedestres
Ficar atento ao trânsito e a sinalização.
Olhar para os dois lados mesmo em vias de sentido único.
Sempre atravessar na faixa de segurança.
Atravessar sempre em linha reta.
Utilizar passarelas e passagens subterrâneas, quando houver.
Procurar caminhar distante do meio-fio.
Ficar atento nos cruzamentos e locais com entrada e saída de veículos.
Atravessar as ruas de mãos dadas com as crianças.
Não caminhar usando o celular. A atenção deve estar sempre no trânsito.
Ciclistas
Usar equipamentos de segurança.
Preferir ciclovias e ciclofaixas.
Andar próximo ao meio-fio do lado direito e no mesmo sentido dos veículos quando não existir outra opção,
Ficar atento às conversões e ao tráfego de veículos e pedestres.
Sinalizar sempre que existir a intenção de realizar uma manobra.
Nunca pedalar em calçadas; elas são exclusivas para pedestres.
Motociclistas
Manter a manutenção da motocicleta em dia.
Conferir periodicamente a validade do capacete.
Usar roupas que chamem atenção.
Manter distância de segurança dos demais veículos.
Passageiros
Evitar atravessar a rua por trás do veículo que está parado.
Não jogar lixo pela janela.
Sempre usar cinto de segurança, no caso dos carros, e capacete, no caso das motociclistas.
Desembarcar sempre pela calçada.
Motoristas
Ser prudente e exercer a direção defensiva.
Não usar o celular enquanto dirige.
Respeitar a sinalização.
Não parar em fila dupla nem sobre a faixa de pedestres.
Manter a manutenção do veículo em dia.
Usar sempre a seta.
Respeitar as vagas preferenciais.
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 25/03/2019

OS PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO SÃO O MOTOR DA ECONOMIA INTERNACIONAL.

Os países em desenvolvimento são o motor da economia internacional, artigo de José Eustáquio Diniz Alves


economias avançadas versus economias em desenvolvimento
[EcoDebate] Os países desenvolvidos (ou economias avançadas na terminologia do FMI) representavam quase dois terços da economia global, enquanto os países em desenvolvimento ficavam com pouco mais de um terço do PIB global, no passado recente.
As economias avançadas (representadas por 39 países: Alemanha, Austrália, Áustria, Bélgica, Canada, Coreia do Sul, Chipre, República Checa, Dinamarca, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Estônia, EUA, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Hong Kong, Irlanda, Islândia, Israel, Itália, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Japão, Macau, Malta, Nova Zelândia, Noruega, Porto Rico, Portugal, Romênia, Reino Unido, Singapura, Suécia, Suíça e Taiwan) respondiam por 63,3% do PIB global e o resto do mundo (as economias em desenvolvimento) representavam 33,7% do PIB global, em 1980.
O subconjunto das economias avançadas – o G7 (EUA, Japão, Alemanha, França, Reino Unido, Itália e Canadá) respondia por 50,1% do PIB global em 1980, enquanto a Ásia emergente ou em desenvolvimento (30 países: Bangladesh, Butão, Brunei, Camboja, China, Fiji, Índia, Indonésia, Kiribati, Laos, Malásia, Maldivas, Ilhas Marshall, Micronésia, Mongólia, Mianmar, Nauru, Nepal, Palau, Papua-Nova Guiné, Filipinas, Samoa, Ilhas Salomão, Sri Lanka, Tailândia, Timor-Leste, Tonga, Tuvalu, Vanuatu e Vietnã) respondia somente por 8,9% do PIB global no mesmo ano.
Mas a configuração internacional mudou rapidamente nas décadas seguintes. Em 2001, as economias em desenvolvimento, com 43,5% do PIB mundial, ultrapassaram o peso do G7 que tinha 43,4%. Em 2008, as economias em desenvolvimento alcançaram 51,2% do PIB mundial, ultrapassando os 48,8% das economias avançadas. Em 2016, as economias da Ásia emergente atingiram 31,5% do PIB global e ultrapassaram o G7 que tinha 31%. Segundo as estimativas do FMI, em 2023, as economias da Ásia emergente representarão 37,7% do PIB global e ultrapassarão as economias avançadas com 37% do PIB global. O peso da Ásia será indiscutível, pois o Japão e os Tigres Asiáticos (Coreia do Sul, Taiwan, Hong Kong e Singapura) fazem parte dos países desenvolvidos e não da Ásia emergente.
O gráfico abaixo mostra que entre todas as economias em desenvolvimento ou emergentes do mundo, as que ganham participação no PIB global são exatamente aquelas da Ásia emergente, que em 1980 respondia por 8,9% da economia internacional e deve alcançar 35% em 2020. Todas as demais regiões tiveram declínio. Nas 4 décadas entre 1980 e 2020, a América Latina e Caribe (ALC) passou de 12,1% para 7,4% do PIB global. O Oriente Médio e o Norte da África (MENA), mais o Afeganistão e o Paquistão passaram de 9,1% para 7,5% no mesmo período. Os países emergentes da Europa respondiam por 4,1% do PIB global em 1980 e devem ficar com 3,6% em 2020. Os países da Comunidade dos Estados Independentes (Repúblicas da ex-URSS) respondiam por 7% do PIB global em 1992 e devem ficar com 4,3% em 2020. A África Subsaariana deve crescer levemente a participação, passando de 2,4% em 1980 para 3% em 2020.
economias emergentes por região
Todos estes dados mostram que os países em desenvolvimento estão respondendo por uma porção cada vez maior do bolo da produção mundial de bens e serviços, já ultrapassaram os países desenvolvidos desde 2008 e caminham para abocanhar dois terços do PIB global na próxima década. Mas o destaque dos países em desenvolvimento são os países que compõem a Ásia emergente, particularmente a China, a Índia e a Indonésia.
O Leste cresce muito mais rápido do que o Oeste. É por isto que se diz que o século XXI será o século da Ásia. O mundo passa por uma mudança geoeconômica global sem precedentes, com o centro da economia internacional caminhando para a região do sol nascente.
José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 26/03/2019

UNIÃO EUROPEIA PROÍBE USO DE PLÁSTICOS EM...

União Europeia proíbe uso de plásticos em cotonetes, pratos, canudos, copos e recipientes para alimentos e bebidas


A proibição do consumo de uma série produtos passa a valer a partir de 2021 e busca reduzir a poluição por plásticos

No esforço de combater o lixo nos oceanos, rios e lagos, assim como a poluição como um todo, o Parlamento Europeu aprovou ontem (27) a proibição do consumo de uma série produtos plásticos nos países que formam o bloco. A lista tem dez itens e inclui cotonetes, pratos, canudos, copos, recipientes para alimentos e bebidas. A proibição passa a valer a partir de 2021.
As exceções se referem aos materiais de pesca e artes.
ABr
Copos plásticos
Copos plásticos serão vetados no âmbito da União Europeia – Marcello Casal jr/Agência Brasil
Pelo texto aprovado, as embalagens utilizadas no âmbito da União Europeia devem ser adequadas até até 2030.
O primeiro vice-presidente da Comissão Europeia, Frans Timmermans, disse que os europeus saem na frente. “A Europa está estabelecendo padrões novos e ambiciosos, pavimentando o caminho para o resto do mundo.”
A comissária Karmenu Vella elogiou a iniciativa. “Todos devemos estar muito orgulhosos destas novas regras porque combatem a poluição dos plásticos marinhos na sua nascente”, disse. “Nossa principal tarefa será assegurar que estas medidas ambiciosas sejam rapidamente implementadas na prática, o que constituirá um trabalho comum para as autoridades públicas, os produtores e os consumidores.”
Nas discussões de hoje, os parlamentares definiram ainda que 90% das garrafas plásticas sejam coletadas até 2029 (77% até 2025). Há, ainda, a recomendação para incorporar 25% de plástico reciclado em garrafas PET a partir de 2025 e 30% todas as garrafas plásticas a partir de 2030.
Canudos plásticos
Canudos plásticos serão proibidos pela União Europeia – Marcello Casal jr/Agência Brasil
Da Agência Brasil, in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 28/03/2019

MEIO GRAU DE AQUECIMENTO GLOBAL PODE CAUSAR DIFERENÇAS DRÁSTICAS.

Meio grau de aquecimento global pode causar diferenças drásticas nos riscos compostos de inundação e de seca


O aumento da temperatura global também intensificará o ciclo hidrológico, alterando significativamente a frequência e a intensidade das chuvas

Institute of Industrial Science (IIS)*, University of Tokyo
aquecimento global
Em 2015, para combater as ameaças urgentes impostas pelas mudanças climáticas, a maioria dos países do mundo se uniu para estabelecer o Acordo de Paris: um plano ambicioso para evitar que a temperatura global suba 2 ° C acima dos níveis pré-industriais. É urgente trabalhar para limitar ainda mais esse aumento de temperatura a 1,5 ° C.
Esses números aparentemente pequenos podem mascarar o impacto e a complexidade que as mudanças na temperatura global representam. Por exemplo, o aumento da temperatura global também intensificará o ciclo hidrológico, alterando significativamente a frequência e a intensidade das chuvas. Enchentes, secas, deslizamentos de terra e insegurança alimentar e hídrica são apenas alguns dos muitos perigos das mudanças resultantes nos padrões de precipitação.
Para entender o que o futuro pode comportar e para moldar as políticas e comportamentos que guiam esse resultado, pesquisadores da Universidade de Tóquio, juntamente com colaboradores internacionais, desenvolveram uma nova métrica para avaliar a intensificação dos períodos de chuva e seca sob os efeitos do aquecimento global. aquecimento. Eles chamam isso de “índice de intensificação hidrológica evento-a-evento”, ou E2E, conforme descrito em um novo estudo publicado na Scientific Reports .
“O E2E combina intensidade de precipitação agregada normalizada e comprimento de seca para captar a interconexão de feixes secos e úmidos adjacentes e a intensificação de seus turnos de fase”, explica o autor correspondente Hyungjun Kim.
A equipe de pesquisa conduziu experimentos conjuntos de múltiplos modelos para comparar a E2E entre os cenários com 1,5 ° C e 2 ° C de aquecimento. No geral, o aquecimento foi associado a um claro aumento na E2E, com aumento adicional significativo de 1,5 ° C para 2,0 ° C de aquecimento.
Além disso, o estudo revelou tendências geográficas em mudanças na intensidade da chuva sob esses cenários de aquecimento. Por exemplo, precipitações mais intensas são previstas em grande parte da América do Norte e Eurásia, enquanto secas mais intensas são projetadas para a região do Mediterrâneo. Outro achado importante foi que a intensificação mais extrema seria cerca de 10 vezes maior que a intensificação média.
“Nossos resultados sugerem que eventos extremos, secos e úmidos, irão coexistir cada vez mais, como a mudança da seca extrema para inundações severas que vimos na Califórnia no passado recente”, disse o principal autor Gavin D. Madakumbura. “Pelo menos em termos de mitigação de desastres e segurança hídrica, haveria benefícios significativos em limitar o aquecimento global a 1,5 ° C para reduzir a intensificação da variabilidade entre os eventos”.
Referência:
Event-to-event intensification of the hydrologic cycle from 1.5°C to a 2°C warmer world
Gavin D. Madakumbura, Hyungjun Kim, Nobuyuki Utsumi, Hideo Shiogama, Erich M. Fischer, Øyvind Seland, John F. Scinocca, Daniel M. Mitchell, Yukiko Hirabayashi & Taikan Oki
Scientific Reportsvolume 9, Article number: 3483 (2019)
DOI https://doi.org/10.1038/s41598-019-39936-2
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* Tradução e edição de Henrique Cortez, EcoDebate.
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 26/03/2019

AÇÕES CLIMÁTICAS SÃO NECESSÁRIAS PARA CONTER CICLONES FATAIS COMO IDAI.

Ações climáticas urgentes são necessárias para conter ciclones fatais como Idai, alerta o secretário-geral da ONU


O crescente número de mortos provocado pelo ciclone Idai é “outro sinal alarmante dos perigos da mudança climática”, disse na terça-feira (26) o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, alertando que países vulneráveis como Moçambique serão atingidos com mais força se ações urgentes não forem tomadas pela comunidade internacional.
“Tais eventos estão se tornando mais frequentes, mais severos e mais amplos, e isto só irá piorar se não agirmos agora”, disse o chefe da ONU. “Perante tempestades fortes, precisamos acelerar a ação climática”, acrescentou a correspondentes na sede da ONU em Nova Iorque.
ONU
O secretário-geral convocou uma Cúpula sobre Ação Climática para setembro, para tentar mobilizar países em torno da necessidade urgente de reduzir aquecimento global para abaixo de 2°C acima de níveis pré-industriais, em linha com o Acordo de Paris, de 2015.
Mulher alimenta filho de dois anos após terem sido obrigados a deixar sua casa após enchentes em Buzi, Moçambique. Foto: UNICEF/Prinsloo
Mulher alimenta filho de dois anos após terem sido obrigados a deixar sua casa após enchentes em Buzi, Moçambique. Foto: UNICEF/Prinsloo
O crescente número de mortos provocado pelo ciclone Idai é “outro sinal alarmante dos perigos da mudança climática”, disse na terça-feira (26) o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, alertando que países vulneráveis como Moçambique serão atingidos com mais força se ações urgentes não forem tomadas pela comunidade internacional.
“Tais eventos estão se tornando mais frequentes, mais severos e mais amplos, e isto só irá piorar se não agirmos agora”, disse o chefe da ONU. “Perante tempestades fortes, precisamos acelerar a ação climática”, acrescentou a correspondentes na sede da ONU em Nova Iorque.
O secretário-geral convocou uma Cúpula sobre Ação Climática para setembro, para tentar mobilizar países em torno da necessidade urgente de reduzir aquecimento global para abaixo de 2°C acima de níveis pré-industriais, em linha com o Acordo de Paris, de 2015.
O número de mortos em Moçambique, Malauí e Zimbábue já soma cerca de 700, mas ainda pode aumentar, à medida que centenas de pessoas ainda estão desaparecidas. De acordo com estimativas, 3 milhões de pessoas foram afetadas, quase dois terços delas em Moçambique, onde a cidade portuária de Beira foi “praticamente arrasada”, enquanto terras agrícolas do interior foram inundadas, disse Guterres.
Ao menos 1 milhão de crianças precisam de “assistência urgente” e há temores de que vilarejos inteiros tenham sido destruídos em lugares que ainda estão inacessíveis, acrescentou o chefe da ONU. Segundo relatos, em torno de 1 bilhão de dólares em infraestrutura foi destruído. Guterres afirmou que cidadãos dos três países africanos precisam de “apoio forte e contínuo”.
Na segunda-feira (25), a ONU realizou um pedido emergencial revisado de 281,7 milhões de dólares para Moçambique, classificando o desastre como uma “emergência de escala crescente”, que é a mais severa.
“Peço para a comunidade internacional financiar este apelo de forma rápida e completa para que agências de ajuda possam aumentar urgentemente suas respostas”, disse Guterres.

ONU e parceiros intensificam respostas

As condições para sobreviventes do ciclone Idai permanecem difíceis, com enorme devastação e um “risco extremamente alto de doenças diarreicas, como cólera”, afirmou na terça-feira a Organização Mundial da Saúde (OMS), em briefing a jornalistas em Genebra.
A representante da OMS em Moçambique, Djamila Cabral, disse que mais de 100 mil pessoas na cidade de Beira perderam suas casas e todos os seus pertences.
Além disso, “famílias, mulheres grávidas e bebês estão vivendo em acampamentos temporários em condições horríveis… sem suprimentos seguros de alimentos ou água potável segura e saneamento”.
Ao menos 1,8 milhão de pessoas precisam de assistência humanitária apenas em Moçambique. Casos de diarreia aguda similar à cólera já foram relatados entre as vítimas.
Para prevenir um surto, a OMS irá enviar 900 mil doses de vacina oral contra a cólera para o país. O suprimento deve chegar ainda nesta semana. A organização também irá enviar suprimentos para tratar doenças diarreicas, incluindo fluidos intravenosos e testes diagnósticos. Junto a isso, três centros para tratamento da cólera, incluindo uma instalação com 80 camas em Beira, estão sendo montados.
Para conter um aumento da malária nas próximas semanas, a OMS também prepara o fornecimento de 900 mil mosquiteiros com inseticidas para proteger famílias.
Testes rápidos de diagnóstico e remédios antimalária serão enviados para áreas de alto risco, mas esta e outras necessidades de saúde irão exigir “ao menos” 38 milhões de dólares ao longo dos próximos três meses, disse Cabral.
Coordenando necessidades alimentares para vítimas do ciclone, o Programa Mundial de Alimentos (PMA) está mirando 1,7 milhões de pessoas em Moçambique com assistência alimentar, 732 mil no Malauí e 270 mil no Zimbábue.
A assistência também inclui logística e apoio emergencial de telecomunicações. Imagens de satélites mostram diversas plantações alagadas, incluindo um “oceano em terra” do tamanho de Luxemburgo, afirmou o PMA em comunicado. Nas províncias moçambicanas de Sofala e Manica, comunidades isoladas ainda estão inacessíveis e aguardam equipes de busca e resgate.

Zimbábue e Malauí também precisam de fundos de emergência

No Zimbábue, 95% das redes rodoviárias em distritos afetados foram danificadas, enquanto no Malauí o ciclone teve impacto limitado, disse o porta-voz do PMA, Hervé Verhoosel.
“Este apoio irá exigir 140 milhões de dólares para intervenções vitais em Moçambique para os próximos três meses; 15,4 milhões de dólares para os próximos dois meses no Malauí e 17 milhões de dólares para os próximos três meses no Zimbábue”, acrescentou.
Em apelo separado, cobrindo outras necessidades, como abrigos, água potável e saneamento, o Escritório das Nações Unidas para Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) e parceiros humanitários pediram 282 milhões de dólares para apoiar vítimas em Moçambique.
De acordo com o OCHA, quase meio milhão de hectares de plantações foi alagado, além de grandes danos a casas e infraestruturas.
Uma perda severa de gado também é esperada, levando ao agravamento de insegurança alimentar na região central do país, que já sofria com pobreza e problemas de desenvolvimento antes da chegada do ciclone.
Da ONU Brasil, in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 29/03/2019

AMAZÔNIA E O DESMATAMENTO EM FEVEREIRO DE 2019.

Imazon divulga dados do desmatamento na Amazônia em fevereiro de 2019


Por Stefânia Costa
O Imazon publicou os dados do Boletim do Desmatamento (SAD) referentes ao mês de fevereiro de 2019. No total, foram detectados 93 km² de desmatamento na Amazônia Legal. Esse número é 57% inferior ao desmatamento detectado em fevereiro de 2019, quando o desmatamento somou 214 km². Mas o dado não deixa de ser preocupante porque, considerando os 7 primeiros meses do calendário do desmatamento 2019 (agosto/2018 a fevereiro/2019), há um aumento de 46% em relação ao mesmo período do ano anterior. Os estados que mais desmataram nesse período foram o Pará (39%), Mato Grosso (22%) e Amazonas (15%)
As áreas privadas e sob diversos estágios de posse (69%) e os assentamentos (24%) foram as categorias fundiárias que mais desmataram no mês. Considerando os 7 primeiros meses do calendário do desmatamento 2019, há um aumento de 46% em relação ao mesmo período do ano anterior. Ainda de acordo com o boletim do Imazon, em fevereiro de 2019, a maioria (69%) do desmatamento ocorreu em áreas privadas ou sob diversos estágios de posse. O restante do desmatamento foi registrado em assentamentos (24%), Unidades de Conservação (4%) e Terras Indígenas (3%).
Saiba mais a seguir:

Desmatamento na Amazônia, fevereiro 2019
Clique na imagem para ampliar

Clique aqui e confira o boletim completo.

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 29/03/2019

AQUECIMENTO GLOBAL : UM BILHÃO DE PESSOAS SERÃO EXPOSTAS A DOENÇAS.

Aquecimento Global: Um bilhão de pessoas serão expostas a doenças como a dengue com o aumento da temperatura mundial


Até um bilhão de pessoas poderiam ser expostas a mosquitos portadores de doenças até o final do século devido ao aquecimento global, diz um novo estudo que examina mensalmente as mudanças de temperatura em todo o mundo.

Georgetown University Medical Center*
Aedes albopictus
Aedes albopictus. Segundo a Organização Mundial da Saúde, os mosquitos são um dos animais mais letais do mundo, portadores de doenças que causam milhões de mortes todos os anos. (Imagem: James Gathany, Centros de Controle e Prevenção de Doenças)
Os cientistas dizem que a notícia é ruim mesmo em áreas com um pequeno risco de ter um clima adequado para mosquitos, porque os vírus que carregam são notórios por surtos explosivos quando aparecem no lugar certo, sob as condições certas.
“A mudança climática é a maior e mais abrangente ameaça à segurança sanitária global”, diz o biólogo de mudança global Colin J. Carlson, PhD, um pós-doutorado no departamento de biologia da Universidade de Georgetown e co-autor do novo estudo. “Mosquitos são apenas parte do desafio, mas depois do surto de zika no Brasil em 2015, estamos especialmente preocupados com o que vem a seguir.”
Publicado na revista de acesso aberto PLOS Neglected Tropical Diseases (“Global expansion and redistribution of Aedes-borne virus transmission risk with climate change”), a equipe de pesquisa, liderada por Sadie J. Ryan da Universidade da Flórida e Carlson, estudou o que aconteceria se os dois mosquitos transmissores de doenças mais comuns – Aedes aegypti e Aedes albopictus – seguirem e se moverem à medida que a temperatura muda ao longo de décadas.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, os mosquitos são um dos animais mais letais do mundo, portadores de doenças que causam milhões de mortes todos os anos. Tanto o Aedes aegypti quanto o Aedes albopictus podem conter os vírus da dengue, chikunguyna e zika, bem como pelo menos uma dúzia de outras doenças emergentes que, segundo os pesquisadores, podem ser uma ameaça nos próximos 50 anos.
Com o aquecimento global, dizem os cientistas, quase toda a população mundial pode ser exposta em algum momento nos próximos 50 anos. À medida que a temperatura aumenta, eles esperam transmissões durante todo o ano nos trópicos e riscos sazonais em quase toda parte. Uma maior intensidade de infecções também é prevista.
“Essas doenças, que consideramos estritamente tropicais, já apareceram em áreas com climas adequados, como a Flórida, porque os seres humanos são muito bons em mover os insetos e seus patógenos em todo o mundo”, explica Ryan, professor associado de geografia médica na Flórida.
“O risco de transmissão de doenças é um problema sério, mesmo nas próximas décadas”, diz Carlson. “Lugares como a Europa, a América do Norte e altas elevações nos trópicos que costumavam ser muito frias para os vírus enfrentarão novas doenças, como a dengue.”
Mudanças climáticas mais severas produziriam proporcionalmente piores exposições populacionais para o mosquito Aedes aegypti . Mas em áreas com o pior aumento do clima, incluindo o oeste da África e sudeste da Ásia, são esperadas reduções sérias das condições para o mosquito Aedes albopictus , mais notadamente no sudeste da Ásia e no oeste da África. Este mosquito transporta dengue, chikunguyna e zika.
“Entender as mudanças geográficas dos riscos realmente coloca isso em perspectiva”, diz Ryan. “Embora possamos ver mudanças nos números e achar que temos a resposta, imagine um mundo quente demais para esses mosquitos.”
“Isso pode soar como uma boa notícia, cenário de más notícias, mas é tudo uma má notícia se acabarmos no pior cronograma para a mudança climática”, diz Carlson. “Qualquer cenário em que uma região se torne quente demais para transmitir a dengue é aquele em que também temos ameaças diferentes, mas igualmente severas, em outros setores da saúde.”
A equipe de pesquisadores analisou as temperaturas mês a mês para projetar o risco até 2050 e 2080. A modelagem não previa qual tipo de mosquito migraria, mas sim um clima em que sua disseminação não seria evitada.
“Com base no que sabemos sobre o movimento do mosquito de região para região, 50 anos é um tempo considerável, e esperamos uma disseminação significativa de ambos os tipos de insetos, particularmente o Aedes aegypti , que prosperam em ambientes urbanos”, explica Carlson.
“Este é apenas um estudo para começar a entender os desafios que enfrentamos rapidamente com o aquecimento global”, diz Carlson. “Temos uma tarefa hercúlea à frente. Precisamos descobrir o patógeno por patógeno, região por região, quando os problemas surgirão para que possamos planejar uma resposta global à saúde ”.
 Referência:
Global expansion and redistribution of Aedes-borne virus transmission risk with climate change
Sadie J. Ryan , Colin J. Carlson , Erin A. Mordecai, Leah R. Johnson
Published: March 28, 2019
DOI https://doi.org/10.1371/journal.pntd.0007213

* Tradução e edição de Henrique Cortez, EcoDebate.
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 29/03/2019

A POPULAÇÃO DO GRUPO BRICS.

A população do grupo BRICS, artigo de José Eustáquio Diniz Alves



brics - população total e percentagem da população mundial
[EcoDebate] O grupo BRICS reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul e tem um certo protagonismo no cenário internacional. Parece que o atual governo brasileiro não deve dar muita importância para este bloco econômico e político (a 11ª Cúpula do BRICS será realizada no Brasil, em 2019, com Bolsonaro como anfitrião) .
Mas o termo BRIC (soa como tijolo em inglês) não foi invento por nenhum esquerdista globalista, mas sim pelo economista Jim O’ Neill, do banco de investimento Goldman Sachs, em 2001, com o objetivo de orientar as empresas e os investidores mundiais sobre as oportunidades de negócios nos grandes países “emergentes” do globo: Brasil, Rússia, Índia, China. Estes quatro países estão entre aqueles da comunidade internacional com maior território ou maior população. O termo fez sucesso e para adquirir um caráter mais amplo, em um segundo momento, foi incluída a África do Sul (South África) e o termo BRIC ganhou mais uma letra, se transformando em BRICS.
Em termos demográficos, o grupo BRICS é uma potência, especialmente porque inclui os 2 países mais populosos do mundo. Em 1950, o BRICS possuía uma população total de 1,1 bilhão de habitantes (China = 554 milhões, Índia = 376 milhões, Rússia = 103 milhões, Brasil = 53 milhões e África do Sul = 13 milhões). Isto representava 43,4% da população mundial de 2,5 bilhões de habitantes, conforme mostra o gráfico acima. Em 2018, a população total do BRICS passou para 3,18 bilhões de habitantes (China = 1,42 bilhão, Índia = 1,35 bilhão, Rússia = 144 milhões, Brasil = 211 milhões e África do Sul = 57 milhões).
No conjunto o BRICS representava 41,7% dos 7,6 bilhões de habitantes globais em 2018. Para 2100, a população total do BRICS deve se reduzir para 2,9 bilhões de habitantes (China = 1 bilhão, Índia = 1,52 bilhão, Rússia = 124 milhões, Brasil = 190 milhões e África do Sul = 76 milhões). No conjunto o BRICS deve representar 26,2% dos 11,2 bilhões de habitantes da Terra, no final do atual século, conforme a projeção populacional média da Divisão de População da ONU.
O pico absoluto da população do BRICS acontecerá em 2045 com o volume de 3,47 bilhões de habitantes. Mas, em termos relativos, o pico da participação da população do BRICS, que foi de aproximadamente 44,5% do total da população mundial, já aconteceu no período entre 1975 e 1995. Ou seja, a população dos 5 países do grupo BRICS vai continuar crescendo em termos absolutos até 2045, mas em termos percentuais já está diminuindo do patamar mais elevado de 44,5% na última década do século passado e deve ficar em 26,2% no final do atual século.
A população em idade ativa (PIA) do BRICS, em 1950, era de 670 milhões e representava 43,5% dos 1,54 bilhão de pessoas em idade ativa (15-64 anos) no mundo, conforme mostra o gráfico abaixo. Este número, em termos absolutos, subiu durante toda a segunda metade do século passado e deve atingiu o pico em 2030, com 2,29 bilhões de pessoas entre 15 e 64 anos. A partir daí, a PIA vai diminuir e deve ficar em 1,67 bilhão de pessoas no final do atual século. Mas em termos relativos, a PIA do BRICS atingiu o cume no período 1980 a 2005, com um percentual de cerca de 44,6%, mas já está diminuindo e deve ficar em 25% em 2100. Ou seja, o potencial de pessoas produtivas do BRICS, em relação à força de trabalho global, deve cair de quase 45% em 2005 para um quarto no final do século.
brics - população em idade ativa

O gráfico abaixo mostra que os 44,5% da PIA do BRICS em relação à PIA global está bem acima do percentual do território do BRICS em relação à área terrestre do mundo. O país mais extenso é a Rússia, com 17,1 milhões de km2. Em seguida vem a China com 9,6 milhões de km2, o Brasil com 8,5 milhões de km2, a Índia com 3,3 milhões de km2 e a África do Sul com 1,2 milhão de km2. Em 2100, o percentual da PIA de 25% em relação à PIA global vai ficar mais próxima dos 26,7% do território do BRICS em relação ao território terrestre do Planeta 
brics - população em idade ativa e área
Um dos fatores que contribuem para o sucesso produtivo do grupo BRICS é a existência de um bônus demográfico. Nota-se, pelo gráfico abaixo, que a Razão de Dependência do BRICS subiu entre 1950 e 1965, mas começou a cair a partir de então e atingiu o nível mais baixo em 2015, com 44,4% de pessoas dependentes para cada 100 pessoas em idade de trabalhar. Neste mesmo período a percentagem da PIA passou de menos de 60% para o cume de 69,3% em 2015.
Portanto, o auge do bônus demográfico já aconteceu para o BRICS e a partir de 2015 a janela de oportunidade começou a se fechar. Mas o quadro demográfico vai continuar ainda favorável até 2030, quando a PIA chega ao seu auge em termos absolutos. Entre 2030 e 2060 a janela demográfica vai se fechar totalmente, já que em 2060 a percentagem da PIA de 61,2% será menor do que o percentual da razão de dependência de 63,3%. Nas últimas quadro décadas do século o quadro demográfico do BRICS vai ficar muito desfavorável.
brics - pia e razão de dependência
Ou seja, o BRICS tem até 2030 para avançar no aproveitamento do bônus demográfico. Terá dificuldades para aproveitar o período seguinte até 2060 e terá um cenário difícil com o grande envelhecimento populacional e indicadores demográficos desafiadores nas décadas derradeiras do século XXI.
Evidentemente, a demografia não é destino. O grupo BRICS já caminha para o fim do 1º bônus demográfico, mas poderá aproveitar um segundo bônus se elevar as taxas de investimento e poupança (como tem feito a China).
O mundo está passando por grandes transformações econômicas e também ambientais. Há esperança na área de ciência e tecnologia e grande preocupação na área ecológica. É preciso articular estas tendências gerais com a dinâmica demográfica para garantir alta qualidade de vida com um meio ambiente sustentável.
José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 29/03/2019