segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

A DESSALINIZAÇÃO COMO UM SEGURO SAÚDE PARA REDUÇÃO DA VULNERABILIDADE HÍDRICA NO BRASIL

A dessalinização como um seguro saúde para redução da vulnerabilidade hídrica no Brasil, artigo de Virginia Sodré



água
[EcoDebate] A falta de água é uma preocupação cada vez mais frequente no mundo. Segundo um levantamento feito pela Organização das Nações Unidas (ONU), cerca de 1,1 bilhão de pessoas em todo o mundo não têm acesso ao abastecimento adequado de água potável e, nos países em desenvolvimento, 80% das mortes e enfermidades estão relacionadas a esse problema. Calcula-se que 12,1 milhões de brasileiros não têm acesso adequado ao abastecimento de água. As moradias “sem torneira” somam 4,2 milhões. Vista, em alguns países, como uma tecnologia ainda inalcançável, a dessalinização tem se tornado uma opção cada vez mais viável para resolver essa a escassez de água no Brasil e no mundo.
A dessalinização é o processo de remoção de sais da água do mar – para que ela possa ser utilizada para fins potáveis ou industriais. Geralmente, é necessário um processo de pré-tratamento antes da água passar pela tecnologia de membranas de Osmose Reversa para que sua vida útil seja estendida. O desafio da viabilidade do processo de dessalinização são os custos energéticos, que possuem um grande impacto na tarifa, mas espera-se que os avanços tecnológicos reduzam os investimentos necessários do processo de dessalinização em 20% nos próximos cinco anos e em até 60% nos próximos 20 anos, tornando-o uma alternativa viável e atrativa para a produção de água potável, principalmente nas regiões litorâneas.
A redução dos custos de produção de água desmineralizada, associado a uma demanda e pressão crescente por água, maiores gastos no tratamento de água doce devido a redução da disponibilidade pela poluição e requisitos regulatórios mais rigorosos devem acelerar a tendência atual do uso do oceano como manancial e fonte de água. Isso estabelecerá ainda mais a dessalinização da água do oceano como uma alternativa confiável e à prova de seca para muitas comunidades costeiras em todo o mundo.
Mesmo detendo 13% do total de água doce do planeta, o Brasil apresenta regiões bem heterogêneas em relação a disponibilidade de água. A região norte tem 68,5% da reserva de água doce e aproximadamente 7% da população do Brasil. As regiões nordeste e sudeste possuem, juntas, aproximadamente, 9% da reserva de água doce e 72% da população brasileira e 71% do PIB Industrial do Brasil, as áreas litorâneas, que respondem por apenas 3% da oferta nacional, abrigam 45% da população do país. Ou seja, os brasileiros se concentram cada vez mais em áreas onde a oferta de água é desfavorável, sendo fundamental que o país diversifique a sua matriz hídrica, com o reuso de água e a dessalinização de água do mar, para evitar o colapso e aumentar a segurança hídrica. Segundo estudo realizado pela Agência Nacional de Água (ANA) 61 milhões de pessoas podem ficar sem água no Brasil. Pelo menos 300 milhões de pessoas, no mundo, já dependem do abastecimento feito pelas usinas de dessalinização.
A sociedade já está mais consciente que precisamos pensar em sustentabilidade hídrica e em novas alternativas de águas. Os recursos são disputados, vivemos uma crise. As cidades e as indústrias, podem e devem colocar como uma de suas alternativas de abastecimento de água o reuso e a dessalinização. Sabemos que as secas são cíclicas e que estão se agravando cada vez mais frente às mudanças climáticas e, dessa forma, as cidades necessitam de planejamento e de investimentos em sistemas alternativos de água para reduzir a vulnerabilidade hídrica, e desta forma sobrevirem a estes períodos.
A dessalinização e o reuso são alternativas importantes que funcionam como um seguro saúde, de forma a garantir que a água esteja disponível em tempos de seca, portanto as tarifas de água devem ser planejadas para oferecerem resiliência hídrica as cidades nestes períodos.
* Virginia Sodré é diretora da ACCIONA Água no Brasil

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 09/12/2019

WHATSAPP É A PRINCIPAL FONTE DE INFORMAÇÃO PARA 79% DOS BRASILEIROS.

Whatsapp é principal fonte de informação para 79% dos brasileiros, diz pesquisa



celular
Foto: ABr
ABr
Uma pesquisa realizada pela Câmara dos Deputados e pelo Senado mostrou o Whatsapp como principal fonte de informação dos entrevistados: 79% disseram receber notícias sempre pela rede social.
O ambiente possui mais de 136 milhões de usuários no Brasil, sendo a plataforma mais popular juntamente com o Facebook.
Depois do Whatsapp, outras fontes foram citadas, misturando redes sociais e veículos tradicionais na lista dos locais onde os brasileiros buscam se atualizar. Apareceram canais de televisão (50%), a plataforma de vídeos Youtube (49%), o Facebook (44%), sites de notícias (38%), a rede social Instagram (30%) e emissoras de rádio (22%). O jornal impresso também foi citado por 8% dos participantes da sondagem e o Twitter, por 7%.
No caso da televisão, o percentual foi maior entre os mais velhos: 67% dos consultados com mais de 60 anos disseram se informar sempre por esse meio, contra 40% na faixa entre 16 a 29 anos.
Já o Youtube apareceu como mais popular entre os mais jovens. Os que afirmaram ver vídeos sempre na plataforma chegaram a 55% na faixa de 16 a 29 anos, contra 31% entre os com 60 anos ou mais.
No caso do Instagram, a diferença é ainda maior. Entre os jovens, 41% relataram buscar informações sempre na rede social. Já na faixa dos 60 anos ou mais, o índice caiu para apenas 9%.
A pesquisa também avaliou os hábitos dos entrevistados nas redes sociais. O tipo de ação mais comum foi a curtida de publicações, ato realizado sempre por 41% dos participantes da sondagem. Em seguida, vieram compartilhamento de posts (20%), publicar conteúdos (19%) e comentar mensagens de outros (15%).
Método
A pesquisa ouviu 2.400 pessoas com acesso à internet em todos os estados e no Distrito Federal. As entrevistas foram realizadas por telefone no mês de outubro.
A amostra foi composta de modo a buscar reproduzir as proporções da população, como as de gênero, raça, região, renda e escolaridade. Segundo os autores, o nível de confiança é de 95%, com margem de erro de dois para mais ou para menos.

Por Jonas Valente, da Agência Brasil, in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 10/12/2019

DINAMARCA ADOTA LEI CLIMÁTICA PARA REDUZIR AS EMISSÕES EM 70% ATÉ 2030.

Dinamarca adota lei climática para reduzir as emissões em 70% até 2030


Parque eólico offshore na Dinamarca
Parque eólico offshore na Dinamarca. Foto: TreeHugger

Nova lei vincula a Dinamarca ao processo climático internacional, incluindo financiamento climático para países em desenvolvimento

Por Jocelyn Timperley* **
O parlamento da Dinamarca adotou uma nova lei climática na sexta-feira, comprometendo-se a atingir 70% abaixo de suas emissões de 1990 nos próximos onze anos.
A lei visa a neutralidade do carbono até 2050 e inclui um sistema de monitoramento robusto. Novas metas juridicamente vinculativas serão estabelecidas a cada cinco anos, com uma perspectiva de dez anos. O primeiro deles será definido em 2020.
No que o governo afirma ser o primeiro para uma legislatura nacional, a nova lei também tem um compromisso com o envolvimento climático internacionalmente. Isso inclui uma obrigação contínua de cumprir acordos internacionais, incluindo financiamento climático para países em desenvolvimento.
O governo precisará fornecer um relatório global anual sobre os efeitos internacionais da ação climática dinamarquesa, bem como os efeitos das importações e consumo dinamarqueses. Também precisará fornecer uma estratégia de como sua política externa, de desenvolvimento e comercial está impulsionando a ação climática internacional.
As negociações sobre o ato climático começaram em setembro passado, depois que uma coalizão de esquerda, liderada pelos social-democratas de Mette Frederiksen conquistou o poder em junho e fez da ação climática uma de suas principais prioridades .
Dan Jørgensen, ministro de clima e energia da Dinamarca, disse que o processo tem sido “difícil”, mas que é importante garantir uma ampla maioria para a lei.
“Foi crucial para o governo que a lei climática não possa ser anulada por um governo menos ambicioso no futuro”, disse ele em comunicado.
“Hoje comemoramos”, disse Mattias Söderberg, ativista da DanChurchAid. “A Dinamarca tem agora uma lei climática ambiciosa que define uma direção clara para a transição verde da Dinamarca no futuro. A lei climática também envia um sinal importante ao resto do mundo de que a Dinamarca está intensificando seus esforços para impedir a mudança climática antes que seja tarde. ”
O governo será obrigado a produzir um programa climático a cada ano para mostrar o que está fazendo para alcançar seus objetivos. Um conselho climático produzirá avaliações anuais sobre o progresso e fará recomendações para novas ações.
A notícia chega quando países que se encontram nas negociações climáticas da ONU em Madri continuam discutindo sobre os últimos aspectos técnicos de como o Acordo de Paris deve funcionar na prática.
Falando no início das negociações na segunda-feira, o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, pediu aos países que “aumentem substancialmente” suas metas.
Todos os governos devem estar prontos para se comprometer agora a rever suas promessas climáticas para “derrotar a emergência climática”, disse ele. “Ambição em mitigação, ambição em adaptação e ambição em finanças.”
Também acontece antes de uma semana crucial na UE , onde os líderes se reunirão para discutir se adotam uma meta zero líquida para o continente.
* Análise originalmente publicada na Climate Home News
** Tradução e edição de Henrique Cortez, EcoDebate.

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 10/12/2019

A ATRAÇÃO PELA LIBERDADE.

A atração pela liberdade, artigo de Montserrat Martins


artigo de opinião

[EcoDebate] O número geral de casamentos caiu 1,6% no país em 2018, mas aumentou em 61,7% no mesmo ano entre pessoas do mesmo sexo. Os dois casos tem um ponto em comum, a quebra das tradições mais antigas. Décadas atrás, era praticamente “obrigatório” se casar, para não ser mal visto pela sociedade, enquanto por outro lado o casamento homoafetivo não era admitido.
A dupla liberdade dos tempos de agora é que a população em geral não se sente mais obrigada a se casar, enquanto os casais do mesmo sexo desfrutam a liberdade de casar, enfim. O ser humano tem atração pela liberdade e nos dois casos a está exercendo, a liberdade para alguns é casar, para outros é não casar.
Num desenho de comédia, Timão e Pumba, uma das piadas era um ensinando ao outro a “Psicologia Reversa”: quando você quer provocar um comportamento em uma pessoa, diga o contrário do que deseja, para ele lhe contrariar e fazer o que você deseja. Essa atração pela liberdade está presente, de fato, em todas as áreas da vida humana.
Os Terapeutas de Família chamam de “contra-identificação” aquilo que no desenho chamaram de “psicologia reversa”. Se imitamos as pessoas com quem nos identificamos (ou que idealizamos, como ídolos), tendemos a fazer o contrário das com quem estamos “contra-identificados”, as pessoas das quais não gostamos, ou que nos provocam desconforto tentando nos impor padrões de comportamento.
Pais e mães deveriam conhecer bem esses mecanismos psicológicos, porque seus modos de educar os filhos podem ter efeito “reverso” se forem impostos com muita severidade, gerando a tentação à rebeldia.
A melhor forma de autoridade é aquela que conquista a confiança, através do diálogo, da empatia e do exemplo, mesmo que às vezes tenha que ser duro e firme ao impor limites, que serão respeitados principalmente pelo vínculo afetivo existente. O que sustenta o respeito ao limite, por parte dos filhos, não é a força dos pais, mas sim o respeito e o afeto que os filhos tem por estes.
Saber dosar afeto e autoridade é uma arte para mãe e pais sábios, que ninguém nasce sabendo, mas aprende pela própria experiência e também observando as experiências dos outros. Claro que pais e mães superprotetores, que não dão limites, não servem de exemplo, mas isso não significa que qualquer forma de dar limites será aceita pelas crianças ou adolescentes.
Os modos mais ríspidos podem até dar certo numa ocasião em especial, por força do medo, mas não são “sustentáveis” ao longo do tempo, pois é pela admiração que mãe e pais cativam nos filhos, que estes decidem seguir suas orientações quer eles estejam vendo, quer não estejam vendo.
Montserrat Martins, Colunista do EcoDebate, é Médico, autor de “Em busca da Alma do Brasil”

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 10/12/2019

MUNDO PRECISARÁ DE 7,7 TW DE ENERGIAS RENOVÁVEIS ATÉ 2030.

Mundo precisará de 7,7 TW de energias renováveis até 2030 para combater mudanças climáticas


Por: Ruy Fontes – Agência #movidos
energia solar
Um novo relatório da Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA) alerta que é preciso acelerar a adoção mundial de energias limpas até 2030 para combater as mudanças climáticas.
O estudo, divulgado durante a Conferência do Clima da ONU (COP25) em Madri, faz apelo aos países para que aumentem as suas metas atuais de fontes de energias renováveis.
Segundo a IRENA, as Contribuições Nacionalmente Determinadas (CNDs) de cada país atualmente visam uma capacidade mundial de renováveis de 3,2 Terawatts (TW) até 2030.
Isso, no entanto, não será suficiente para reduzir substancialmente as emissões globais de CO2 e manter a temperatura média global a 1.5°C acima dos níveis pré-industriais.
A agência afirma que, no ritmo atual, em até 10 anos o mundo poderá esgotar seu “orçamento de carbono” para as emissões relacionadas ao setor de energia estipulado para o final do século.
O relatório afirma que seria preciso dobrar essa meta de fontes limpas e atingir uma capacidade de 7,7 TW delas na geração mundial até 2030.
Atualmente, a capacidade instalada de fontes renováveis na matriz elétrica mundial é de 2,3 Terawatts.
Muito mais é possível. Há uma oportunidade decisiva para os países intensificarem a ação climática, aumentando suas metas em energias renováveis, que são a única solução imediata para atender à crescente demanda de energia, enquanto descarbonizam a economia e desenvolvem resiliência. ”, afirma o diretor da IRENA, Francesco La Camera.
O relatório alega ainda que esse aumento das renováveis pode ser alcançado de maneira econômica e com consideráveis benefícios socioeconômicos em todo o mundo.
Entre os benefícios estão a geração de milhões de empregos no setor de renováveis, que empregou 10,3 milhões de trabalhadores em 2018, segundo a agência.
As renováveis são boas para o crescimento, boas para a criação de empregos e proporcionam benefícios significativos ao bem-estar. Com as energias renováveis, também podemos expandir o acesso à energia e ajudar a erradicar a pobreza energética em linha com a Agenda de Desenvolvimento Sustentável da ONU para 2030 ”.

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 11/12/2019

RIO CONCLUI PLANTIO DE 13.725 MUDAS NA FLORESTA DOS ATLETAS.

Rio conclui plantio de 13.725 mudas na Floresta dos Atletas


A prefeitura do Rio de Janeiro concluiu ontem (10) o plantio da Floresta dos Atletas, no Parque Radical de Deodoro, na zona oeste da cidade. O espaço recebe as 13.725 mudas de 207 espécies da Mata Atlântica, promessa feita durante a Olimpíada Rio 2016. O evento marca a revitalização da área degradada nas últimas décadas.
Atletas olímpicos, representantes de clubes, alunos da rede municipal de ensino, de projetos sociais e estudantes de universidades, e comunidade participaram do plantio  - Tânia Rêgo/Agência Brasil
Atletas olímpicos, representantes de clubes, alunos da rede municipal de ensino, de projetos sociais e estudantes de universidades, e comunidade participaram do plantio  – Tânia Rêgo/Agência Brasil
trabalho teve início no dia 25 de setembro e contou com a participação do ginasta olímpico Diego Hypólito, que ganhou medalha de prata nas competições de solo de ginástica artística na Olimpíada Rio 2016.
O atleta também participou nesta terça-feira da conclusão do plantio das mudas. “É importante relembrar os momentos olímpicos e a questão do meio ambiente. Pegamos nos Jogos Olímpicos as sementes e, agora, é plantar e imaginar que daqui a alguns isso vai ser uma floresta. Isso tudo pode ser muito benéfico para nossa sociedade”, disse.
 Atletas olímpicos, representantes de vários clubes, alunos da rede municipal de ensino, de projetos sociais e estudantes de universidades, além da comunidade do entorno; participam do plantio da Floresta dos Atletas, no Parque Radical de
Atletas olímpicos, representantes de clubes, alunos da rede municipal de ensino, de projetos sociais e estudantes de universidades, e comunidade participaram do plantio  – Tânia Rêgo/Agência Brasil
Na cerimônia de abertura da Olimpíada Rio 2016, atletas depositaram, em pequenos tubos, sementes de 207 espécies da Mata Atlântica, representando o número de países que participaram da competição. Foi a primeira Olimpíada a ter um compromisso ambiental.
A subsecretária municipal do Legado Olímpico, Patrícia Amorim, lembrou que o fim do plantio conclui o compromisso feito na cerimônia durante a abertura dos Jogos Rio 2016: o de criar a Floresta dos Atletas. “Agora é esperar que elas cresçam e deem frutos. O esporte dá mais um pontapé nesse caminho para o futuro, que é plantar árvores, porque derrubar árvores é muito simples e fácil”.
Para investir os R$ 3 milhões necessários para o plantio das mudas na área de cinco hectares, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente utilizou “compensações ambientais”. Trata-se de mecanismo legal de contrapartida para que empresas, cujas atividades causem impacto ao meio ambiente, compensem os danos plantando árvores em áreas determinadas pela secretaria.

Por Ana Cristina Campos, da Agência Brasil, in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 11/12/2019

MUDANÇA CLIMÁTICA - IMPACTAM A ECONOMIA E A SAÚDE DA POPULAÇÃO.

Emergência Climática – Mudanças climáticas impactam a economia e a saúde da população.


Entenda como o aquecimento global impacta o futuro da humanidade

Consequências das mudanças climáticas têm norteado estudos sobre o tema e demonstram como a economia e a saúde da população são diretamente afetadas
A Conferência das Partes (COP 25) da ONU, realizada em Madri até o dia 13 de dezembro, reforça as discussões sobre a necessidade da redução das emissões de gases de efeito estufa e controle do aquecimento do planeta. Com o slogan Time for Action (Hora da Ação, em português), a Cúpula do Clima reúne representantes de cerca de 200 países para uma luta mais urgente contra a crise climática.
Registros de temperaturas recorde e eventos climáticos extremos já demonstram que as ações dos países signatários precisam ser mais eficientes – até mesmo para colocar em prática os compromissos assumidos no Acordo de Paris, em 2015, com a manutenção da temperatura média da Terra a 1,5ºC acima dos níveis da era pré-industrial. Atualmente, novo documento aponta temperatura cerca de 1ºC mais alta. As consequências do aquecimento global têm norteado estudos e relatórios que demonstram como o futuro da humanidade no planeta está comprometido em várias áreas se medidas urgentes não forem tomadas.

Impacto na produção de alimentos e economia

O aumento da temperatura do planeta em 1ºC resultará na redução de 7,4% da produção mundial de milho, 6% na de trigo e mais de 3% na de arroz. Os dados são do relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), divulgado em 2019 a partir do trabalho de mais de 100 especialistas de 52 países.
O climatologista Carlos Nobre, pesquisador do Instituto de Estudos Avançados (USP) e membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza, alerta que se o Acordo de Paris não for cumprido, o Brasil poderá sofrer consequências na produção de alimentos. “Com o aumento da temperatura entre 3°C e 4°C, o país perde sua condição de grande produtor agrícola na maioria das regiões. A pecuária e as exportações também serão afetadas”, afirma.

Prejuízos para saúde

Um relatório publicado pela revista científica The Lancet, em novembro, aponta que as próximas gerações sofrerão mais problemas de saúde como consequências do aquecimento global. A redução na produção de alimentos é apontada como um dos motivos, por gerar fome e desnutrição – principalmente em regiões mais pobres.
A poluição do ar é outro problema apontado. De acordo com o estudo, mais de 7 milhões de pessoas, em todo o mundo, morreram de forma prematura, em 2016, devido à poluição. No Brasil, o problema vitimizou cerca de 24 mil pessoas no mesmo ano. As crianças, que ainda estão com o sistema imunológico em desenvolvimento, são as que mais sofrem as consequências, apresentando complicações como a asma.
Acidificação e elevação do nível dos oceanos
O dióxido de carbono (CO2) emitido na atmosfera também é absorvido pelo oceanos, resultando na acidificação dos mares. De acordo com Nobre, desde a Revolução Industrial, a acidez nas águas oceânicas aumentou 30%. “Se não conseguirmos sucesso no Acordo de Paris, o oceano vai ficar tão ácido, no final do século, que 40% da vida marinha irá desaparecer”, analisa.
Além disso, o nível médio dos oceanos vem subindo gradativamente. Um estudo do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas aponta que algumas cidades brasileiras como Rio de Janeiro, Salvador, Recife e Belém estão em maior risco pelo aumento do nível do mar. “Mesmo se hipoteticamente a gente parasse as emissões, o aumento do nível dos oceanos continuaria por muitos séculos. Com a tendência de degelo da Groenlândia e da Antártica Ocidental, o aumento do nível pode ultrapassar vários metros em alguns séculos”, finaliza o climatologista.
Informe da Rede de Especialistas de Conservação da Natureza.
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 11/12/2019

EMERGÊNCIA CLIMÁTICA AMEAÇAM OS "CELEIROS "GLOBAIS.

Emergência Climática – Mudanças climáticas ameaçam os ‘celeiros’ globais


Plantação totalmente seca na Etiópia
Plantação totalmente seca na Etiópia. Foto: FAO

Condições climáticas extremas podem levar a um risco aumentado de colheitas agrícolas extraordinariamente baixas se mais de um celeiro global for afetada por condições climáticas adversas ao mesmo tempo.

As conclusões de um novo estudo do IIASA mostram que esses ‘celeiros’ globais, as áreas geográficas responsáveis pelo cultivo de grande parte dos alimentos do mundo, correm o risco de não produzir trigo, milho e soja em quantidade suficiente, devido a temperaturas extremas.
International Institute for Applied Systems Analysis (IIASA)*
A mudança climática não está apenas resultando em um aumento constante de temperaturas, mas também em um aumento da frequência e severidade de eventos climáticos extremos, como secas, ondas de calor e inundações. Essas condições extremas são particularmente prejudiciais para a agricultura.
A variabilidade climática é responsável por pelo menos 30% das flutuações anuais no rendimento agrícola mundial. Sob condições climáticas “normais”, o sistema global de alimentos pode compensar as perdas locais das culturas através do armazenamento e comércio de grãos. No entanto, é duvidoso que o sistema atual seja resiliente a condições climáticas mais extremas.
Em um estudo publicado na revista Nature Climate Change, o pesquisador do IIASA Franziska Gaupp e colegas analisaram o risco de falhas simultâneas na produção global devido a extremos climáticos e como o risco mudou ao longo do tempo.
“As conexões climáticas entre fenômenos globais como a Oscilação do Sul El Niño (ENSO) e extremos climáticos regionais, como as ondas de calor indianas, ou riscos de inundações em todo o mundo representam um risco para o sistema alimentar global”, observa o principal autor Gaupp. “Choques climáticos na produção agrícola contribuem para picos de preços de alimentos e fome, com potencial para desencadear outros riscos sistêmicos, incluindo agitação política e migração. Essa análise pode fornecer a base para uma alocação mais eficiente de recursos a planos de contingência e reservas estratégicas de safras que melhorariam a resiliência do sistema global de alimentos. ”
O estudo analisa os dados climáticos e de produtividade das principais regiões agrícolas dos países mais produtivos, de 1967 a 2012. A análise mostra que houve um aumento significativo na probabilidade de várias falhas globais na produção de alimentos, principalmente para trigo, milho e soja. Para a soja, por exemplo, as implicações do fracasso da colheita, em todas as principais produtoras, associadas ao risco climático seriam de pelo menos 12,55 milhões de toneladas de perdas na colheita. Isso excede as 7,2 milhões de toneladas de perdas entre 1988 e 1989, um dos maiores choques históricos na produção de soja.
Em uma escala global, existem correlações negativas e positivas entre a produção de alimentos e a dependência climática. Os riscos baseados na precipitação para a soja na Índia e na Argentina estão negativamente correlacionados. Isso significa que fortes chuvas na Índia afetam negativamente a colheita local de soja, mas isso pode ser mitigado pelas importações da Argentina – dessa forma, as perdas das culturas podem ser equilibradas.
Por outro lado, há uma correlação positiva entre a temperatura máxima na UE e na Austrália, por exemplo. O risco de aumento de temperatura na Austrália devido às mudanças climáticas pode afetar a quantidade de trigo que eles podem exportar para a UE. Isso poderia pressionar a UE em caso de seca durante a temporada de trigo.
Este é o primeiro estudo desse tipo e escala. Embora a possibilidade de um extremo climático atingir mais de um ‘celeiro global’ tenha sido um motivo crescente de preocupação, apenas alguns estudos investigaram a probabilidade de choques simultâneos na produção.
“Nossa abordagem é capaz de estimar eventos climáticos extremos simultâneos em larga escala de maneira baseada em riscos e, portanto, permite o desenvolvimento de novas estratégias de resposta a riscos”, diz o co-autor do estudo Stefan Hochrainer-Stigler, pesquisador do Programa de Risco e Resiliência do IIASA .
Referência:
Gaupp F, Hall J, Hochrainer-Stigler S, & Dadson S (2019). Changing risks of simultaneous global breadbasket failure. Nature Climate Change DOI: https://doi.org/10.1038/s41558-019-0600-z [pure.iiasa.ac.at/id/eprint/16205]

* Tradução e edição de Henrique Cortez, EcoDebate.
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 11/12/2019

FLEXQUEST NA EDUCAÇÃO BÁSICA : PLATAFORMA VIRTUAL DE APRENDIZAGEM.

FLEXQUEST NA EDUCAÇÃO BÁSICA: UMA PLATAFORMA VIRTUAL DE APRENDIZAGEM VOLTADA PARA POLUIÇÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS
André dos Santos
Áurea Nascimento de Siqueira Mesquita
João Gustavo Soares de Araújo
Valéria Sandra de Oliveira Costa
Universidade Federal de Pernambuco – UFPE, Programa de Pós-Graduação em Rede Nacional para o Ensino das Ciências Ambientais (ProfCiAmb)
INTRODUÇÃO
As Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) vem se constituindo ao longo dos anos como ferramentas muito utilizada por professores no processo de ensino-aprendizagem em sala de aula, oferecendo métodos e técnicas mais flexíveis para facilitar o processo de aprendizagem do alunato. Fernandes et al., (2018) menciona que grande parte dos professores da educação básica ainda se detém aos tradicionais métodos de ensino levando estes ao comodismo profissional, deixando de lado a busca por métodos inovadores.
Diante disso, a temática meio ambiente em especial a poluição dos recursos hídricos é algo que vem sendo abordado por professores do ensino médio, de maneira bastante simplista, principalmente por que esses docentes se prendem ainda a conceitos de preservação e conservação dos recursos naturais (SANTOS et al., 2017).
Neste contexto, a FlexQuest configura-se como um produto educacional tecnológico, que possibilitará aos alunos a flexibilização da aprendizagem dos conteúdos relacionado a poluição da água, inserindo-os em um contexto digital, ao mesmo tempo que esses discentes constroem uma aprendizagem significativa, no intuito de desenvolver um senso crítico para se posicionar na escola, comunidade perante a sociedade, propondo ações mitigadoras dos impactos antrópicos nos recursos hídricos (SILVA et al., (2015)
Portanto, o objetivo da pesquisa é desenvolver com alunos do 3º ano do ensino médio nas aulas do componente curricular biologia uma FlexQuest, que possa auxiliar os alunos a compreender melhor a poluição dos recursos hídricos dentro de uma perspectiva construtivista e flexível.
METODOLOGIA
Caracterização da Área de Estudo
O estudo será realizado na Escola de Referência em Ensino Médio Frei Epifânio da rede Estadual de Pernambuco, localizada no município de São Joaquim do Monte, a uma latitude 08°25’57” sul e longitude 35°48’16” oeste, com cerca de 21.000 habitantes (IBGE, 2017) e inserida na mesorregião do agreste pernambucano (Figura 1).
Figura 1 – Localização da Escola de Referência em Ensino Médio Frei Epifânio. Fonte: Autor principal (2018).
Figura 1 – Localização da Escola de Referência em Ensino Médio Frei Epifânio. Fonte: Autor principal (2018).
A metodologia inicial será baseada em pesquisa bibliográfica, em diferentes bases de dados na internet e publicações recentes na literatura científica. Será realizado em sala de aula antes, uma investigação dos conhecimentos prévios dos estudantes sobre a temática em questão, e uma abordagem sobre o que se trata uma FlexQuest, como operacionalizar e os benefícios de seu uso em sala de aula.
Para alcançar o objetivo proposto, o presente estudo será realizado com alunos da 3ª série do ensino médio, os participantes terão que resolver algumas problemáticas no ambiente de aprendizagem, casos e minicasos propostos a serem descontruídos, relacionado a poluição dos recursos hídricos (Figura 2). Por fim será aplicado um questionário pós teste em sala de aula, com o objetivo de avaliar o nível de conhecimento dos educandos, depois do uso dessa ferramenta educacional.
Figura 2 – Protótipo da página principal da plataforma FlexQuest desenvolvida. Fonte: Autor principal (2018)
Figura 2 – Protótipo da página principal da plataforma FlexQuest desenvolvida. Fonte: Autor principal (2018)
RESULTADOS ESPERADOS
Esse tipo de pesquisa desenvolvida com os/a alunos/a poderá repercutir de forma bastante positiva, pois pode facilitar o processo de ensino/aprendizagem de forma mais dinâmica,  de modo que professores de outras áreas do ensino, possam utilizar como modelo para desenvolver projetos intermediados pelo uso dessas tecnologias e mídias, em prol de um currículo mais contextualizado e flexível com a realidade do aluno de cada instituição de ensino.
  • A plataforma FLexQuest torna-se um objeto de aprendizagem capaz de trazer melhorias para trabalhar as questões ambientais em sala de aula.
  • Tornar-se-á um material instrucional potencialmente significativo.
  • Estabelecerá um diálogo entre a teoria da flexibilidade cognitiva, como estratégia no processo de ensino aprendizagem.
CONCLUSÃO
Portanto espera-se que os alunos dessa escola, possam compreender a importância dos recursos hídricos para humanidade, através do uso de um recurso didático tecnológico potencialmente significativo. E que professores das diversas áreas do currículo também possam fazer uso, contribuindo para que os educandos aprendam a se posicionar de modo crítico, em relação as situações do dia a dia frente as questões ambientais.
REFERÊNCIAS
FERNANDES, A. M. M.; MARINHO, G. O.; BATISTA, M. D.; OLIVEIRA, G. F. O construtivismo na educação. Id onLine Rev. Mult. Psic, v. 12, n. 40, p. 138-150, 2018. Disponível em: https://idonline.emnuvens.com.br/id/article/view/1049/1514. Acesso em: 13 agosto de 2018.
IBGE. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA ESTATÍSTICA. Censo 2017. Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/pe/sao-joaquim-do-monte/panoramaAcesso em: 10 out. 2018.
SANTOS, A.; LIMA, M.L.B.; MACIEL, L.M.N.L.; PAZ, M.C.P; PAZ, R.J. A interdisciplinaridade na Educação Ambiental. Rev. Educ. Ambiental Ação, n.61, 2017.
SILVA, I. G. S. S. S.; LEÃO, M. B. C.; SOUZA, F. N. Plataforma FlexQuest®: uma estratégia didática para a promoção de flexibilidade cognitiva e interdisciplinaridade com recursos Web 2.0. RISTI, n. 4, p. 35-49, 2015. Disponível em: http://www.scielo.mec.pt/pdf/rist/nspe4/nspe4a04.pdf. Acesso em 15 agosto de 2018.

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 11/12/2019