Natureza, técnica e ciência
No mundo ocidental capitalista, a ideia de natureza é marcada pela ciência e pelo pensamento moderno. Mesmo que façamos certa simplificação, não seria demais dizer que a ciência moderna é influenciada por visões antropocêntricas, que separam o homem (cultura) da natureza (objeto) e valorizam o caráter prático e utilitário. Esses princípios que norteiam os trabalhos científicos medem, quantificam e estabelecem leis que permitem definir, explicar, prever e controlar os mais diversos fenômenos da natureza.
Entre capitalismo, cristianismo e ciência há muitas relações. O capital se beneficia de toda uma ética religiosa a respeito do trabalho, enquanto a ciência desenvolve conhecimentos, métodos, técnicas e equipamentos para a produção de mercadorias. Mas é necessário cuidado com essas generalizações, é preciso dizer que religião e ciência já elaboraram, e ainda elaboram, críticas para as desigualdades geradas no capitalismo.
Milton Santos define a ação humana como o conjunto de conhecimentos e técnicas que permitem ao homem moderno exercer o controle sobre a natureza. Esse controle pode ser:
- ativo, ou seja, com intervenção direta na natureza, como domesticação de animais e irrigação para a agricultura;
- passivo, em que a natureza não é ainda diretamente controlada, mas acompanhada por um sistema de previsão, como é o caso dos sistemas de previsão de tempo, de tremores de terra, de mudanças climáticas entre outros.
A ciência moderna e o controle da natureza
A ciência moderna, como já estudamos, parte do princípio de que o homem tem, na razão e no conhecimento, a capacidade de controlar e, portanto, dominar a natureza. Um dos principais colaboradores da organização e construção dos conhecimentos geológicos foi Charles Lyell (1797-1875), que, a partir da observação, elaborou teorias a respeito da origem do planeta. Um caso exemplar dessa situação é a ciência que conhecemos atualmente como geologia. O termo geologia vem do grego geo, que significa terra, e logos, que significa palavra, pensamento, ciência.
A Geologia moderna de Charles Lyell
Charles Lyell, o fundador da Geologia moderna, foi quem, ao investigar as paisagens, identificou que nelas estão presentes a dinâmica da natureza e seus diferentes ritmos.
Até o começo do século XIX, a maioria dos cientistas acreditava que a Terra era relativamente jovem e que as rochas e as paisagens tinham sido moldadas por uma série de transformações bruscas e recentes. O geólogo inglês Charles Lyell (1797-1875) foi quem estabeleceu a teoria de que o planeta pode ser muito velho e que havia se transformado aos poucos. Lyell era fascinado por rochas, o que o levou a muitas expedições geológicas. O seu livro Princípios de Geologia, publicado em 1830, revolucionou a maneira de se pensar o mundo. Lyell tinha como base de seus trabalhos a observação e o estudo das rochas e das dinâmicas presentes até hoje, como os terremotos, os vulcões e os agentes erosivos. A partir do estudo do que ocorre hoje podemos perceber a dinâmica da formação geológica do planeta, o que vale dizer que os antigos processos de formação e transformação da crosta terrestre estão presentes até hoje.
ESTRATIGRAFIA
ESTRATIGRAFIA
Coluna geológica
Os geólogos sempre se referem à coluna geológica [...] quando falam da história das rochas. A ideia é que, se os sedimentos tivessem permanecido totalmente inalterados, seria possível fazer um corte que revelaria a sequência completa, com a rocha mais velha embaixo e a mais nova no alto. Assim, cada camada de rocha se torna uma divisão do tempo geológico, com longas eras [...] divididas em períodos. [...] Tal sequência não existe em lugar nenhum na Terra, mas fornece uma orientação útil. Boa parte do que sabemos sobre a idade relativa das rochas vem do estudo de fósseis. Alguns sempre aparecem antes de outros na sequência - qualquer que seja o tipo da rocha - e, por isso, pode-se dizer que uma rocha é mais velha ou mais jovem que outra. Como os fósseis não fornecem as datas em anos, os geólogos valem-se atualmente dos elementos radiativos das rochas, como o urânio. Mede-se o grau de degradação desses elementos e obtém-se uma estimativa da data da rocha.
Adaptado de: Como a Terra funciona. São Paulo: Globo, 1994. p. 44.
A sistematização criada por Lyell permite o estudo das transformações nas estruturas rochosas ocorridas nas diversas eras e períodos geológicos. Esse estudo é possível com a análise de compostos minerais, de rochas e, principalmente, de fósseis. Com isso, os geólogos podem, com certa precisão, recriar os diversos ambientes que já existiram na Terra, suas características e transformações.
Fonte : Henrique Delboni e Má cia Kobayashi