segunda-feira, 16 de outubro de 2023

DERRETIMENTO DO PERMAFROST PODE LIBERAR PATÓGENOS ANTIGOS E PERIGOSOS

 Derretimento de permafrost

Derretimento de permafrost no Planalto Peel, nos Territórios do Noroeste, Canadá, expõe o permafrost rico em gelo e sedimentos. (Foto: Scott Zolkos)

Derretimento do permafrost pode liberar patógenos antigos e perigosos

Patógenos antigos que escapam do derretimento do permafrost têm potencial real para danificar comunidades microbianas e podem potencialmente ameaçar a saúde humana, de acordo com um novo estudo.

Patógenos antigos que escapam do derretimento do permafrost têm potencial real para danificar as comunidades microbianas e podem ameaçar a saúde humana, de acordo com um novo estudo de Giovanni Strona do Centro de Pesquisa Conjunta da Comissão Europeia e colegas, publicado em 27 de julho na revista de acesso aberto PLOS Computational Biologia.

A ideia de que patógenos “viajantes no tempo” presos no gelo ou escondidos em instalações laboratoriais remotas poderiam se libertar para causar surtos catastróficos inspirou gerações de romancistas e roteiristas. Enquanto o derretimento das geleiras e do permafrost está dando a muitos tipos de micróbios adormecidos a oportunidade de ressurgir, as ameaças potenciais à saúde humana e ao meio ambiente representadas por esses micróbios têm sido difíceis de estimar.

Em um novo estudo, a equipe de Strona quantificou os riscos ecológicos representados por esses micróbios usando simulações de computador. Os pesquisadores realizaram experimentos de evolução artificial em que patógenos semelhantes a vírus digitais do passado invadem comunidades de hospedeiros semelhantes a bactérias. Eles compararam os efeitos de patógenos invasores na diversidade de bactérias hospedeiras com a diversidade em comunidades de controle onde não ocorreu invasão.

A equipe descobriu que, em suas simulações, os antigos patógenos invasores podiam sobreviver e evoluir na comunidade moderna, e cerca de 3% se tornaram dominantes. Enquanto a maioria dos invasores dominantes teve pouco efeito na composição da comunidade maior, cerca de 1% dos invasores produziram resultados imprevisíveis. Alguns causaram a extinção de até um terço das espécies hospedeiras, enquanto outros aumentaram a diversidade em até 12% em comparação com as simulações de controle.

Os riscos representados por esse 1% de patógenos liberados podem parecer pequenos, mas, devido ao grande número de micróbios antigos regularmente liberados nas comunidades modernas, os eventos de surto ainda representam um risco substancial.

As novas descobertas sugerem que os riscos representados por patógenos que viajam no tempo – até agora confinados a histórias de ficção científica – podem de fato ser poderosos impulsionadores de mudanças ecológicas e ameaças à saúde humana.

Referência:

Giovanni Strona, Corey J. A. Bradshaw, Pedro Cardoso, Nicholas J. Gotelli, Frédéric Guillaume, Federica Manca, Ville Mustonen, Luis Zaman. Time-travelling pathogens and their risk to ecological communities. PLOS Computational Biology, 2023; 19 (7): e1011268 DOI: 10.1371/journal.pcbi.1011268

 

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in EcoDebate, ISSN 2446-9394

CONHEÇA SITUAÇÕES QUE CONFIGURAM VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA .

Conheça situações que configuram violência obstétrica

Levantamento Fiocruz, mostra que 30% das mulheres atendidas em hospitais privados sofrem violência obstétrica, enquanto no Sistema Único de Saúde (SUS) a taxa é de 45%.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), violência obstétrica se refere à “apropriação do corpo da mulher e dos processos reprodutivos por profissionais de saúde, na forma de um tratamento desumanizado, medicação abusiva ou patologização dos processos naturais, reduzindo a autonomia da paciente e a capacidade de tomar suas próprias decisões livremente sobre seu corpo e sua sexualidade; o que tem consequências negativas em sua qualidade de vida”.

O levantamento “Nascer no Brasil”, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), mostra que 30% das mulheres atendidas em hospitais privados sofrem violência obstétrica, enquanto no Sistema Único de Saúde (SUS) a taxa é de 45%.

“A conduta vexatória pode ocorrer durante a gestação, o parto e pós-parto, manifestando-se por meio de violência verbal ou física e pela adoção de intervenções e procedimentos desnecessários e/ou sem evidências científicas. Ou seja, um total desrespeito à mulher, à sua autonomia, ao seu corpo e aos seus processos reprodutivos”, reforça Carlos Moraes, ginecologista e obstetra pela Santa Casa/SP, Membro da FEBRASGO e Especialista em Perinatologia pelo Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Albert Einstein, e em Infertilidade e Ultrassom em Ginecologia e Obstetrícia pela FEBRASGO.

Segundo o psiquiatra Adiel Rios, pesquisador no Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP e do Programa de Reconhecimento e Intervenção em Estados Mentais de Risco; a violência obstétrica tem o potencial de ser uma grande deflagradora do sofrimento materno.

“Da gestação até o parto, a mulher passa por grandes alterações físicas, hormonais e psíquicas, favorecendo a vulnerabilidade emocional e possíveis transtornos psiquiátricos. Ao sofrer violência obstétrica, todo esse quadro é potencializado, aumentando as chances de depressão pós-parto, disfunções sexuais, transtorno do estresse pós-traumático e alteração na autoimagem corporal”, alerta Adiel Rios.

Para entender quais situações são consideradas como violência obstétrica, o ginecologista Carlos Moraes listou algumas das principais:

Violência emocional

Xingar, humilhar, fazer comentários constrangedores em razão da cor, da raça, da etnia, da religião, da orientação sexual, da idade, da classe social ou do número de filhos são exemplos de violência emocional.

Proibir acompanhante

A lei do direito ao acompanhante, em vigor desde 2005, diz que a gestante tem o direito de ser acompanhada por pessoa de sua escolha durante sua permanência no estabelecimento de saúde. (Lei nº 11.108/2005). “Nenhum médico pode negar a presença de um acompanhante durante toda a gestação, no parto e pós-parto imediato. Se houver essa restrição logo no início do pré-natal, já reveja sua escolha”, ressalta Carlos Moraes.

Exame de toque exagerado

Por ser doloroso e incômodo no trabalho de parto, além de haver risco de infecção/contaminação, o exame de toque não deve ser feito o tempo todo e tampouco sem o consentimento da paciente.

Ocitocina sem necessidade

Chamada de “sorinho”, a ocitocina sintética é injetada na veia para acelerar as contrações uterinas e, consequentemente, o trabalho de parto. No entanto, quando a substância é utilizada em um parto que evolui normalmente ou se a dose for maior do que o necessário, pode provocar contrações uterinas excessivas e até diminuir o fluxo sanguíneo do bebê, aumentando o risco de fazer uma cesárea.

Amniotomia (rompimento da bolsa)

O rompimento precoce da bolsa, associado ou não à ocitocina, não deve ser realizado em mulheres que estejam evoluindo bem no trabalho de parto.

Realização da Manobra de Kristeller

Feito tanto no parto normal como na cesárea, o procedimento consiste na pressão da parte superior do útero com o objetivo de facilitar a saída do bebê. Apesar de proibida pelo Ministério da Saúde e pela OMS, a técnica ainda é realizada em alguns hospitais no Brasil, principalmente no SUS. Os riscos são: ruptura do fígado ou baço, fratura de costelas, descolamento da placenta, traumas encefálicos no bebê, entre outros.

Realização de Tricotomia e Enema

Tanto a tricotomia pubiana e perineal (raspagem dos pelos) como o enema (lavagem intestinal) não devem ser realizados durante o trabalho de parto sem o consentimento da paciente.

Episiotomia sem necessidade ou sem informar à mulher

Trata-se do corte feito entre a região da vagina e do ânus para facilitar a saída do bebê. Mesmo que a OMS tenha determinado critérios sobre o procedimento, médicos realizam a episiotomia rotineiramente, sendo que, muitas vezes, ela não é necessária. Estima-se que o corte seja feito em cerca de 80% das brasileiras, sem notificar ou questionar a paciente.

Negar escolha da posição do parto

A mulher pode (e deve) escolher sua posição de parto, não sendo obrigada a ficar em posição de litotomia (deitada com a barriga para cima e pernas levantadas). “A paciente tem o direito de decidir se quer ficar de cócoras, agachada ou em qualquer outra posição que seja mais confortável para ela”, diz o ginecologista Carlos Moraes.

Proibir dieta e líquidos

Não se pode impedir que a mulher se alimente e beba água durante o trabalho de parto. Muitas pacientes ficam horas em jejum. Mulheres em trabalho de parto podem ingerir líquidos e dieta leve.

Negar anestesia

Toda gestante tem o direito de receber anestesia, se for solicitada ou necessária. No entanto, a medicação não pode impedi-la de se mexer, andar e, principalmente, fazer força em caso de parto normal.

Cesárea sem necessidade

A mulher não é obrigada a fazer uma cesariana, a não ser que haja problemas de saúde ou complicações durante o trabalho de parto. A cesárea é uma cirurgia e pode gerar hemorragia, infecções e danos a órgãos internos da gestante, sem que fosse necessário assumir o risco de ter estas complicações.

Dificultar o contato imediato com o bebê e a amamentação

As mulheres devem ser estimuladas a ter contato pele a pele imediato com a criança e a amamentar, logo após o nascimento. “Independentemente do tipo de parto, o bebê deve ser levado à mãe assim que nascer e ser amamentado logo após ser limpo”, esclarece o ginecologista.

Como denunciar

É fundamental que vítimas de violência em qualquer fase da gestação ou do parto, realizados em redes de saúde pública ou privada, denunciem a ocorrência. As denúncias podem ser realizadas junto à ouvidoria do hospital, ao Ministério Público, à Defensoria Pública da região, à Secretaria de Saúde do seu Município ou na ouvidoria da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), em caso de ser beneficiária de plano de saúde.

Denúncias também podem ser feitas pelo número 180 ou pelo Disque Saúde 136. “A paciente deve denunciar quem praticou violência obstétrica nos conselhos de classe e promover na justiça ação para reparação dos seus danos materiais, estéticos e/ou morais”, complementa o ginecologista Carlos Moraes.

 

in EcoDebate, ISSN 2446-9394

MITOS SOBRE O ENVELHECIMENTO DO CÉREBRO .

 cérebro

Mitos sobre o envelhecimento do cérebro

Como qualquer outro órgão do corpo humano, o cérebro também passa por alterações e mudanças ao longo dos anos e envelhece com o tempo.

As alterações são não apenas estruturais, mas também funcionais. Nos cérebros idosos, por exemplo, ocorre uma perda de sintonia entre as regiões.

Para esclarecer algumas curiosidades sobre a saúde do cérebro e o envelhecimento cerebral, o Dr. Marcelo Valadares, médico neurocirurgião da Disciplina de Neurocirurgia da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp e do Hospital Albert Einstein elencou alguns mitos e verdades sobre o tema. Veja abaixo:

1) O tamanho do cérebro pode diminuir com a idade. VERDADE.

A redução do volume do cérebro com a idade é comum durante o envelhecimento. Isso se deve à diminuição no número de células, entre elas, os neurônios, que são os principais responsáveis pelo funcionamento do órgão. “Além disto, acontece também uma diminuição das conexões entre os neurônios. Esta alteração do volume cerebral também é chamada de atrofia e pode ser maior ou menor, de acordo com outras condições de saúde, que variam para cada pessoa”, explica o Dr. Marcelo Valadares.

2) Exames preventivos podem contribuir para evitar o envelhecimento do cérebro. MITO.

Até o momento, não existem exames que possam prevenir o envelhecimento do cérebro. As recomendações são relacionadas a prevenção de problemas de saúde. Exames podem ser úteis quando existem alterações neurológicas perceptíveis, como problemas de memória e de atenção.

3) Os neurotransmissores – substâncias que levam a informação de um neurônio ao outro ou a um tecido – também sofrem com mudanças durante o envelhecimento. VERDADE.

Dentro do próprio neurônio a transmissão se dá por meio de energia, como acontece com o sistema elétrico de uma casa, por exemplo. Como os cabos de energia, os neurônios são compridos e podem ter mais que 1 metro de extensão. Entre as células, são os neurotransmissores que se comunicam, passando a mensagem adiante. “Hoje conhecemos mais de 60 tipos de neurotransmissores e, com a idade, a concentração de cada um pode variar; isso pode estar associado a problemas de saúde”, ressalta o neurocirurgião.

4) Já existem formas de frear o desenvolvimento das doenças neurodegenerativas, como Alzheimer e Parkinson. MITO.

Infelizmente, ainda não existe uma forma clara de frear processos degenerativos no cérebro, principalmente quando doenças como Alzheimer e Parkinson já forma identificadas. Porém, segundo o neurocirurgião da Unicamp e do Hospital Albert Einstein, existem condições de saúde que podem reduzir o risco do desenvolvimento destas doenças. “Adotar um estilo de vida mais saudável desde cedo, com alimentação balanceada, prática de atividades físicas e evitando o excesso de bebidas alcoólicas, por exemplo, pode reduzir o risco de doenças neurodegenerativas”, diz o médico.

5) O estilo de vida de um jovem pode influenciar, no futuro, no envelhecimento do seu cérebro. VERDADE.

Um cérebro jovem deve ser estimulado e bem cuidado. “A forma como se estimula o cérebro hoje, impacta diretamente no amanhã. O cuidado deve ser físico, mental e emocional, uma vez que as emoções e a cognição estão ligadas às conexões entre os neurônios. Hábitos de vida saudáveis associados a um sono regular, evitando estresse e ansiedade, são cuidados essenciais”, afirma o Dr. Marcelo Valadares.

6) Pessoas que mantêm hábitos relacionados à atividade intelectual, como ler e estudar, têm uma menor predisposição a desenvolver demência. VERDADE.

Sim, é verdade: manter vivos hábitos como ler e estudar parecem estar relacionados a um menor risco de desenvolver demências ou, ao menos, de resistir aos sintomas em seu início. O neurocirurgião explica que a principal hipótese para explicar o mecanismo é chamada de reserva cognitiva. “Estudos indicam que, quem estimula o cérebro, teria mais conexões entre seus neurônios e maior capacidade de processamento da informação. Essa reserva seria fundamental diante da morte de neurônios ligada ao envelhecimento ou a doenças, suprindo a função que seria perdida normalmente”, afirma.

7) A qualidade do sono é importante para porque o cérebro desliga e, assim, estaremos descansados para o próximo dia. MITO.

Segundo o Dr. Valadares, o sono de qualidade é um dos principais elementos para manter a saúde do cérebro em dia. “Enquanto dormimos, em vez de ‘desligar’, nosso cérebro inicia um dos seus momentos de maior atividade. Enquanto nossa consciência está ausente e sonhamos, os neurônios processam e arquivam as informações recebidas durante o dia. Além disso, acreditamos que boa parte da ‘limpeza’ de resíduos de atividade cerebral ocorra durante o sono. Esse trabalho noturno é o que garante a qualidade e a limpeza, garantindo que o órgão esteja apto às atividades no próximo dia”, diz o médico.

8) A prática de atividades físicas que desenvolvam a musculatura corporal também pode contribuir para o cérebro. VERDADE.

Por mais estranho que pareça, é verdade. Diversas pesquisas apontam que a atividade física moderada está associada com menores índices de atrofia do cérebro. Ou seja: o cérebro de quem faz exercício físico pode ser maior daqueles que não fazem. Pesquisadores também acreditam que isso também signifique um risco menor de doenças neurodegenerativas.

9) Alimentação desregulada e excesso de álcool podem influenciar diretamente no envelhecimento do cérebro. VERDADE.

Tanto o consumo excessivo de álcool, quanto açucares e alimentos processados em excesso podem influenciar o cérebro. Entre mudanças possíveis estão: alterações na capacidade cognitiva em qualquer idade; aumento na atividade inflamatória, afetando especialmente especial pessoas idosas. De acordo com médico da Unicamp, pesquisas apontam que evitar alimentos do tipo em excesso pode preservar a estrutura e as funções cerebrais. No caso do álcool, especificamente, podem ocorrer alterações profundas nos neurotransmissores.

10) Suplementação com DHA é essencial para prevenção do envelhecimento cerebral. MITO.

O DHA é um ácido-graxo que faz parte do chamado ômega 3, complexo de 3 tipos diferentes de substâncias muito importantes para o organismo. Ele pode ser obtido por meio do leite materno e de alimentos como óleos de peixes. Porém, a decisão de suplementar ou não DHA além do que já é obtido naturalmente na alimentação, deve ser avaliada caso a caso, com orientação médica e nutricional. “O DHA está presente em nosso corpo e é parte essencial de nosso cérebro, mas ainda não está claro se consumi-lo pode ajudar no funcionamento do organismo. Como dito anteriormente, é importante ressaltar que também não existe, até o momento, uma forma de prevenir o envelhecimento do cérebro”, finaliza o Dr. Valadares.

 

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