sábado, 27 de agosto de 2022

BÔNUS DEMOGRÁFICO : OS PAÍSES ENRIQUECEM ANTES DE ENVELHECER.

 Bônus demográfico: os países enriquecem antes de envelhecer, artigo de José Eustáquio Diniz Alves

O que cabe destacar é que toda nação de alta renda e alto IDH (acima de 0,850), sem exceção, passou pela transição demográfica e enriqueceu antes de envelhecer

Durante a maior parte da história da humanidade as taxas de mortalidade e natalidade eram altas, a estrutura etária era jovem e as condições de vida eram precárias para a maior parte das populações de todos os países.

Mas após a Revolução Industrial e Energética a produção de bens e serviços aumentou, a medicina e a higiene avançaram, o acesso aos bens de subsistências e aos alimentos foi melhorando ao longo das décadas, e, em consequência, a expectativa de vida ao nascer aumentou extraordinariamente, em especial, no século XXI. Com a queda da mortalidade infantil e o avanço dos direitos de cidadania, as taxas de natalidade também começaram a cair e isto gera, necessariamente, uma mudança na estrutura etária.

Nas primeiras décadas após o início da transição da fecundidade, cresce a parte central da pirâmide etária, aumentando o percentual de pessoas em idade ativa e diminuindo o percentual de pessoas dependentes (fenômeno conhecido como 1º bônus demográfico). Desta forma, em um processo de retroalimentação, o desenvolvimento econômico contribui para o avanço da transição demográfica e o bônus demográfico contribuiu para a decolagem do desenvolvimento.

Portanto, a história mostra que os países que enriqueceram (conseguem alto nível de renda e elevados índices de desenvolvimento humano) são aqueles que passaram pela transição demográfica e aproveitaram os benefícios do 1º bônus demográfico. O gráfico abaixo indica que, entre 169 países, todos aqueles que atingiram uma renda per capita acima de US$ 30 mil tinham idade mediana acima de 35 anos (as únicas 3 exceções são Arábia Saudita, Bahrain e Brunei que são grandes produtores e exportadores de petróleo). Os países enriqueceram concomitantemente à mudança da estrutura etária, mas antes de envelhecer de fato.

correlação entre renda per capita e a idade mediana

 

A reta de tendência do gráfico mostra que existe uma correlação positiva entre renda per capita (em termos constantes e em poder de paridade de compra – ppp) e a idade mediana. Em 1980, a renda per capita média mundial estava em torno de US$ 11 mil e a idade mediana em 23 anos e todos os países ricos tinham idade mediana acima de 25 anos. Nos últimos 42 anos, a renda e a idade mediana aumentaram e a relação entre as duas variáveis ficou ainda mais forte. Os países ficam ricos enquanto a estrutura etária envelhece, mas precisam atingir o nível de alta renda antes de chegar a uma sociedade plenamente envelhecida.

Os países muito pobres – abaixo de US$ 5 mil (em poder de paridade de compra – ppp) possuem uma estrutura etária jovem, com idade mediana abaixo de 25 anos. Já os países de renda média baixa (de US$ 5 mil a US$ 15 mil) e renda média alta (de US$ 15 mil a US$ 30 mil) apresentam uma maior variabilidade da idade mediana. Provavelmente alguns vão conseguir passar para o clube dos países ricos (acima de US$ 30 mil), mas outros podem ficar presos à armadilha da renda média.

O que cabe destacar é que toda nação de alta renda e alto IDH (acima de 0,850), sem exceção, passou pela transição demográfica e enriqueceu antes de envelhecer.

O Japão, por exemplo, é o país mais envelhecido do mundo (com idade mediana de 50 anos em 2022) e possui uma renda per capita elevada, acima de US$ 40 mil. O Japão saiu derrotado e destroçado após a Segunda Guerra Mundial (e foi o único país do mundo a sofrer ataque de bombas atômicas). Mas com poucos recursos naturais, uma população pobre e muitas dificuldades no pós-Guerra, os japoneses conseguiram aproveitar o 1º bônus demográfico e, entre 1945 e 1990 se tornou um país rico. Nas últimas décadas, o Japão tem se destacado como o país com a estrutura etária mais envelhecida e uma renda mais ou menos estagnada. Porém, o Japão enriqueceu antes de envelhecer e atualmente administra uma população com elevado padrão de vida.

Já a Bósnia e Herzegovina tem uma renda per capita de US$ 14,9 mil em 2022 e uma idade mediana de 44,7 anos. O país já está nas fases finais do 1º bônus demográfico e só conseguirá dar o salto para o clube dos países ricos se aproveitar o 2º bônus demográfico (que implica em aumento da produtividade do trabalho) e também o 3º bônus demográfico (que implica em maiores taxas de atividade no mercado de trabalho da população idosa). Se envelhecer antes de enriquecer pode ficar eternamente preso à armadilha da renda média.

O Brasil tem uma renda per capita de US$ 14,7 mil em 2022 e uma idade mediana de 35,6 anos. Desta forma, o país ainda tem algum tempo para aproveitar o 1º bônus demográfico (em torno de 15 anos). Juntamente com o aproveitamento dos outros dois bônus, pode aproveitar as próximas três décadas para dar o salto para o clube dos países ricos. O tempo é curto e o Brasil vai ser uma sociedade completamente envelhecida na segunda metade do século XXI. Se os brasileiros não derem um salto na renda até 2050, podem nunca alcançar o clube dos países ricos, envelhecendo antes de enriquecer.

José Eustáquio Diniz Alves
Doutor em demografia, link do CV Lattes:
http://lattes.cnpq.br/2003298427606382

 

Referência:
ALVES, JED. Demografia e Economia nos 200 anos da Independência do Brasil e cenários para o século XXI (com a colaboração de GALIZA, F), ENS, maio de 2022
https://ens.edu.br:81/arquivos/Livro%20Demografia%20e%20Economia_digital_2.pdf

 

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 01/08/2022

NÚMERO DE PESSOAS COM MENOS DE 30 ANOS NO PAÍS CAI 5,4% DE 2012 A 2021.

Número de pessoas com menos de 30 anos no país cai 5,4% de 2012 a 2021

A população do Brasil está mais velha. Entre 2012 e 2021, o número de pessoas abaixo de 30 anos de idade no país caiu 5,4%, enquanto houve aumento em todos os grupos acima dessa faixa etária no período

  • Resumo

  • O número de pessoas abaixo de 30 anos de idade no país caiu 5,4%, entre 2012 e 2021. No mesmo período, a população brasileira cresceu 7,6%, chegando a 212,7 milhões em 2021.
  • O grupo etário com 30 anos ou mais representava 56,1% da população do país em 2021, percentual que era de 50,1% em 2012.
  • Em dez anos, a proporção de unidades domésticas unipessoais (com apenas um morador) passou de 12,2% para 14,9% do total. Os homens eram 56,6% das pessoas que moram sozinhas.
  • Entre 2012 e 2021, cresceram as participações das pessoas autodeclaradas pretas (de 7,4% para 9,1%) e pardas (de 45,6% para 47,0%) na população do país. Já a participação dos que se declaram brancos caiu de 46,3% para 43,0%.
  • Em dez anos, a população que se declarou preta cresceu 32,4% e a parda, 10,8%, taxas superiores ao crescimento da população total do país (7,6%). Já a população que se declarou branca ficou estável.
  • Em dez anos, a parcela de pessoas com 60 anos ou mais passou de 11,3% para 14,7% da população.
  • A razão de dependência dos jovens caiu de 34,4 para 29,9 crianças e adolescentes por cada 100 pessoas em idade potencialmente ativas, de 2012 a 2021. Já a razão de dependência dos idosos, no mesmo período, aumentou de 11,2 para 14,7.
  • A região Norte tinha a maior concentração dos grupos de idade mais jovens em 2021: cerca de 30,7% da sua população tinham menos de 18 anos.
  • Em 2021, o país tinha 95,6 homens para cada 100 mulheres residentes. O Norte foi a única região com maior concentração de homens (102,3 para cada 100 mulheres).
#PraCegoVer A foto mostra pessoas atravessando uma rua, na faixa de pedestres e ao fundo, muitas árvores.
Em dez anos, a população do Brasil cresceu 7,6% – Foto: Helena Pontes/Agência IBGE Notícias

 

A população do Brasil está mais velha. Entre 2012 e 2021, o número de pessoas abaixo de 30 anos de idade no país caiu 5,4%, enquanto houve aumento em todos os grupos acima dessa faixa etária no período. Com isso, pessoas de 30 anos ou mais passaram a representar 56,1% da população total em 2021. Esse percentual era de 50,1% em 2012, início da série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – Características Gerais dos Moradores. Os dados foram divulgados hoje (22) pelo IBGE.

A população total do país foi estimada em 212,7 milhões em 2021, o que representa um aumento de 7,6% ante 2012. Nesse período, a parcela de pessoas com 60 anos ou mais saltou de 11,3% para 14,7% da população. Em números absolutos, esse grupo etário passou de 22,3 milhões para 31,2 milhões, crescendo 39,8% no período.  

“Os dados mostram a queda de participação da população abaixo de 30 anos e, também, dessa população em termos absolutos. Essa queda é um reflexo da acentuada diminuição da fecundidade que vem ocorrendo no país nas últimas décadas e que já foi mostrada em outras pesquisas do IBGE”, observa o analista da pesquisa, Gustavo Fontes. O número de pessoas abaixo de 30 anos no país passou de 98,7 milhões, em 2012, para 93,3 milhões, no ano passado.

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O pesquisador explica que as estimativas de sexo e classes de idade para Brasil, por ser alinhada com as Projeções Populacionais, ainda não incorporam os efeitos da pandemia, como a queda no número de nascimentos e o aumento dos óbitos. “Com os resultados do Censo 2022, esses parâmetros serão atualizados”, diz. A coleta do Censo começa no dia 1º de agosto.

A pesquisa também apontou a razão de dependência demográfica da população do país, medida que ajuda a compreender o peso do segmento etário considerado economicamente dependente sobre o grupo potencialmente ativo. A razão de dependência pode ser separada em dois grupos etários considerados dependentes economicamente: o de crianças e adolescentes (de 0 a 14 anos) e o das pessoas de 65 anos ou mais de idade.

Com o envelhecimento da população, os resultados desse indicador vêm mudando nos últimos anos. A razão de dependência de jovens passou de 34,4 crianças e adolescentes por 100 pessoas em idade potencialmente ativas, em 2012, para 29,9, em 2021. Já a razão de dependência dos idosos aumentou de 11,2 para 14,7 no mesmo período.

“É uma mudança na estrutura etária da população brasileira, que reflete a queda no número de jovens e o aumento de idosos. Esse indicador revela a carga econômica desses grupos sobre a população com maior potencial de exercer atividades laborais. Sabemos que há idosos ativos no mercado de trabalho, além de pessoas em idade de trabalhar que estão fora da força. Mas o indicador é importante para sinalizar a potencial necessidade de redirecionamento de políticas públicas, inclusive relativas a previdência social e saúde”, avalia Fontes.

Em 2021, a região Norte tinha a maior concentração dos grupos de idade mais jovens. Cerca de 30,7% da sua população tinham menos de 18 anos. Em seguida, vem o Nordeste (27,3%). Mas tanto o Norte quanto o Nordeste tiveram maior redução da população com essa faixa etária quando comparados às demais regiões.

Já as pessoas com 60 anos ou mais estão mais concentradas no Sudeste (16,6%) e no Sul (16,2%). Por outro lado, apenas 9,9% dos residentes do Norte são idosos. Na comparação com 2012, a participação da população idosa cresceu em todas as grandes regiões. Entre os estados, aqueles com maior concentração de idosos são Rio de Janeiro (19,1%) e Rio Grande do Sul (18,6%). Já Roraima tem a menor participação desse grupo etário em sua população (7,7%).

Nesses dez anos, o Centro-Oeste teve o maior aumento populacional (13,0%), seguido pelo Norte (12,9%). No entanto, as duas regiões mantiveram as menores participações na população total (7,8% e 8,7%, respectivamente). Já o Sudeste, região mais populosa, aumentou seu contingente em 7,3% e passou a concentrar 42,1% da população em 2021. O Nordeste, por outro lado, teve o menor crescimento populacional no período (5,1%) e concentrava 27,1% da população do país.

Cresce participação das pessoas pretas e pardas na população do país

Entre 2012 e 2021, a participação da população que se declara branca caiu de 46,3% para 43,0%. No mesmo período, houve crescimento da participação das pessoas autodeclaradas pretas (de 7,4% para 9,1%) e pardas (de 45,6% para 47,0%). Desde 2015, segundo a PNAD Contínua, a maior parte da população residente no país é a dos que se declaram pardos.  

Em dez anos, a população preta cresceu 32,4% e a parda, 10,8%, ambas com aumento superior ao da população do total do país (7,6%). Já a população branca ficou estável. 

O Nordeste tinha a maior proporção de pessoas declaradas pretas, com 11,4%, seguido do Sudeste (9,6%) e Centro-Oeste (8,7%). A Bahia (21,5%) e o Rio de Janeiro (14,2%) foram os estados com maior concentração de pessoas pretas. Já as regiões que mais concentravam a população parda foram Norte (73,4%), Nordeste (63,1%) e Centro-Oeste (55,8%).

No Sul (75,1%) e no Sudeste (50,7%), havia predomínio de brancos, enquanto o Norte apresentava a menor estimativa dessa população: 17,7%.

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Em dez anos, cresce percentual de pessoas que moram sozinhas

Em 2021, havia 72,3 milhões de domicílios particulares permanentes no país, contra 61,5 milhões em 2012. Nesses domicílios, o arranjo mais frequente era o nuclear, estrutura composta por um único núcleo, seja formado por um casal com ou sem filhos ou enteados ou pelas chamadas famílias monoparentais, quando somente a mãe ou o pai criam os filhos, sem a presença do outro cônjuge.

Ainda em 2021, as unidades domésticas com arranjo nuclear correspondiam a 68,2% do total, percentual próximo ao de 2012. Nesse período, a proporção de unidades domésticas unipessoais (com apenas um morador) passou de 12,2% para 14,9% do total. Entre as pessoas que moram sozinhas, os homens eram maioria (56,6%). A participação das mulheres nesse tipo de arranjo domiciliar era maior no Sudeste (46,4%) e no Sul (46,5%), enquanto no Norte era de apenas 32,7%.

Além disso, a pesquisa aponta outras diferenças entre pessoas que moram sozinhas. “Há um padrão etário. Das mulheres que moram sozinhas, cerca de 60% são idosas, enquanto os homens que moram sozinhos são, em média, mais jovens”, avalia o pesquisador.

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Mulheres são 51,1% da população do país

Em 2021, as mulheres representavam 51,1% da população do país, totalizando 108,7 milhões, enquanto os homens correspondiam a 48,9% (103,9 milhões). Em dez anos, não houve diferença significativa nessas participações.

A razão de sexo, quociente entre o número de pessoas do sexo masculino e do feminino, indicou a existência de 95,6 homens para cada 100 mulheres residentes no país. Esse número é similar ao verificado em 2012. Mas há diferenças regionais: o Norte é a única região em que há maior concentração de homens (102,3 para cada 100 mulheres). No Nordeste, há a maior participação feminina (93,9 homens para cada 100 mulheres).

O pesquisador aponta que essa diferença pode ter origem nos fluxos migratórios. “Além da diferença de mortalidade, isso pode ter relação com os padrões de migração. Um dos fatores que pode influenciar é o tipo de atividade econômica exercida em cada região. Nas fronteiras agrícolas e minerais, por exemplo, o tipo de trabalho atrai mais a mão de obra masculina”, diz.

Há uma tendência de queda da razão de sexo com o aumento da idade. Entre as pessoas de 25 a 29 anos, o número de homens e mulheres era similar: cada um representava 4,0% da população total. Mas a proporção de mulheres era superior à dos homens em todos os grupos de idade a partir de 30 anos. Na faixa de 60 anos ou mais, eram 78,8 homens para cada 100 mulheres.

“A população masculina tem um padrão mais jovem. Nascem mais homens do que mulheres, mas essa diferença vai diminuindo à medida que a idade avança, já que a mortalidade tende a ser maior entre eles”, explica Gustavo Fontes. Essa maior participação feminina nos grupos acima de 30 anos pode ser observada na pirâmide etária, que também mostra o alargamento do topo e o estreitamento da base, explicados pelo envelhecimento populacional. 

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Fonte: IBGE

 

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 23/07/2022

ESTUDO REVELA CONEXÃO ENTRE TAXAS DE CÂNCER E FUMIGAÇÃO DE AGROTÓXICOS.

 pulverização de agrotóxicos

Crédito: Tamina Miller/Flickr , CC BY-NC 2.0

Estudo revela conexão entre taxas de câncer e fumigação de agrotóxicos

Análise de dados de 11 estados do oeste dos EUA encontrou taxas mais altas de câncer em pessoas que vivem em áreas com alto controle de pragas baseado em fumigação.

Por Rachel Fritts*, EOS

Em todo o mundo, os agricultores a cada ano cobrem seus campos com centenas de milhões de quilos de herbicidas, inseticidas, fungicidas e fumigantes. Esses tratamentos químicos cuidam efetivamente de pragas que danificam as plantações, mas muitos têm efeitos colaterais negativos para pessoas e outros animais no ecossistema. 

Ao longo do último meio século, muitos pesticidas, como o DDT , foram proibidos por causa de seus impactos na saúde e no meio ambiente. No entanto, os agricultores nos Estados Unidos ainda usam dezenas de produtos químicos que foram proibidos em outros países.

Estudos anteriores encontraram uma ligação provável entre as taxas de câncer e alguns dos pesticidas ainda aplicados hoje. A maior parte desta pesquisa, no entanto, concentrou-se em estudos de caso específicos de trabalhadores agrícolas expostos. José et ai. estudar como simplesmente estar em risco de exposição a pesticidas afeta a saúde das pessoas. A equipe analisou dados de câncer e pesticidas nos 11 estados mais ocidentais dos EUA para ver se alguma conexão poderia surgir entre as taxas mais altas de câncer e o uso de certos tipos de produtos químicos agrícolas.

O estudo revelou uma conexão entre as taxas de câncer e fumigantes. Quanto maior a massa de fumigantes aplicada em uma região, maior a taxa de câncer pediátrico. Dois fumigantes de solo amplamente utilizados – metam sódio e metam potássio – também foram associados a uma maior prevalência geral de câncer. A influência cancerígena dos sais de metam pode acontecer após sua aplicação no solo, quando se decompõem em produtos químicos mais tóxicos e se espalham pelo ar. Por outro lado, os pesquisadores não encontraram uma conexão entre o risco de câncer e a quantidade de herbicida aplicada.

Embora os resultados deste estudo representem apenas correlações, eles demonstram a necessidade de mais investigações, segundo os autores. Esses resultados podem ser usados ​​para identificar áreas no oeste que requerem mais atenção à saúde pública. Os autores também sugerem que estudos futuros devem investigar a ligação entre o metam, os produtos químicos em que se decompõe e o câncer. ( GeoSaúde , https://doi.org/10.1029/2021GH000544 , 2022)

—Rachel Fritts, Escritora de Ciências

Referência:

Fritts, R. (2022), Living near fumigant-using farms could increase cancer risk, Eos, 103, https://doi.org/10.1029/2022EO220326. Published on 18 July 2022.

 

Henrique Cortez *, tradução e edição.

 

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 18/07/2022

COMÉRCIO DE BARBATANA COLOCA DOIS TERÇOS DAS ESPÉCIES DE TUBARÃO EM RISCO DE EXTINÇÃO.

 Comércio de barbatana coloca dois terços das espécies de tubarão em risco de extinção

Mais de 70% das espécies que acabam no comércio global de barbatanas de tubarão estão em risco de extinção – e os tubarões que vivem mais perto de nossas costas podem ser a maior preocupação de conservação, de acordo com uma nova pesquisa.

Por Ângela Nicoletti*, Florida International University

Uma equipe de cientistas internacionais dos EUA e da China amostraram 9.820 aparas de barbatanas de mercados em Hong Kong – um dos maiores centros de comércio de barbatanas de tubarão do mundo. Com um pouco de trabalho de detetive de DNA, eles desvendaram o mistério de quais barbatanas pertenciam a qual espécie de tubarão. No total, eles encontraram 86 espécies diferentes. Sessenta e um deles, mais de dois terços, estão ameaçados de extinção. A pesquisa foi recentemente publicada na revista Conservation Letters .

“A sobrepesca é provavelmente a causa imediata das tendências de declínio que estamos vendo nas populações de tubarões e raias em todo o mundo”, disse  Diego Cardeñosa , pesquisador de pós-doutorado da FIU e principal autor do estudo. “O fato de encontrarmos tantas espécies ameaçadas de extinção no comércio global de barbatanas de tubarão é um sinal de alerta que nos diz que o comércio internacional pode ser o principal motor da pesca insustentável.”

A Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) avaliou os tubarões – e seus parentes, as raias e as quimeras – em 2021 e descobriu que cerca de um terço de todas as espécies estavam ameaçadas. Os resultados deste novo estudo indicam que as espécies desse comércio são muito mais propensas a estar em categorias ameaçadas.

diegomarket.jpgO pesquisador de pós-doutorado da FIU Diego Cardeñosa com aparas de barbatanas. (Crédito: Stan Shea)

Por quase uma década, Demian Chapman – Diretor do Programa de Conservação de Tubarões e Arraias do Mote Marine Laboratory & Aquarium e Professor Adjunto da FIU – liderou a equipe colaborativa, que inclui Cardeñosa, para rastrear e monitorar o comércio global de barbatanas de tubarão.

Até o momento, eles realizaram testes de DNA em cerca de 10.000 pequenos pedaços retirados de barbatanas importadas processadas, vendidas em mercados de Hong Kong e sul da China. O projeto é em colaboração com a BLOOM Association Hong Kong e Kadoorie Farm & Botanic Garden . O objetivo da equipe é entender melhor quais espécies são comercializadas e quão comuns elas são. Ao acompanhar isso ao longo do tempo, eles poderão informar os tomadores de decisão sobre o desempenho de várias medidas de gerenciamento.

O estudo descobriu que as espécies comuns que acabam no comércio de barbatanas são os tubarões de oceano aberto, ou tubarões pelágicos, como os tubarões azuis e sedosos. No entanto, o maior número de espécies no comércio vive em áreas costeiras, incluindo tubarões de pontas pretas, pardos, rotadores e de banco de areia. Os pesquisadores alertam que sem manejo muitas das espécies costeiras podem se extinguir. Três espécies costeiras já estão extintas – todas em nações que não regulamentavam a pesca de tubarões.

conl12910-fig-0001-m.jpgA contribuição relativa das 10 principais espécies para as barbatanas de tubarão amostradas em Hong Kong.

“Algumas nações estão protegendo ou pescando de forma sustentável os tubarões e seus parentes, mas a maioria não está por várias razões”, disse Chapman. “Muitos dos tubarões costeiros que encontramos no comércio – como rabo pequeno, barbatana larga, tubarão de bochecha branca e várias espécies de tubarão de caça, tubarão de rio e pequenas espécies-martelo – estão listados como Ameaçados ou Criticamente Ameaçados e, no entanto, não há regulamentos que os protejam em qualquer lugar do mundo. seu alcance. A menos que os governos relevantes respondam com a gestão em breve, é provável que experimentemos uma onda de extinções entre tubarões e raias costeiras.”

Uma maneira de incentivar um melhor manejo de espécies é listá-las sob a Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas de Fauna e Flora Selvagens (CITES) – um acordo internacional que visa proteger animais e plantas da superexploração impulsionada pelo comércio internacional.

A 19ª reunião da Conferência  das Partes (CoP19) da CITES acontece em novembro. Este estudo fornecerá evidências importantes para as deliberações, trazendo a situação dos tubarões costeiros à atenção dos governos e mostrando que apenas uma pequena porcentagem do comércio geral de barbatanas de tubarão está atualmente regulamentada pela Convenção.

“Na próxima CITES CoP19, os governos apresentaram propostas que trariam a grande maioria dos tubarões comercializados por suas barbatanas sob os controles de sustentabilidade da convenção, ação que foi informada pelas descobertas deste estudo. Estamos encorajados a ver os governos da CITES igualarem seu nível de ambição ao nível de ameaça observado para tubarões e raias em todo o mundo, com as listagens da CITES um forte impulsionador para uma melhor gestão doméstica da pesca de tubarões”, disse o Diretor de Conservação de Tubarões e Arraias da Wildlife Conservation Sociedade Luke Warwick.

Se essas propostas forem adotadas, as nações seriam obrigadas a garantir que qualquer exportação de espécies listadas seja legal, rastreável e sustentável.

“Há uma onda de ações de gestão que as nações podem tomar para controlar a pesca costeira de tubarões e evitar essa crise de extinção”, disse Chapman. “Desde a troca de equipamentos de pesca, a criação de áreas protegidas, a limitação da captura, as soluções estão lá fora.”

“Muitas dessas espécies costeiras estão nas categorias de maior risco de extinção. A próxima categoria é a extinção”, disse Cardeñosa. “Não podemos permitir que isso aconteça.”

Esta pesquisa foi apoiada pelo Shark Conservation Fund, o Pew Charitable Trusts, o Pew Fellowship Program e a Roe Foundation.

Referência:

Cardeñosa, D., Shea, S. K., Zhang, H., Fischer, G. A., Simpfendorfer, C. A., & Chapman, D. D. (2022). Two thirds of species in a global shark fin trade hub are threatened with extinction: Conservation potential of international trade regulations for coastal sharks. Conservation Letters, 00, e12910. https://doi.org/10.1111/conl.12910

 

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 19/07/2022

COMPREENDA A RELAÇÃO ENTRE O AQUECIMENTO GLOBAL E O AUMENTO DO NÍVEL DO MAR.

 

degelo no Ártico

Compreenda a relação entre o aquecimento global e o aumento do nível do mar

A velocidade com que o gelo está desaparecendo em todo o planeta está se acelerando, de acordo com novas pesquisas. E as descobertas também revelam que a Terra perdeu 28 trilhões de toneladas de gelo entre 1994 e 2017 – o equivalente a uma camada de gelo de 100 metros de espessura cobrindo todo o Reino Unido

O derretimento do gelo em todo o mundo eleva o nível do mar, aumenta o risco de inundações para as comunidades costeiras e ameaça destruir os habitats naturais dos quais a vida selvagem depende.

É um tema importante e urgente. No caso do Brasil, cerca de 26% da população brasileira vive em regiões costeiras, que serão gravemente impactadas pelo aumento do nível do mar.

Em razão disso, para melhor compreensão do tema, selecionamos conteúdos publicados pelo EcoDebate, no último ano, que permitem entender melhor a relação entre o aquecimento global e o aumento do nível do mar.

Henrique Cortez, editor

Nível do mar pode subir até 30 centímetros até 2050, segundo relatório interagências

Aumento do nível do mar acelera a submersão costeira em todo o mundo

Mudanças climáticas – comunidades costeiras devem planejar a retirada de áreas de risco

Inundações na maré alta nos EUA mostram rápidos aumentos

Mudanças climáticas: Estudo projeta aumento nas inundações costeiras, começando em 2030

Níveis extremos do mar se tornam muito mais comuns à medida que a Terra se aquece

Mudança climática acelera a vulnerabilidade global ao aumento do nível do mar

Colapso do manto de gelo da Antártica Ocidental é inevitável com aquecimento acima de 2°C

Eventos climáticos extremos e seus principais impactos

Degelo extremo na Groenlândia aumenta o risco de inundação global

Impactos da perda de gelo nas geleiras de montanha

Recorde máximo de temperatura e de degelo na Antártida

Não consegue ‘ver’ o aumento do nível do mar? Você está procurando no lugar errado

Nível do mar pode subir mais de 1 metro até 2100 se as metas de emissão não forem cumpridas, revela pesquisa internacional

Mudanças climáticas: inundações costeiras podem ameaçar até 20% do PIB global

Aumento do nível do mar pode elevar os lençóis freáticos interiores

Aumento do degelo, na Groenlândia e na Antártica, combina com os piores cenários de aquecimento climático

Quanto o degelo polar adicionará ao aumento do nível do mar?

Degelo global já segue os piores cenários de aquecimento climático

O nível do mar sobe até quatro vezes a média global para as comunidades costeiras

A elevação do nível do mar e o impacto no litoral brasileiro

Antártida: Derretimento da geleira Thwaites pode ter efeito devastador no nível global do mar

Aquecimento acima da meta do Acordo de Paris pode causar aumento catastrófico do nível do mar

Estudo indica o aumento irreversível do nível do mar se o acordo de Paris não for atingido

 

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 17/07/2022