Economia circular e a produção de alimentos, por Adriana Madeira e Nelson Roberto Furquim
Buscar sustentabilidade e se preparar para a economia circular tanto no agronegócio quanto na indústria de alimentos e bebidas é muito mais do que apenas se preocupar com o meio ambiente
A Indústria 4.0, também conhecida como a Quarta Revolução Industrial, contempla um sistema de tecnologias refinadas e avançadas, que estão provocando mudanças substanciais nas formas de produzir e nos modelos de negócios, tanto no Brasil quanto no cenário internacional. Alguns exemplos dessas tecnologias são a inteligência artificial, a robótica, a internet das coisas e computação em nuvem, dentre outros.
A Indústria 4.0 está progredindo de forma substancial e passa a favorecer uma produção mais alinhada em termos de economia circular e produção mais limpa, visando negócios e resultados mais éticos, com exatidão, precisão e eficiência.
No agronegócio como um todo e mais especificamente ao setor de alimentos, o combate às perdas e ao desperdício de alimentos requer um olhar diferenciado voltado para as práticas operacionais, produtivas e de consumo, acarretando mudanças em toda a sua cadeia da produtiva.
Uma das principais mudanças relaciona-se a transformar as perdas e o desperdício de alimentos, ou qualquer tipo de resíduo alimentar, em algo útil novamente e reintroduzi-lo na cadeia de valor. E este conceito é a base do pensamento da Economia Circular.
Portanto, buscar sustentabilidade e se preparar para a economia circular tanto no agronegócio quanto na indústria de alimentos e bebidas é muito mais do que apenas se preocupar com o meio ambiente. Também pode contemplar uma maneira de aumentar a afinidade da marca com seus clientes, gerar economia de investimentos e minimizar perdas e descartes.
Quando implementada da maneira correta, a economia circular na indústria de alimentos e bebidas leva a redução de desperdícios, auxilia na eficiência dos processos, traz contribuições para o uso mais inteligente de energia e outros recursos produtivos, podendo impulsionar inovações, agregando valor ao negócio, além de gerar vantagem competitiva aos produtos e serviços oferecidos.
Sendo assim, torna-se imprescindível a migração das configurações de manufatura tradicionais em manufatura inteligente, favorecendo o nível de adaptabilidade, confiabilidade e flexibilidade das empresas, levando a resultados com alta qualidade, decorrentes de produção de baixo custo e um melhor alinhamento com os conceitos básicos de economia circular.
Como saída, empresas poderão voltar-se mais para a venda de serviços, mesmo tendo sua origem como manufaturas, conforme aponta Catherine Weetman (2019). No transporte privado por exemplo, pode-se transformar um produto (veículos) em um serviço (transporte), trazendo benefícios para área de logística, economia de combustível, menor geração de poluição, utilização de mão de obra, permitindo a utilização de produtos e estoques, sem necessariamente ter que adquiri-los.
Uma mudança de modo produtivo associada a mudança de percepção de valor por parte do cliente.
Adriana Madeira é pós-doutora em Administração pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo, FEA-USP. É professora do Centro de Ciências Sociais e Aplicadas (CCSA) da Universidade Presbiteriana Mackenzie e membro do Grupo de Extensão AgriMack- Mackenzie Agribusiness, organizado pelo Centro Mackenzie de Liberdade Econômica.
Nelson Roberto Furquim é Engenheiro de Alimentos. Docente do Centro de Ciências Sociais e Aplicadas (CCSA) da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Coordenador do Grupo de Extensão AgriMack- Mackenzie Agribusiness organizado pelo Centro Mackenzie de Liberdade Econômica.
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 17/12/2021
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